E-Tattoo: dispositivo é capaz de detectar sinais de esforço cognitivo em tempo real (Dispositivo/Huh et al/Divulgação)
Repórter
Publicado em 29 de maio de 2025 às 19h39.
Uma tatuagem eletrônica sem fio, desenvolvida por pesquisadores dos Estados Unidos, pode se tornar aliada no combate ao excesso de trabalho e na prevenção de doenças relacionadas à carga mental elevada, como o burnout. O dispositivo temporário, aplicado na testa, é capaz de detectar sinais de esforço cognitivo em tempo real.
O estudo sobre a invenção foi publicado nesta quinta-feira, 29, na revista Device, e detalha o funcionamento da tecnologia batizada de e-tattoo. A ferramenta codifica ondas cerebrais sem a necessidade de capacetes ou fios, sendo útil em profissões que exigem vigilância constante, como a de controladores de tráfego aéreo e motoristas.
“A tecnologia está se desenvolvendo mais rápido que a evolução humana”, comentou a professora Nanshu Lu, líder da pesquisa pela Universidade do Texas em Austin. “Existe uma carga de trabalho mental ideal para um desempenho ideal, que varia de pessoa para pessoa.”
Nos testes iniciais, seis participantes usaram a tatuagem eletrônica enquanto realizavam tarefas de memória com níveis variados de dificuldade. Conforme o esforço aumentava, cresciam os sinais nas ondas cerebrais theta e delta, indicativos de maior demanda cognitiva. Já com o aumento da fadiga, reduziam-se as ondas alfa e beta.
Com base nos sinais captados, os pesquisadores treinaram um modelo computacional capaz de prever antecipadamente o nível de esforço mental. A e-tattoo também permitiu distinguir diferentes intensidades de carga cognitiva.
Atualmente, ferramentas como o Task Load Index da Nasa são usadas para avaliar a carga de trabalho por meio de questionários de autoavaliação. A proposta da tatuagem eletrônica é oferecer uma alternativa mais objetiva, utilizando princípios semelhantes aos da eletroencefalografia (EEG) e da eletrooculografia (EOG), mas em um formato mais prático.
Os sensores da e-tattoo são finos, adesivos e ajustáveis à pele. O sistema inclui uma bateria leve e componentes que garantem conforto ao usuário. Para garantir precisão, as tatuagens são personalizadas de acordo com as características faciais dos participantes.
A alternativa também representa economia significativa: os sensores descartáveis custam cerca de US$ 20, enquanto o chip e a bateria saem por cerca de US$ 200 — bem abaixo dos mais de US$ 15 mil exigidos por equipamentos tradicionais de EEG.
Segundo Luis Sentis, coautor do estudo, o objetivo é tornar a e-tattoo um produto acessível para uso doméstico. “Um dos meus desejos é transformar a e-tattoo em um produto que possamos usar em casa”, afirmou.
A equipe já trabalha na próxima etapa, que inclui o desenvolvimento de sensores à base de tinta, capazes de operar sobre pelos. A meta é expandir o uso da tecnologia para diferentes tipos de superfície corporal.