Trump quer "uma bandeira em Marte", disse o chefe da exploração espacial humana da Nasa (AFP/AFP)
AFP
Publicado em 16 de julho de 2019 às 11h35.
Há 50 anos, em 16 de julho de 1969, três astronautas americanos decolaram da Flórida rumo à Lua em uma missão que mudaria a forma como a humanidade concebe seu lugar no Universo.
Dois dos três tripulantes, Buzz Aldrin e Michael Collins, se encontram nesta terça-feira na mesma plataforma de lançamento, em uma cerimônia que marcará o início de uma semana de comemorações da missão Apolo 11.
Seu comandante, o primeiro homem a pisar na lua, Neil Armstrong, morreu em 2012.
Mas Aldrin e Collins, 89 e 88 anos, respectivamente, estarão na plataforma 39A do Kennedy Space Center exatamente às 9h32 (10h32 de Brasília), para lembrar o momento em que decolaram há meio século.
Sua espaçonave levou quatro dias para chegar à Lua antes que o módulo lunar, conhecido como "Eagle", tocasse a superfície do satélite em 20 de julho de 1969.
Armstrong deixou a cápsula e às 02h56 GMT. Em 21 de julho de 1969, à noite nos Estados Unidos, e de madrugada na Europa, ele pisou na lua.
Collins permaneceu em órbita lunar no módulo de comando Columbia, o único meio de transporte que os astronautas tinham para retornar à Terra.
"Eles sabiam, eu sabia, que se não conseguissem decolar por alguma razão, eu não poderia fazer nada a respeito. A Columbia não tinha nenhum trem de pouso, eu não poderia descer e resgatá-los", contou aos jornalistas em maio passado.
Aldrin tem sido relativamente mais esquivo com a imprensa, embora tenha participado de alguns eventos como uma festa de gala no último sábado na Califórnia, para a qual a entrada mais barata custava US$ 1.000.
Ativo no Twitter e sempre usando meias com a bandeira americana, Aldrin sofreu problemas de saúde e familiares que culminaram em março passado com uma trégua na disputa judicial com seus filhos sobre suas finanças.
Nesta terça-feira, Aldrin será a estrela do evento por ser o segundo homem a pisar na Lua.
Apenas quatro dos 12 homens que viajaram para a Lua durante as missões Apolo ainda estão vivos.
Estas celebrações, no entanto, revelam uma realidade: nem os Estados Unidos nem qualquer outro país foi capaz de retornar à Lua desde 1972, ano da última missão Apolo. Desde então, apenas máquinas pisaram no solo lunar.
Uma volta à Lua enfrenta um Congresso que não tem interesse em alocar enormes fortunas nesse projeto e uma opinião pública que mudou consideravelmente desde a Guerra Fria.
Mas o presidente Donald Trump novamente lançou a ideia de reconquistar a Lua e retomou o projeto de explorar Marte, depois de assumir o cargo em 2017. O efeito imediato dessas decisões criaram uma certa turbulência na agência espacial da NASA.
Na semana passada, o administrador da NASA indicado por Trump, Jim Bridenstine, demitiu o chefe da exploração espacial humana Bill Gerstenmaier, aparentemente por desacordos sobre o ultimato dado pelo presidente para retornar à Lua antes de 2024.
Cinco anos parece um tempo insuficiente para desenvolver essa missão, já que nem o foguete, nem a cápsula para pousar, nem os trajes espaciais estão acabados.
"Nós não temos tempo a perder, se vamos ter uma nova liderança, isso tem que acontecer agora", disse Bridenstine ao canal CSPAN na semana passada.
Trump também causou problemas ao tuitar mandando a NASA parar de falar sobre a Lua e se concentrar em Marte.
O presidente republicano quer "uma bandeira em Marte", disse Bridenstine.
Oficialmente, o ano desejado é 2033, mas muitos especialistas acreditam que a data não é realista.
"Estamos trabalhando na criação de um plano para Marte", disse Bridenstine na segunda-feira.
"Eu não quero dizer que 2033 é impossível, de forma alguma, mas, por enquanto, a prioridade é a Lua", concluiu.