The primitive man in the cave.; 3d render (1971yes/Getty Images)
Rodrigo Loureiro
Publicado em 22 de julho de 2020 às 15h07.
Última atualização em 23 de julho de 2020 às 09h07.
Artefatos descobertos numa caverna do México podem trazer mais detalhes sobre os primeiros humanos que viveram no continente americano. A maior revelação é de que é possível que a chegada dos Homo sapiens às Américas tenha sido feita há cerca de 30.000 anos, 15.000 anos antes de quando os arqueólogos estimam.
As descobertas foram feitas na caverna de Chiquihuite, em Zacatecas, na região norte do México. Trata-se de uma região montanhosa e que fica quase 3.000 metros acima do nível do mar. A caverna, que tem uma área de 62 m², já era estudada desde 2012.
Os instrumentos foram escavados e analisados por uma equipe liderada pelo arqueólogo Ciprian Ardelean, da Universidade Autônoma de Zacatecas. Os resultados das buscas e a análise dos quase 2.000 artefatos recuperados já foram publicados na revista científica Nature.
O Brasil esteve representado nas buscas com três pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP). Vanda de Medeiros e Paulo de Oliveira, do Instituto de Geociências, além de Jennifer Watling, do Museu de Arqueologia e Etnologia, foram encarregados da análise dos vestígios vegetais da caverna.
Feitos de pedra, mas com a presença de materiais como carvão e ossos de animais, os objetos recuperados são semelhantes a ferramentas utilizadas para a caça, como pontas de lanças e lâminas.
Para realizar a análise do material coletado, os pesquisadores utilizam as amostras em um método chamado de carbono-14, que é usado para estimar a idade de objetos que contenham algum tipo de matéria orgânica. Os cálculos realizados mostram que a ocupação da caverna teria acontecido entre cerca de 33.000 ou 31.000 anos atrás
Com base nessas novas estimativas, os arqueólogos e pesquisadores agora precisam desvendar como que os primeiros humanos chegaram àquela região. As hipóteses mais aceitas, de uma migração da Sibéria até o continente americano, teriam ocorrido há 13.000 anos, muito tempo depois da idade dos artefatos descobertos no México.
Mudar este tipo de hipótese não será uma tarefa simples. “Vai ser muito difícil que a maioria dos arqueólogos especializados na América antiga aceite essas datas”, afirmou Ruth Grun, do departamento de antropologia da Universidade de Alberta, no Canadá, para a Nature.