Ciência

Ao contrário de Trump, Biden fará a Nasa focar em questões climáticas

Biden deve fazer com que a agência americana olhe com mais atenção para os efeitos do aquecimento global na Terra e não para Marte

Joe Biden: novo presidente dos EUA deve mudar a agenda da Nasa (Bill Ingalls/NASA / Handout/Getty Images)

Joe Biden: novo presidente dos EUA deve mudar a agenda da Nasa (Bill Ingalls/NASA / Handout/Getty Images)

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Rodrigo Loureiro

Publicado em 10 de novembro de 2020 às 09h00.

Última atualização em 10 de novembro de 2020 às 11h02.

Eleito presidente dos Estados Unidos – em uma disputa que ainda não acabou, segundo Donald Trump –, Joe Biden deve fazer com que a Nasa foque seus olhares na questão climática do planeta e não tanto na descoberta de outros mundos ou na exploração da Lua ou de Marte, como estava sendo feito nos últimos anos.

Biden não fez grandes promessas eleitorais em relação ao papel da Nasa. O SpaceNews, porém, lembra que o partido Democrata, do qual Biden faz parte, lançou um relatório ainda durante o mês de julho informa que “os democratas também apoiam o fortalecimento das missões de observação da Terra da Nasa (...) para entender melhor como as mudanças climáticas estão impactando nosso planeta natal”.

O mesmo documento não traz qualquer menção aos esforços recentes da Nasa no que diz respeito a exploração espacial e ao envio de astronautas para missões na Estação Espacial Internacional. Não há também qualquer linha que dê a entender que a Nasa dará (ou não) continuidade aos projetos iniciados durante o governo de Trump.

“Gerenciar a capacidade da Terra de sustentar a vida humana e a biodiversidade provavelmente irá, na minha opinião, dominar uma agenda espacial civil para um governo Biden-Harris”, disse Lori Garver, ex-vice-presidente de administração da Nasa durante o governo de Barack Obama, durante um evento realizado no último sábado (7).

Um sinal claro de mudança será a provável demissão de Jim Bridenstine do cargo de administrador da Nasa. Aliado de Trump, ele esteve no comando da agência americana desde 2018 e era um crítico de estudos sobre mudanças climáticas. Sob sua gestão, a Nasa foi muito mais atuante na exploração espacial da Lua e de Marte do que em questões climáticas.

Foi durante a gestão de Bridenstine, escolhido a dedo por Trump, que a agência espacial anunciou que pretende pousar astronautas na Lua em 2024, estabelecer uma base no satélite natural até 2028 e intensificou os planos de exploração de Marte. A Nasa também firmou uma parceria inédita com a SpaceX, de Elon Musk, para enviar astronautas ao espaço.

Nesta segunda-feira (9), o administrador deu um sinal claro de que dificilmente vai continuar no comando da Nasa após a vitória de Biden nas eleições americanas. “Eu não acho que seria a pessoa certa para isso em uma nova administração”, disse o executivo em entrevista para o site Aerospace Daily & Defense Report.

Vale destacar que pesquisas recentes feitas nos Estado Unidos, como esta realizada em 2019, mostraram que os americanos não se importam tanto com a chegada de astronautas em outros planetas, como Marte. Em vez disso, preferem que Nasa olhe com mais atenção para questões climáticas e até para a destruição de asteroides que podem se chocar contra a Terra.

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