Ciência

Após sanções, chefe de programa espacial russo acusa EUA de sabotagem

Governo americano levantou sanções econômicas contra 103 empresas estrangeiras alegando que elas mantêm relações com órgãos militares de Rússia e China

Vladimir Putin, presidente da Rússia, Dmitry Rogozin, chefe do programa espacial do país (Mikhail Svetlov / Colaborador/Getty Images)

Vladimir Putin, presidente da Rússia, Dmitry Rogozin, chefe do programa espacial do país (Mikhail Svetlov / Colaborador/Getty Images)

RL

Rodrigo Loureiro

Publicado em 22 de dezembro de 2020 às 16h40.

Durante a década de 1960, Estados Unidos e União Soviética deram início ao que viria a ser chamada de corrida espacial. Mais de meio século depois, essa corrida segue em andamento (com a Rússia, já que a União Soviética não existe mais), e com contornos cada vez mais geopolíticos. Nesta segunda-feira (20), Dmitry Rogozin, diretor geral do programa espacial russo, acusou o governo americano de sabotagem.

A acusação veio após o Departamento de Comércio dos Estados Unidos levantar sanções econômicas contra uma série de empresas chinesas e russas que teriam laços com órgãos militares de seus países, conforme reportado pelo ArsTechnica. Uma dessas empresas é o Centro Espacial Progress Rocket, na Rússia, e que fabrica os foguetes utilizados pelo programa espacial do país.

Foram 103 empresas listadas pelo governo de Donald Trump, sendo 45 companhias russas e 8 58 chinesas.  A montagem desta lista já era esperada. O que chama atenção é que o número de empresas russas com negócios relacionados com áreas como aviação, foguetes e dispositivos nucleares dobrou em relação à previsão feita pela agência de notícias Reuters no mês passado.

“O Departamento (de Comércio dos Estados Unidos) reconhece a importância de alavancar as parcerias dos EUA e empresas globais para combater os esforços da China e da Rússia que tentam desviar a tecnologia americana para seus programas militares desestabilizadores”, disse Wilbur Ross, secretário de Comércio dos Estados Unidos, em comunicado divulgado pelo órgão.

Rogozin não ficou nada satisfeito com a decisão americana e reagiu de forma agressiva. “Eles (as sanções) são ilegais como todas as outras sanções impostas anteriormente contra indivíduos e entidades legais russas”, disse Rogozin à agência de notícias estatal RIA Novosti.

Antes disso, na sexta-feira (19), em uma postagem em sua própria página do Facebook, Rogozin já havia alfinetado o governo americano. O oficial pulicou uma imagem em que enaltece o programa espacial russo enquanto compara os esforços da Rússia com os esforços americanos. De forma irônica, ele pergunta os profissionais da SpaceX  (empresa de Elon Musk que presta serviços para a Nasa) conseguiriam trabalhar em temperaturas dezenas de graus abaixo de zero. “Nós estamos acostumados com o frio”, diz.

Rogozin Post

Oficial russo ironizou o programa espacial americano (Facebook/Reprodução)

Ao contrário dos Estados Unidos, 2020 não foi um dos melhores anos para a Rússia em relação à exploração espacial. O ano foi marcado por duas viagens de astronautas para a Estação Espacial Internacional utilizando os foguetes Falcon 9, produzidos pela SpaceX. Até então, a Nasa precisava enviar seus astronautas usando foguetes russos, o que forçava um acordo entre Estados Unidos e Rússia.

Acompanhe tudo sobre:EspaçoEspaçonavesEstados Unidos (EUA)NasaRússiaSpaceX

Mais de Ciência

Há quase 50 anos no espaço e a 15 bilhões de milhas da Terra, Voyager 1 enfrenta desafios

Projeção aponta aumento significativo de mortes por resistência a antibióticos até 2050

Novo vírus transmitido por carrapato atinge cérebro, diz revista científica

Por que a teoria de Stephen Hawking sobre buracos negros pode estar errada