Ciência

AstraZeneca aposta em startup para criar vacinas de RNA mensageiro

Abordagem é próxima geração da tecnologia de RNAm, usada em vacinas do coronavírus; objetivo é desenvolver imunizantes contra covid, câncer e outras doenças

Ampola com vacina da marca "AstraZeneca contra Covid-19 sobre bandeira da União Europeia. (Dado Ruvic/Reuters)

Ampola com vacina da marca "AstraZeneca contra Covid-19 sobre bandeira da União Europeia. (Dado Ruvic/Reuters)

LP

Laura Pancini

Publicado em 24 de setembro de 2021 às 10h41.

A AstraZeneca e uma startup do Imperial College London trabalharão em conjunto para desenvolver uma possível próxima geração da tecnologia de RNA mensageiro para combater o câncer e outras doenças, com oportunidades muito além da covid-19.

A AstraZeneca fará um investimento “considerável” na empresa, chamada VaxEquity, e fornecerá pagamentos de até US$ 195 milhões, financiando até 26 possíveis medicamentos, disse Robin Shattock, professor que lidera a pesquisa no Imperial, em entrevista. A parceria planeja desenvolver terapias e vacinas, usando uma abordagem conhecida como RNA autoamplificador.

“Recebemos o interesse de outras parceiras farmacêuticas, mas acho que o interessante em termos da AstraZeneca é o interesse mais amplo em explorar essa tecnologia, não apenas no campo de doenças infecciosas”, disse Shattock.

A parceria no Reino Unido, com foco também em áreas como câncer e doenças respiratórias, segue a colaboração da farmacêutica com a Universidade de Oxford para desenvolver uma vacina contra a covid com uma tecnologia diferente.

A vacina de vetor viral da AstraZeneca é amplamente usada no mundo todo. Agora, a Astra quer aproveitar o êxito de empresas como Moderna e Pfizer com a tecnologia de RNAm no desenvolvimento de vacinas contra a covid.

“Isso poderia ser aplicado em todas as nossas áreas de terapias”, disse Mene Pangalos, responsável por pesquisa biofarmacêutica da AstraZeneca. “É o próximo grande salto com potencial para transformar ainda mais as plataformas de RNAm se conseguirmos fazer com que funcione.”

Aprendendo com a pandemia

O Imperial trabalha com a nova tecnologia de RNA mensageiro, como Pfizer, BioNTech e Moderna, mas com uma característica de autoamplificação destinada a produzir uma resposta imunológica consistente e forte com uma dose muito menor.

O Imperial entrou na corrida de vacinas contra a covid no início de 2020 mas, depois de ficar para trás, a universidade passou a focar em possíveis reforços, protegendo a população contra novas variantes e  ameaças futuras.

“O que aprendemos com a atual pandemia é que as abordagens de RNA funcionam e podem ser rápidas”, disse Shattock. “O que o RNA autoamplificador traz para a mesa é que, se pudermos enfrentar o desafio de doses muito baixas, isso mudará completamente a produtividade e aumentará o acesso global.”

A VaxEquity foi fundada em 2020 por Shattock, do Imperial, e Morningside Ventures.

A AstraZeneca não é a única a ver oportunidades. A rival britânica GlaxoSmithKline disse no início do ano que havia iniciado um estudo sobre a covid-19 em estágio inicial usando tecnologia de RNAm de autoamplificação.

Enquanto isso, a AstraZeneca espera ter resultados nos próximos dois meses de uma possível vacina contra variantes em desenvolvimento com a Oxford, de acordo com Pangalos. “Esta vacina deve dar uma resposta imunológica mais ampla a essas variantes preocupantes”, disse.

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