Ciência

As diferenças entre a malária e a covid-19: os riscos da hidroxicloroquina

Autoridades da saúde alertam que a automedicação de hidroxicloroquina, sem prescrição médica, pode causar sérios efeitos colaterais

 (dowell/Getty Images/Getty Images)

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Maria Eduarda Cury

Publicado em 20 de março de 2020 às 16h31.

Última atualização em 27 de março de 2020 às 14h39.

De acordo com estudos recentes, o medicamento hidroxicloroquina está se mostrando um dos mais promissores para combater o coronavírus. Os estudos iniciais sobre o remédio, que é usado no tratamento da malária, foram realizados por cientistas de diversos países. Até o momento, a resposta preliminar para a eficácia da droga em inibir a atividade do vírus no organismo tem sido positiva.

O remédio, conhecido pelo nome comercial de Reuquinol, foi inicialmente apontado por uma pesquisa feita por cientistas chineses. Divulgado no dia 18 de março, o estudo demonstrou que a combinação da hidroxicloroquina e o antiviral remdesivir, utilizado para tratar a doença ebola, foi capaz de reduzir a presença do vírus da covid-19 em uma simulação in vitro

Outros estudos, feitos na França e nos Estados Unidos, também tiveram resultados promissores no uso da droga para o tratamento da covid-19. Nesta semana, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu para que a Food and Drug Administration, agência responsável por aprovar medicamentos no país, adiantasse o processo de testes e a validação da hidroxicloroquina para o coronavírus. 

No entanto, embora os resultados sejam positivos, os testes realizados usaram uma combinação de remédios. Portanto, fazer um estoque da hidroxicloroquina em casa não é o recomendado. É importante ressaltar, ainda, que a principal aplicação do remédio é para o tratamento da malária, porque ele combate os parasitas e as bactérias no organismo. Até o momento, o uso combinado da droga apenas inibiu a ação do vírus no corpo humano, mas ainda não se sabe sua real eficácia, nem a dosagem correta, nem em que momento o remédio deve ser aplicado no tratamento.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária publicou, em seu site, um comunicado aconselhar os infectados a não realizar automedicação. Confira, abaixo, um trecho da nota: 

"Diante das notícias veiculadas sobre medicamentos que contêm hidroxicloroquina e cloroquina para o tratamento da Covid-19, a Anvisa esclarece que:

- esses medicamentos são registrados pela Agência para o tratamento da artrite, lúpus eritematoso, doenças fotossensíveis e malária;

- apesar de promissores, não existem estudos conclusivos que comprovam o uso desses medicamentos para o tratamento da covid-19. Portanto, não há recomendação da Anvisa, no momento, para a sua utilização em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação pelo novo coronavírus; e

- a automedicação pode representar um grave risco à sua saúde".

Por ser um antiviral eficaz, as expectativas para o futuro do tratamento de covid-19 são altas. No entanto, é importante ressaltar que nem todos os pacientes reagem bem ao uso isolado do medicamento. Scott Schaeffer, diretor do Centro de Informações sobre Intoxicações e Medicamentos de Oklahoma, disse ao jornal USA Today que, em hipótese alguma, deve ser permitido que crianças, ou até mesmo adultos, façam uso do remédio sem prescrição médica.

Entre os possíveis efeitos colaterais, estão tremores, problemas na visão, diarreia e dores abdominais. É preciso, de acordo com especialistas, aguardar que sejam realizados mais testes clínicos com um número maior de pessoas.

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