Ciência

Arqueólogos encontram túmulo de artesão proeminente do Peru antigo

A descoberta das sepulturas ocorreu em fevereiro, mas seu anúncio aconteceu apenas agora

A cultura Wari floresceu no norte do Peru entre os séculos VII e XIII (JAIME RAZURI/Getty Images)

A cultura Wari floresceu no norte do Peru entre os séculos VII e XIII (JAIME RAZURI/Getty Images)

A

AFP

Publicado em 24 de agosto de 2022 às 18h16.

Um grupo de arqueólogos poloneses e peruanos descobriu uma sepultura milenar, que continha joias de ouro e prata, de um proeminente artesão do Peru antigo.

"Encontramos o túmulo de um artesão de elite da cultura Wari, que foi sepultado com bens de ouro e prata" sob o Castelo de Huarmey, um conhecido sítio arqueológico situado 290 km ao norte de Lima, disse à AFP o chefe da equipe de pesquisa, o arqueólogo polonês Miłosz Giersz.

A sepultura de aproximadamente 1.300 anos de idade pertence a um homem, batizado pelos pesquisadores como o "Senhor de Huarmey", e tinha diversos objetos próprios de seu ofício de artesão, como ferramentas de bronze, facas, machados, cestos e baús finamente decorados.

"Estou muito feliz porque é a primeira vez que encontramos um homem e integrante da elite da cultura Wari com uma conservação de peças vista pouquíssimas vezes no mundo, pois estão quase intactas", destacou Giersz.

O arqueólogo e professor da Universidade de Varsóvia classificou como "incrível e importante" a descoberta, fruto de escavações iniciadas em 2021 no Castelo de Huarmey, localizado nos subúrbios da cidade de Huarmey, no litoral da região de Áncash.

O Castelo, que fica a poucos quilômetros do mar, é uma espécie de pirâmide escalonada de adobe (barro e palha), elevada sobre uma saliência rochosa. Estima-se que era um centro administrativo da cultura Wari.

Indumentária de elite

Desde o século XVII, os restos desta pirâmide chamaram a atenção dos visitantes europeus e foram declarados Patrimônio Cultural da Nação em 1999.

A tumba pertence a "um artesão da corte real que tinha uma indumentária de elite", explicou Giersz, de 45 anos, que trabalha há duas décadas no Peru.

Junto da sepultura do "Senhor de Huarmey", foram encontradas nas galerias do Castelo outros seis jazigos, entre eles os de duas mulheres adultas, dois adolescentes e uma criança.

A cultura Wari floresceu no norte do Peru entre os séculos VII e XIII.

Foi necessário escavar seis metros para encontrar o personagem, um trabalho do qual também participaram outros arqueólogos e estudantes da Universidade de Varsóvia e da Pontifícia Universidade Católica do Peru.

A descoberta das sepulturas ocorreu em fevereiro, mas seu anúncio aconteceu apenas agora.

Achado único

"O Castelo era o lugar de veneração dos ancestrais da elite imperial Wari", afirmou Giersz.

"O sítio [arqueológico] é único. Uma necrópole das elites imperiais Wari mais altas, com mausoléus funerários em forma de torre de vários andares no topo de um esporão rochoso", explicou.

Entre os objetos encontrados há alargadores de orelha de ouro e prata, turquesas, facas e figuras de madeira finamente talhadas.

"Esta última descoberta nos fala muito das elites da época da cultura Wari, especialmente os artesãos", disse a arqueóloga polonesa Patrycja Prządka-Giersz, esposa e colega de Giersz.

Em 2012, os mesmos arqueólogos poloneses encontraram as sepulturas intactas de 58 mulheres da alta nobreza Wari junto com mais de 1.300 objetos de ouro e prata.

Os arqueólogos poloneses trabalham em Huarmey com apoio da Universidade de Varsóvia e da empresa mineradora Antamina (de propriedade de BHP Billiton, Glencore, Teck e Mitsubishi Corporation), que explora um dos maiores depósitos de cobre do mundo na área montanhosa de Áncash.

Veja também: 

Tudo pronto para Artemis 1 iniciar viagem à Lua

Seca revela pegadas de dinossauros em parque americano

Acompanhe tudo sobre:ArqueologiaPeru

Mais de Ciência

Por que esta cidade ficará sem sol até janeiro

Astrônomos tiram foto inédita de estrela fora da Via Láctea

Estresse excessivo pode atrapalhar a memória e causar ansiedade desnecessária, diz estudo

Telescópio da Nasa mostra que buracos negros estão cada vez maiores; entenda