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Ameba comedora de cérebro mata criança nos EUA. Ela está na água?

Ameba matou um garoto de seis anos no Texas; infecção é considerada rara, mas apenas quatro pessoas sobreviveram a ela em 58 anos

Cérebro: ameba causa pressão extrema no crânio do infectado (iLexx/Getty Images)

Cérebro: ameba causa pressão extrema no crânio do infectado (iLexx/Getty Images)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 28 de setembro de 2020 às 08h17.

Uma criança de seis anos morreu vítima da ameba comedora de cérebro no Texas, nos Estados Unidos --- doença que já vem afetando o país desde o início do ano. Chamada de Naegleria fowleri, a ameba é encontrada normalmente em água morna e entra no corpo pelo nariz e assim viaja até o cérebro do infectado.

O Texas Commission on Environmental Quality (TCEQ), órgão responsável pela qualidade ambiental do estado americano, enviou um conselho para os residentes de seis cidades texanas que recebem água da companhia Brazosport Water Authority, segundo a CNN. O aviso é para que as pessoas evitem beber qualquer tipo de água nos locais pelo fato de ela conter a ameba mortal.

Testes encontraram a ameba em uma mangueria de água na casa do garoto, bem como em sprays de água no centro da cidade de Lake Jackson, onde o menino morava.

Depois da morte do garoto, um teste de 11 amostras de água da cidade mostrou que três delas estavam infectadas com a ameba. Para os moradores da cidade, o conselho é que eles fervam a água antes de consumi-la.

O que é a “ameba comedora de cérebro”?

A Naegleria fowleri é uma ameba microscópica e unicelular (ou seja, tem apenas uma célula). A infecção, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) americano é responsável pela meningoencefalite amebiana primária (MAP), infecção cerebral “devastadora” e principal causadora da morte dos infectados.

A infecção ocorre, normalmente, quando as pessoas nadam em rios e lagos, mas também pode acontecer quando a pessoa tem contato com outras fontes contaminadas (até piscinas e água de torneira entram na lista). O CDC afirma que a pessoa não pode ser infectada pela ingestão.

A ameba, depois de entrar pelas vias nasais, começa sua viagem se alimentando dos tecidos do olfato — terminando de “comer” ao chegar no cérebro do doente. Daí, ele destrói o sistema de proteção em volta do sistema nervoso e, quando o corpo percebe que algo está errado, envia células imunes para combater a infecção, o que faz com que a área fique inflamada — o que contribui para os sintomas da naúsea, dor de cabeça, vômitos e dor no pescoço. Segundo a revista científica Scientific American, a rigidez na nuca acontece por conta do inchaço na medula espinhal, o que torna o flexionamento dos músculos impossível.

Assim, a N. fowleri vai comendo cada vez mais tecidos até se instaurar a fundo no cérebro, quando os outros sintomas começam, como delírio, alucinações, confusão e até mesmo convulsões. A causa da morte pela ameba, no fim das contas, se dá mais pela pressão extrema no crânio e no inchaço causado pela resposta imune do corpo.

A infecção é mais comum no sul do país, mas, apesar disso, ainda é considerada rara. Desde 1962, a Flórida registrou 37 casos. Nos EUA, a doença já afetou 145 pessoas nos últimos 58 anos — dessas, apenas quatro sobreviveram. Em 2019, a ameba fez uma vítima fatal no país. Lily Avant tinha dez anos e contraiu a infecção ao nadar em um rio no Texas. Em 20 dias, a menina estava morta.

A maioria dos doentes morre em até uma semana e estimativas apontam que 97% deles falecem.

Não há casos recentes no Brasil.

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