Ciência

AstraZeneca corre para desenvolver vacina contra variante do coronavírus na África do Sul

A adaptação da vacina tem por objetivo proteger contra a variante sul-africana do coronavírus, contra a qual a versão atual deve ter eficácia menor

Vacina de AstraZeneca/Oxford no Brasil: a empresa acredita que pode ter uma vacina mais eficaz contra a variante sul-africana já nos próximos meses (Ricardo Moraes/Reuters)

Vacina de AstraZeneca/Oxford no Brasil: a empresa acredita que pode ter uma vacina mais eficaz contra a variante sul-africana já nos próximos meses (Ricardo Moraes/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de fevereiro de 2021 às 15h38.

Última atualização em 8 de fevereiro de 2021 às 08h26.

A AstraZeneca está trabalhando em um nova versão de sua vacina para combater a nova variante do coronavírus encontrada na África do Sul.

A notícia vem após novos estudos preliminares sugerirem que a vacina atual da AstraZeneca deve ter eficácia menor contra casos leves da variante sul-africana. O governo da África do Sul decidiu neste domingo, 7, paralisar a vacinação com o imunizante até que se tenha mais resultados da eficácia contra a cepa local.

Como preparar os investimentos para a continuidade da pandemia em 2021? Veja as recomendações da EXAME Research

Uma expectativa é que a vacina atual da AstraZeneca seja efetiva para prevenir casos graves de coronavírus e hospitalizações da variante, conforme disse a companhia em um comunicado anterior, mas não todos os casos leves.

Ainda assim, Sarah Gilbert, uma das pesquisadoras líderes do programa da vacina de AstraZeneca/Oxford, disse à BBC que o trabalho para uma nova vacina já está em desenvolvimento. Segundo ela, é "muito provável" que uma vacina contra a nova variante esteja disponível no outono do hemisfério norte (a partir de setembro no calendário do Brasil). "É fácil adaptar a tecnologia", disse.

Os dados oficiais ainda não foram divulgados, mas a pesquisadora confirmou a suposição de que a vacina tem eficácia menor contra a variante da África do Sul. Gilbert, no entanto, disse acreditar na capacidade de que as vacinas atuais, ainda que menos eficazes contra as variantes, possam reduzir casos graves.

Pesquisadores da Universidade de Oxford e da Universidade de Johanesburgo, envolvidos no estudo, deram declarações semelhantes à agência Reuters.

Em estudo divulgado pelo Financial Times na semana passada, a vacina da AstraZeneca se mostrou efetiva contra a variante britânica do coronavírus, mas ainda não há dados precisos sobre as outras cepas. Ainda assim, nenhum dos participantes que contraiu as novas variantes morreu ou foi hospitalizado após ter recebido a vacina da AstraZeneca, em um estudo preliminar com 2.000 pessoas.

"Nós realmente acreditamos que nossa vacina pode proteger contra a forma grave da doença", disse a AstraZeneca em comunicado anterior, após a divulgação dos resultados da semana passado. A empresa afirma também que resultados melhores devem ser obtidos sobretudo caso o intervalo entre a primeira e a segunda dose seja entre 8 e 12 semanas.

Um estudo oficial da AstraZeneca sobre o tema deve ser publicados nesta semana e trazer mais resultados sobre a variante sul-africana (e novos estudos eventualmente devem ser feitos para variantes de outros lugares, como a encontrada em Manaus).

Outras fabricantes observaram que suas vacinas são menos eficazes contra a cepa africana, considerada uma das mais perigosas. As americanas Johnson & Johnson e Novavax já divulgaram que seus imunizantes são menos eficazes contra a cepa da África do Sul.

O desafio era esperado. À Bloomberg, o vice-presidente de pesquisa biofarmacêutica da AstraZeneca, Mene Pangalos, disse que "não ficaremos surpresos em ver eficácia reduzida" para as novas variantes quando os estudos forem concluídos.

Em participação no Fórum Econômico Mundial em Davos, o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que as variantes estavam entre suas maiores preocupações, e que o mundo enfrentará uma corrida a partir de agora.

“Há mais mutações [agora] e haverá mais mutações no futuro. Isso significa que temos que correr o mais rápido possível para vacinar”, disse. “E a partir daí esperar que as empresas fazendo as vacinas agora as modifiquem para acomodar as mutações à medidas que elas se desenvolvem. Essa será nossa vida nos próximos anos. Não acho que podemos evitar isso, mas podemos superar.”

Acompanhe tudo sobre:AstraZenecavacina contra coronavírusVacinas

Mais de Ciência

Há quase 50 anos no espaço e a 15 bilhões de milhas da Terra, Voyager 1 enfrenta desafios

Projeção aponta aumento significativo de mortes por resistência a antibióticos até 2050

Novo vírus transmitido por carrapato atinge cérebro, diz revista científica

Por que a teoria de Stephen Hawking sobre buracos negros pode estar errada