Ciência

Astrônomos observam buraco negro 'despertar' em tempo real pela 1ª vez

Astrônomos testemunham o "despertar" do buraco negro Ansky, emitindo erupções de raios X em intervalos quase regulares

Buraco negro Ansky: cientistas observam fenômeno histórico com erupções quase periódicas de raios X (Elen11/Getty Images)

Buraco negro Ansky: cientistas observam fenômeno histórico com erupções quase periódicas de raios X (Elen11/Getty Images)

Raphaela Seixas
Raphaela Seixas

Estagiária de jornalismo

Publicado em 14 de abril de 2025 às 11h53.

Em um marco histórico para a astronomia, cientistas testemunharam um evento inédito: o "despertar" de um buraco negro supermassivo em tempo real.

Localizado no centro da galáxia SDSS1335+0728, a cerca de 300 milhões de anos-luz da Terra, esse gigante cósmico, apelidado de Ansky, está emitindo intensas explosões de raios X em intervalos quase regulares, fascinando a comunidade científica.

Os primeiros sinais de atividade de Ansky foram detectados em 2019, quando cientistas observaram flashes luminosos e emissões de raios-x inéditas.

Desde então, o buraco negro tem sido monitorado de perto por telescópios espaciais como o XMM-Newton da Agência Espacial Europeia e os telescópios Chandra e Swift da Nasa.

Em fevereiro de 2024, foi confirmado que Ansky havia se tornado ativo, recebendo a classificação de núcleo galáctico ativo (AGN).

O que é o "despertar" do buraco negro

O despertar de um buraco negro supermassivo refere-se ao momento em que esse gigantesco objeto cósmico, geralmente inativo, começa a mostrar sinais de atividade intensa.

Isso ocorre quando o buraco negro começa a engolir grandes quantidades de matéria, como gás e poeira, em seu entorno, liberando enormes quantidades de energia na forma de radiação, incluindo raios X e luz visível.

Erupções quase periódicas (QPEs)

O comportamento de Ansky é caracterizado por erupções quase periódicas (QPEs), um fenômeno explosivo que nunca havia sido observado com tanta clareza.

Essas erupções são 10 vezes mais longas e luminosas do que as típicas, liberando cem vezes mais energia do que eventos similares já registrados.

A cadência dessas erupções, ocorrendo a cada 4 a 5 dias, desafia os modelos atuais sobre como esses flashes são gerados.

Este evento oferece uma oportunidade única para os astrônomos estudarem o comportamento de um buraco negro em tempo real, ajudando a entender melhor como esses objetos cósmicos alternam entre fases de inatividade e atividade.

A observação de Ansky pode trazer respostas sobre o que desencadeia a atividade desses gigantescos objetos, contribuindo significativamente para a evolução da astrofísica.

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