Estudos feitos em laboratório mostram que anticorpos conseguem combater a variante brasileira da doença (IOC/Fiocruz/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 3 de junho de 2021 às 15h17.
Um estudo publicado recentemente pelo Jornal da USP mostra que anticorpos de pessoas infectadas pela covid-19 em 2020 foram capazes de neutralizar a variante P.1, uma das predominantes no país, em laboratório. Para chegar a essa conclusão, pesquisadores analisaram amostras de sangue de 60 pessoas e concluíram que os anticorpos conseguiram combater a doença em 84% das amostras.
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“Após ter o diagnóstico de covid confirmado por teste de RT-PCR, os 60 voluntários foram monitorados durante sete semanas após a infecção inicial e submetidos a coletas semanais de sangue para análise do perfil sorológico", afirma a professora Maria Cássia Mendes-Correa, diretora do IMT, responsável pela pesquisa.
O estudo foi feito pelo Instituto de Medicina Tropical (IMT) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). A descoberta foi publicada em um jornal científico em maio e ainda necessita de revisão de pares. De acordo com as informações coletadas até agora, o estudo sugere que, caso pacientes infectados previamente pela covid-19 entrem em contato com a variante P.1, eles tenham um quadro menos grave da doença.
Atualmente, também já se sabe que a resposta imunológica gerada pelas vacinas Coronavac, Oxford-AstraZeneca e Pfizer também são eficazes contra esta variante.
A nova cepa do coronavírus foi identificada pela primeira vez em quatro pessoas que voltaram ao Japão depois de uma viagem ao estado do Amazonas.
Os passageiros desembarcaram em Tóquio no dia 2 de janeiro e passaram por uma testagem no aeroporto, que indicou a presença do coronavírus.
Após análise, o Instituto Nacional de Doenças Infecciosas do Japão identificou, no dia 6 de janeiro, que o vírus encontrado nos passageiros se tratava de uma nova variante com 12 mutações.
O caso foi tornado público pelo Ministério de Saúde do Japão no dia 10 de janeiro, que alertou as autoridades brasileiras.
No dia 12 de janeiro, cientistas brasileiros e do Reino Unido publicaram um estudo mostrando que a nova variante é uma descendente da linhagem B.1.1.28, que já circulava no Brasil. Ela foi batizada de P.1.
Os cientistas também identificaram a presença da nova variante em 13 de 31 amostras (42%) de testes de covid-19 coletados de pacientes de Manaus entre 15 e 23 de dezembro. Entretanto, a nova variante não foi detectada em 26 análises genômicas de Manaus coletadas entre marco e novembro do ano passado.
O resultado sugeria que a variante surgiu nos últimos meses do ano e poderia estar ligada ao aumento no número de casos de covid-19 em Manaus, que levou ao colapso do sistema de saúde no estado do Amazonas.
No fim de janeiro, os pesquisadores atualizaram a pesquisa e analisaram a presença da nova variante em 142 amostras do coronavírus de pacientes de Manaus, coletadas entre 15 de dezembro e 9 de janeiro. A nova variante foi encontrada em 52% das amostras de dezembro e em 85% das amostras de janeiro. Outro estudo mostrou a presença da variante P1 em 91% dos casos de covid-19 no Amazonas.