Ciência

Americanos acham que clima deve ser foco da Nasa. Trump discorda

Pesquisa mostra que 43% dos americanos consideram investigar clima como "prioridade máxima". Governo, por sua vez, investe em incursões pelo sistema solar

Donald Trump: governo do presidente tem tentado reduzir financiamento para pesquisas sobre os oceanos, a atmosfera e o clima (Carlos Barria/Reuters)

Donald Trump: governo do presidente tem tentado reduzir financiamento para pesquisas sobre os oceanos, a atmosfera e o clima (Carlos Barria/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 1 de agosto de 2018 às 15h47.

Última atualização em 1 de agosto de 2018 às 15h48.

O foco da Nasa não deveria estar no cosmos, mas na Terra, de acordo com uma ampla pesquisa da Bloomberg sobre a opinião dos americanos a respeito do espaço.

Observar o clima deve ser a "prioridade máxima" da Nasa, de acordo com 43 por cento dos entrevistados, que escolheram entre seis opções possíveis. Um quarto disse que a agência deve monitorar os asteroides e outros objetos espaciais.

Apenas 3 por cento disseram que o foco principal da Nasa deveria ser enviar astronautas à Lua, e somente 8 por cento disseram que uma viagem humana a Marte ou a outros planetas deveria ser o principal objetivo da agência.

As conclusões revelam um contraste gritante com o atual foco da Nasa em viagens espaciais com tripulação humana e na exploração das profundezas do espaço. A agência está trabalhando em uma plataforma para a órbita lunar para o início dos anos 2020 e em uma missão a Marte na década de 2030.

A pesquisa foi conduzida para a Bloomberg Businessweek pela empresa de pesquisa Morning Consult, que entrevistou 2.202 americanos adultos em julho.

A maioria das pessoas considera as questões espaciais levando em conta sua relevância para o próprio cotidiano, disse Casey Dreier, diretor de política espacial da Sociedade Planetária, grupo que pressiona por um maior financiamento para a ciência e a exploração espaciais. "O que é relevante para as pessoas? A mudança climática", disse ele. "A ideia de ir à Lua e ir a Marte, apresentada sem contexto, provavelmente não parece muito importante para as pessoas."

Durante o governo Obama, o programa de Ciências da Terra da Nasa registrou um crescimento mais rápido que todas as outras divisões científicas da agência, segundo a Associação Americana para o Avanço da Ciência.

O governo Trump, por sua vez, tentou reformular o orçamento da Nasa, de US$ 21 bilhões, para fomentar a atividade comercial do setor privado na órbita baixa da Terra e incursões mais profundas pelo sistema solar. Mas a grande maioria dos americanos disse que o governo deve desempenhar um papel importante na exploração espacial, e apenas 38 por cento disseram o mesmo para as empresas do setor privado.

O governo tem tentado reduzir o financiamento para pesquisas sobre os oceanos, a atmosfera e o clima. "Queremos fazer investigações sobre a ciência climática, mas não faremos algumas das loucuras que o governo anterior fez", disse Mick Mulvaney, diretor do Escritório de Administração e Orçamento da Casa Branca, em maio de 2017, ao falar sobre a primeira proposta de orçamento de Trump.

O Congresso dos EUA acabou aumentando o orçamento geral da Nasa para o ano fiscal que começou em 1º de outubro para quase US$ 20,7 bilhões, parte de uma onda de gastos em defesa que também beneficiou projetos não relacionados à defesa. Para 2019, a Casa Branca busca aproximadamente US$ 19,9 bilhões para a Nasa, com mais de US$ 123 milhões em cortes para a área de Ciências da Terra.

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