Uma pesquisa publicada recentemente apontou a existência de uma amizade inusitada nos mares. Golfinhos e baleias-jubarte, duas das criaturas mais emblemáticas dos oceanos, estão se envolvendo em interações sociais mais complexas e frequentes do que se imaginava.
O estudo, publicado na revista científica Discover Animals, analisou quase 200 eventos de interação entre baleias e golfinhos ao redor do mundo e revela um comportamento surpreendente: em vez de simples encontros casuais, as duas espécies estão estabelecendo laços que sugerem brincadeiras, estimulação mútua e até comportamentos semelhantes ao acasalamento.
Essas interações, que variam desde o "bow riding" (quando os golfinhos nadam ao lado das baleias, aproveitando a onda gerada pelo seu movimento), até toques e esfregações entre as espécies, foram documentadas graças à tecnologia moderna, incluindo drones e o compartilhamento de vídeos nas redes sociais.
O estudo, que abrangeu duas décadas de observações, sugere que esses comportamentos podem ser mais comuns do que era inicialmente pensado, e desafia a ideia de que tais interações entre espécies diferentes seriam raras no mundo marinho.
Quem toma a iniciativa
Os dados analisados mostram que os golfinhos, em sua maioria, iniciam as interações, nadando próximos das baleias, principalmente perto de suas cabeças, em um comportamento conhecido como "bow riding", que pode ser interpretado como uma forma de diversão ou até como um tipo de comunicação não verbal.
Além disso, o estudo revela que em mais de um terço dos casos observados, as respostas das baleias foram positivas, com movimentos suaves como rolamentos e exposição da barriga, comportamentos que podem ser associados a gestos de acolhimento ou até brincadeiras.
Esse padrão de interação desafia a visão tradicional de que as baleias, especialmente as jubartes, seriam apenas passivas em relação a esses encontros.
O que mais chama atenção nessa descoberta não é apenas a convivência pacífica entre golfinhos e baleias, mas o grau de interação social que parece existir entre as espécies, o que pode indicar capacidades cognitivas e emocionais bastante avançadas.
O estudo sugere que as baleias-jubarte podem não só tolerar, mas também engajar de maneira ativa com os golfinhos, possivelmente buscando essas interações por motivos de estimulação social, aprendizado ou até uma forma de entretenimento.