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Animal alvo da indústria de moda pode ser novo vetor de coronavírus

Visions podem ter transmitido novo coronavírus para seres humanos nos Países Baixos

Visons: animais podem ser possíveis transmissores do novo coronavírus (Getty Images/Reprodução)

Visons: animais podem ser possíveis transmissores do novo coronavírus (Getty Images/Reprodução)

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Maria Eduarda Cury

Publicado em 24 de maio de 2020 às 11h42.

Última atualização em 25 de maio de 2020 às 15h03.

Após analisarem um surto de coronavírus que aconteceu em quatro fazendas de Brabante do Norte, nos Países Baixos, cientistas perceberam que os visons poderiam ser responsáveis pela transmissão do novo coronavírus para seres humanos.

Se confirmado, esse seria o primeiro caso de transmissão direta de um animal para um ser humano. Segundo os cientistas, é possível que isso tenha acontecido porque a sequência do genoma do vírus encontrado em ambos os seres é bastante semelhante. O Ministério da Agricultura alertou, porém, que o perigo de contágio generalizado na região é inexistente, visto que o vírus não foi detectado no ar das redondezas.

Wim van der Poel, pesquisador chefe da área de Vírus Emergentes e Zoonoses, disse para o El País que as possibilidades da transmissão de animal para humano acontecer novamente são baixas: “Para estar completamente seguros, precisaríamos  fazer o mesmo, sequenciar o código genético do vírus, com amostras extraídas de todas as pessoas que trabalham e têm relação com a fazenda e tiveram a doença. Mas acho que há poucas possibilidades de encontrar outro parecido com esse. Em outros casos, o contágio mais provável foi da pessoa, já com sintomas, ao vison”, comentou Van der Poel.

Ainda segundo a reportagem, a Federação de Criadores de Animais à Peleteria está analisando opções além do sacrífico destes animais. Nos Países Baixos, existem mais de 800 mil fêmeas férteis em 140 fazendas, o que faz com que a população esteja preocupada com o risco do aumento do número de infectados.

Os animais, que têm sua pele utilizada para casacos de pele - especialmente em locais como Estados Unidos e Europa -, podem estar em perigo devido ao descobrimento de seu potencial transmissor do Sars-CoV-2. Outros animais selvagens, como os pangolins, também tiveram casos de outros vírus registrados, o que faz os especialistas acreditarem que os animais podem ser considerados transmissores - mais ainda há pouca evidência científica sobre.

Ainda que não exista confirmação definitiva sobre as hipóteses, os especialistas não descartam a possibilidade. Negam, porém, que animais domésticos - como cães e gatos - sejam perigosos no momento para o ser humano. Para o El País, a veterinária Elsa Pérez Ramirez diz acreditar que a falta de informação faz com que qualquer declaração seja prematura: “Fico surpresa de que estejam tão convencidos de que a infecção tenha sido do animal ao humano. É uma afirmação um pouco antecipada", diz Ramirez.

Segundo ela, apenas 8 casos de transmissão de vírus em todo o mundo são relacionados a animais domésticos. Estes casos devem ser tratados, até o momento, como situações excepcionais e não regra. Enquanto as situações forem consideradas isoladas, os especialistas afirmam que os animais são nocivos.

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