Ciência

AstraZeneca: voluntária que teve reação adversa recebeu alta e passa bem

Farmacêutica AstraZeneca suspendeu os testes em estágio final de sua vacina contra covid-19 após uma suspeita de reação adversa séria

Vacinas: informações foram dadas pelo CEO da farmacêutica, Pascal Soriot, durante uma conferência privada com investidores (Reuters/Reuters)

Vacinas: informações foram dadas pelo CEO da farmacêutica, Pascal Soriot, durante uma conferência privada com investidores (Reuters/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de setembro de 2020 às 17h17.

Última atualização em 10 de setembro de 2020 às 18h03.

O participante dos testes clínicos da vacina contra a covid-19 da Universidade de Oxford e AstraZeneca que desenvolveu uma reação adversa grave é uma mulher que estava no grupo de voluntários que, de fato, recebeu o imunizante em testes, e não o placebo. As informações foram dadas pelo CEO da farmacêutica, Pascal Soriot, durante uma conferência privada com investidores, segundo revelou o site Stat News, portal americano especializado em notícias de ciência e saúde.

O executivo também teria confirmado que a voluntária manifestou um problema neurológico conhecido como mielite transversa, mas disse que ela já teve alta e passa bem. A intercorrência motivou a suspensão dos testes clínicos da vacina para que um comitê independente avalie se a doença foi causada pelo produto experimental.

Ao Estadão, a assessoria de imprensa da AstraZeneca no Brasil confirmou que a voluntária faz parte do grupo que tomou a vacina em teste, mas disse não poder revelar mais detalhes sobre o perfil da participante pela confidencialidade exigida nos estudos.

Ainda de acordo com o Stat News, Soriot afirmou que é a segunda vez que os testes são interrompidos pela manifestação de sintomas neurológicos em participantes. Na primeira pausa, os pesquisadores concluíram que o voluntário manifestou esclerose múltipla sem reação com a imunização.

A vacina de Oxford está sendo testada no Brasil em cerca de 5.000 pessoas. Participam ainda dos estudos os Estados Unidos e a África do Sul, além do Reino Unido, primeiro país a testar o produto. O estudo brasileiro, iniciado em junho, está sendo coordenado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A instituição informou que não foram registrados eventos adversos em participantes brasileiros.

Já há acordo firmado entre o Ministério da Saúde e a AstraZeneca para que o imunizante seja produzido no país após uma eventual aprovação. A fabricação seria possível graças a uma parceria para transferência de tecnologia para a Fiocruz.

A corrida pela cura

Nunca antes foi feito um esforço tão grande para a produção de uma vacina em um prazo tão curto — algumas empresas prometem que até o final do ano ou no máximo no início de 2021 já serão capazes de entregá-la para os países. A vacina do Ebola, considerada uma das mais rápidas em termos de produção, demorou cinco anos para ficar pronta e foi aprovada para uso nos Estados Unidos, por exemplo, somente no ano passado.

Uma pesquisa aponta que as chances de prováveis candidatas para uma vacina dar certo é de 6 a cada 100 e a produção pode levar até 10,7 anos. Para a covid-19, as farmacêuticas e as companhias em geral estão literalmente correndo atrás de uma solução rápida.

Quais são as fases de uma vacina?

Para uma vacina ou medicação ser aprovada e distribuída, ela precisa passar por três fases de testes. A fase 1 é a inicial, quando as empresas tentam comprovar a segurança de seus medicamentos em seres humanos; a segunda é a fase que tenta estabelecer que a vacina ou o remédio produz, sim, imunidade contra um vírus, já a fase 3 é a última fase do estudo e tenta demonstrar a eficácia da droga.

Uma vacina é finalmente disponibilizada para a população quando essa fase é finalizada e a proteção recebe um registro sanitário. Por fim, na fase 4, a vacina ou o remédio é disponibilizado para a população.

Com isso, as medidas de proteção, como o uso de máscaras, e o distanciamento social ainda precisam ser mantidas. A verdadeira comemoração sobre a criação de uma vacina deve ficar para o futuro, quando soubermos que a imunidade protetora realmente é desenvolvida após a aplicação de uma vacina. Até o momento, nenhuma situação do tipo aconteceu.

Acompanhe tudo sobre:VacinasAstraZenecaCoronavírusPandemiavacina contra coronavírusUniversidade de Oxford

Mais de Ciência

Por que Napoleão foi derrotado na Rússia? Estudo tem novas respostas

IA desenvolve relógio biológico que mede envelhecimento com precisão

Índia investe em 'semeadura de nuvens' para melhorar a qualidade do ar

Meteoro 'bola de fogo' surpreende ao iluminar o céu do Rio Grande do Sul