O anel de luz que circunda o centro da galáxia NGC 6505 (ESA/Euclid/Euclid Consortium/NASA, image processing by J.-C. Cuillandre, T./Reprodução)
Repórter
Publicado em 14 de fevereiro de 2025 às 11h08.
Última atualização em 14 de fevereiro de 2025 às 11h11.
Lançado em julho de 2023 pela Agência Espacial Europeia (ESA), o telescópio espacial Euclides iniciou sua missão de seis anos para desvendar os mistérios do lado escuro do universo. Durante a fase inicial de testes, a sonda enviou imagens borradas à Terra, mas um cientista, Bruno Altieri, do Arquivo Euclides, notou algo peculiar em uma delas e decidiu investigar mais a fundo. A descoberta foi divulgada pela revista Astronomy & Astrophysics nesta semana.
“Mesmo com a imagem borrada, algo me chamou a atenção, e após mais observações, confirmamos a presença de um Anel de Einstein”, relata Altieri em um comunicado.
O que o cientista descobriu foi um fenômeno raríssimo: um Anel de Einstein, escondido à vista, localizado em uma galáxia próxima chamada NGC 6505, que está a aproximadamente 590 milhões de anos-luz da Terra.
As observações recentes feitas pelo telescópio espacial Euclides, incluindo a detecção do anel de Einstein, destacam como eventos raros podem demonstrar a validade das previsões da teoria da relatividade geral, formulada em 1915.
Esta foi a primeira vez que o observatório orbital da Agência Espacial Europeia (ESA) registrou um fenômeno desse tipo. Embora o Anel de Einstein já tenha sido fotografado anteriormente pela NASA, com os telescópios Hubble e James Webb, a descoberta feita pelo Euclides marca um marco importante para a ESA.
Esse anel de luz é resultado da distorção gravitacional de uma galáxia ainda não nomeada, situada a 4,42 bilhões de anos-luz de distância. A galáxia distorcedora, invisível por meios convencionais, se tornou visível pelo efeito da lente gravitacional.
Esse tipo de fenômeno ocorre quando a gravidade de objetos massivos, como galáxias ou aglomerados de galáxias, dobra a luz de objetos ainda mais distantes, funcionando como uma lente gigante e permitindo que as galáxias ocultas se tornem visíveis.
A descoberta de anéis gravitacionais, como este, é uma ferramenta poderosa para os cientistas, pois facilita o estudo da expansão do universo, da matéria escura e da energia escura, além de proporcionar um olhar mais profundo sobre fontes cósmicas distantes.
A revelação de um anel tão perfeito em uma galáxia já conhecida desde 1884 destaca a capacidade impressionante do Euclides. Durante sua missão, o telescópio irá mapear mais de um terço do céu, observando bilhões de galáxias a distâncias de até 10 bilhões de anos-luz.
“Este anel é particularmente interessante porque está relativamente perto de nós, e o alinhamento da luz o torna ainda mais impressionante”, diz Conor O’Riordan, do Instituto Max Planck de Astrofísica, um dos autores do estudo.
A expectativa é de que ele encontre cerca de 100.000 lentes gravitacionais fortes, mas o achado de um anel tão espetacular e relativamente próximo já é um feito extraordinário.