Ciência

Enhertu: o que é o remédio contra câncer de mama da AstraZeneca

Farmacêutica anglo-sueca divulgou resultados promissores em novo estudo sobre medicamento — e a notícia pode redefinir como a doença é classificada e tratada

Câncer de mama: só em 2020, mais de dois milhões de casos da doença foram diagnosticados pelo mundo (GettyImages/Getty Images)

Câncer de mama: só em 2020, mais de dois milhões de casos da doença foram diagnosticados pelo mundo (GettyImages/Getty Images)

LP

Laura Pancini

Publicado em 22 de fevereiro de 2022 às 06h00.

A farmacêutica AstraZeneca, responsável pela vacina da covid, anunciou nesta segunda-feira, 21, que seu medicamento Enhertu ajudou significativamente mulheres com câncer de mama metastático e baixos níveis de proteína HER2.

De acordo com a companhia anglo-sueca, os resultados da Fase III dos estudos clínicos "oferecem potencial para redefinir como a doença é classificada e tratada". O Enhertu foi capaz de "prolongar a sobrevida das pacientes e retardar a progressão" do câncer.

Apesar da notícia, o medicamento já existe e é comercializado em mais de 40 países há alguns anos. Até agora, seu tratamento era voltado para tipos de câncer com níveis altos da proteína HER2.

Isso porque o Enhertu pertence à classe de terapias chamada conjugados de anticorpo (ADC) e é direcionada às HER2. Os anticorpos são projetados para se ligar às células tumorais e liberar substâncias químicas, que as matam.

Só em 2020, mais de dois milhões de casos da doença foram diagnosticados, resultando em 685.000 mortes pelo mundo. Porém, quase 55% dos pacientes com câncer de mama apresentam baixos níveis de proteína HER2, o que os deixa de fora do tratamento.

A atualização do medicamento feito pela AstraZeneca, em parceria com a farmacêutica japonesa Daiichi Sankyo, se mostrou extremamte positiva. Os pacientes analisados demonstraram "uma melhora estatisticamente e clinicamente significativa" em comparação com a quimioterapia padrão.

Atualmente, a quimioterapia continua sendo a única opção de tratamento tanto para pacientes com tumores RH-positivos após progressão da terapia endócrina (hormonal), quanto para aqueles que são RH-negativos.

Segundo Susan Galbraith, vice-presidente de Pesquisa e Desenvolvimento de Oncologia da AstraZeneca: “As notícias históricas de hoje podem reformular a forma como o câncer de mama é classificado e tratado. Uma terapia dirigida por HER2 nunca antes mostrou um benefício em pacientes com câncer de mama metastático e níveis baixos de HER2”.

Novas pesquisas em mulheres nos estágios iniciais da doença, com níveis de HER2 alto e baixo, devem ser desenvolvidas no futuro, de acordo com Galbraith. Já os resultados da última fase serão apresentados em uma conferência médica em breve.

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