Probabilidade de impacto de asteroides: incertezas na órbita geram simulações para estimar risco de colisão (buradaki/Getty Images)
Estagiária de jornalismo
Publicado em 30 de junho de 2025 às 11h36.
Quando um asteroide é detectado próximo da Terra, uma das primeiras perguntas que surgem é: qual a chance real de colisão?
Para responder essa pergunta, cientistas utilizam uma combinação de observações precisas e simulações complexas que transformam dados astronômicos em probabilidades — um processo que envolve medir trajetórias, calcular margens de erro e rodar milhares de cenários para entender se o planeta está no caminho do objeto.
O principal método utilizado é a astrometria, que mede a posição do asteroide em relação às estrelas de fundo, e permite calcular sua órbita com uma margem de erro que pode variar de alguns quilômetros a milhares, dependendo da quantidade e qualidade das observações.
Essa incerteza gera não uma única trajetória exata, mas sim uma “nuvem” ou um feixe de órbitas possíveis, representadas por uma região chamada elipse de erro.
Para estimar a probabilidade de impacto, os cientistas simulam milhares de órbitas dentro dessa elipse de erro. A probabilidade é dada pela fração dessas órbitas que cruzam a Terra. Por exemplo, se em 1.000 simulações, 21 trajetórias resultam em colisão com o planeta, a chance de impacto é de 2,1%.
À medida que mais dados são coletados ao longo do tempo, a elipse de erro diminui, reduzindo a incerteza. Isso pode fazer com que a probabilidade de impacto aumente ou diminua conforme a Terra passa a ocupar uma fração maior ou menor dessa região de incerteza.
No caso do asteroide 2024 YR4, por exemplo, a probabilidade inicialmente aumentou para cerca de 3,1%, depois caiu para valores próximos a zero conforme as observações se acumularam e a trajetória foi refinada.
Além disso, a probabilidade de impacto pode mudar porque diferentes observações têm níveis variados de precisão, e a análise considera todas essas informações para ajustar as previsões. Por isso, as taxas de risco frequentemente oscilam até que a trajetória seja definida com maior certeza.
Esses cálculos são realizados por centros especializados, como o Centro de Estudos de Objetos Próximos à Terra da NASA e o Centro de Coordenação de Objetos Próximos à Terra da Agência Espacial Europeia. Eles utilizam softwares automatizados que processam os dados observacionais e atualizam continuamente as probabilidades de impacto.
Vale destacar que a probabilidade é uma medida estatística que indica a chance do evento ocorrer, mas não uma certeza. Mesmo probabilidades pequenas, como 0,01%, são monitoradas para garantir que qualquer risco potencial seja avaliado com antecedência.
Por fim, a comunicação dessas probabilidades ao público é um desafio, pois números isolados podem gerar interpretações erradas ou alarmismo. Por isso, cientistas defendem a necessidade de informar com contexto, explicando as incertezas e a evolução das previsões.