Isaac Newton: rotinas de até 16h de estudo, pouco sono e isolamento total durante suas maiores descobertas (Foto/Thinkstock)
Redação Exame
Publicado em 1 de agosto de 2025 às 06h44.
Sir Isaac Newton é conhecido como um dos maiores cientistas da história. Mas além de suas contribuições à física, matemática e astronomia, seu nome também carrega um legado de rotina obsessiva e dedicação extrema. Durante boa parte da vida, Newton viveu isolado, mergulhado em livros e experimentos, com jornadas de estudo que ultrapassavam as 12 horas por dia — às vezes estendendo-se madrugada adentro.
Newton estudava tanto que frequentemente esquecia de comer, de dormir ou mesmo de interagir com outras pessoas. “Ele fazia pequenas refeições quando lembrava, mas passava o dia absorto em cálculos ou leituras”, escreveu William Stukeley, amigo próximo e um dos principais biógrafos do cientista.
O período mais produtivo de sua vida ocorreu entre 1665 e 1667, quando a Universidade de Cambridge suspendeu as aulas por causa da peste bubônica. Newton, então com 23 anos, retornou à fazenda da família em Woolsthorpe.
Foi ali, isolado e longe das estruturas acadêmicas, que ele desenvolveu as ideias iniciais sobre cálculo, gravitação e ótica. Segundo registros da época, Newton mantinha uma rotina quase ininterrupta: acordava cedo, fazia experimentos no jardim e passava o restante do dia realizando cálculos e leituras científicas.
Não havia horários fixos nem pausas regulares. Ele alternava momentos de observação com estudos teóricos e anotações minuciosas. Muitos biógrafos relatam que Newton podia passar de 12 a 16 horas por dia dedicado ao trabalho intelectual — prática comum até o fim da vida.
Mesmo quando jovem, Newton já apresentava hábitos incomuns. Preferia estudar sozinho a brincar com outras crianças e registrava tudo o que lia ou observava. Desenvolveu cedo o costume de fazer listas de problemas e revisar obsessivamente seus próprios cálculos.
Durante os anos em Cambridge, sua rotina era igualmente disciplinada. Raramente participava de reuniões sociais ou eventos universitários. Passava quase todo o tempo livre em seu quarto, realizando experimentos práticos ou estudando obras clássicas em latim.
O filósofo John Locke, que trocou cartas com Newton por anos, observou que ele frequentemente se envolvia tanto em seus estudos que “esquecia completamente de comer ou dormir”. Isso se repetia especialmente quando Newton estava envolvido com um novo problema científico ou religioso.
O sono era escasso. Em períodos de intensa produção intelectual, os relatos indicam que Newton dormia entre 3 e 5 horas por noite. O restante do tempo era dividido entre cálculos, anotações e leitura — não apenas científica, mas também de temas religiosos e alquímicos, dois campos que ele considerava centrais.
Newton acreditava que o silêncio e o isolamento eram essenciais para o avanço do pensamento. Por isso, evitava distrações e não mantinha muitos amigos próximos. Segundo suas próprias anotações, a solitude era uma condição necessária para o raciocínio profundo.
Esse hábito o acompanhou durante toda a vida, inclusive quando assumiu cargos públicos. Como diretor da Casa da Moeda Real, Newton aplicava a mesma disciplina em tarefas administrativas. Chegava cedo, revisava relatórios em detalhes e controlava pessoalmente a produção de moedas.
As refeições nunca foram prioridades. Em muitas ocasiões, Newton comia apenas frutas secas, pão ou chá, enquanto continuava a escrever ou estudar. Nos momentos de descanso, lia a Bíblia, textos de alquimia ou cartas antigas — raramente se permitia qualquer forma de lazer convencional.
Ele também cultivava o hábito de registrar tudo: desde experimentos até reflexões teológicas. Suas anotações, hoje preservadas em bibliotecas como a Royal Society e a Trinity College de Cambridge, revelam um espírito metódico e absolutamente comprometido com o conhecimento.
O livro “Never at Rest”, de Richard Westfall — uma das biografias mais respeitadas sobre o cientista — descreve Newton como alguém que não separava a vida pessoal da intelectual. Para ele, pensar, estudar e questionar eram formas de existir.
Sua rotina diária não seguia regras externas, mas obedecia a um impulso interno de compreender o universo em sua totalidade. Da infância à velhice, Newton manteve o mesmo padrão: acordava cedo, isolava-se do mundo, estudava por horas e registrava tudo.