Ciência

Arqueólogos descobrem porto submerso no Egito com possível ligação com Cleópatra

Nova descoberta pode revelar segredos do túmulo perdido da última faraó do Egito e da antiga atividade marítima do país

Colunas, pisos de pedra e ânforas indicam presença humana e mostram como os portos egípcios se conectavam ao comércio mediterrâneo (Getty Images) (Getty Images)

Colunas, pisos de pedra e ânforas indicam presença humana e mostram como os portos egípcios se conectavam ao comércio mediterrâneo (Getty Images) (Getty Images)

Ana Dayse
Ana Dayse

Colaboradora

Publicado em 27 de setembro de 2025 às 13h53.

Pesquisadores descobriram um porto submerso na costa do Egito que pode fornecer pistas sobre a localização do túmulo perdido de Cleópatra e revelar aspectos da atividade marítima da região antigamente.

A equipe de arqueólogos subaquáticos, incluindo Kathleen Martínez e Bob Ballard, identificou estruturas que possivelmente foram colunas com mais de seis metros de altura, além de pisos de pedra polida, blocos cimentados, âncoras de navios e grandes vasos de armazenamento chamados ânforas, todos datados da época de Cleópatra.

O porto foi localizado após a equipe rastrear um túnel de 1.305 metros, previamente descoberto, que parecia ligar o templo antigo de Taposiris Magna, a cerca de 48 km a oeste de Alexandria, ao mar. Martínez considera Taposiris Magna um ponto-chave para a busca pelo túmulo da rainha, embora outros arqueólogos questionem essa hipótese.

O anúncio foi feito em 18 de setembro pelo Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito e divulgado pela National Geographic no documentário “Cleopatra’s Final Secret”, disponível na Disney+ e Hulu. Ballard, famoso por encontrar o RMS Titanic em 1985, afirmou que as estruturas submersas parecem claramente construídas por humanos.

Mistério em torno da morte de Cleópatra

Cleópatra VII governou o Egito e se destacou como uma das poucas mulheres no comando na Antiguidade, além de ser a última faraó do país.

Nascida em Alexandria em 69 a.C., tornou-se rainha aos 18 anos e morreu em 30 a.C., após a derrota para Otaviano (futuro imperador Augusto) na Batalha de Ácio. Documentos indicam que os romanos destruíram imagens de Cleópatra, deixando apenas sete estátuas sobreviventes que possivelmente a representam.

Martínez acredita que, após a morte, o corpo de Cleópatra foi levado a Taposiris Magna, transportado pelo túnel até o porto e enterrado em um local secreto.

Ela reforça que a rainha se associava à deusa Ísis, e por isso investigou templos próximos a Alexandria antes de focar em Taposiris Magna, onde escavações iniciaram em 2004. Entre os achados estão vidro azul com inscrições em grego e hieróglifos, centenas de moedas com o rosto de Cleópatra e um túnel de 13 metros de profundidade que leva ao mar.

Achados subaquáticos e relevância histórica

O Ministério destacou que o achado amplia o conhecimento da arqueologia marítima egípcia, já que o local não aparece em fontes antigas. O ministro do Turismo e Antiguidades, Sherif Fathy, afirmou que o litoral do Egito funcionava como polo estratégico de comércio e comunicação cultural no mundo antigo.

Foram encontrados 337 moedas, vasos de cerâmica, estátuas, um anel de bronze dedicado à deusa Hator e um amuleto em forma de escaravelho com inscrição em referência ao deus Rá.

Esses achados permitiram datar a construção do templo. Apesar de Martínez acreditar que uma das estátuas femininas representa Cleópatra, outros arqueólogos discordam, e sugerem que se trata de outra figura real ou princesa.

Especialistas permanecem céticos sobre a teoria de Martínez de que o túmulo esteja ligado a Taposiris Magna.

Paul Cartledge, historiador da Universidade de Cambridge, defende que Cleópatra provavelmente foi enterrada no cemitério real em Alexandria, hoje em grande parte submerso. Jane Draycott, professora da Universidade de Glasgow, ressalta que descobrir túmulos reais da Ptolemaica é raro, mas pode fornecer informações valiosas sobre a história antiga.

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