Sonda indiana: agência espacial da Índia perdeu contato com a sonda que deveria pousar na Lua (Organização de Pesquisas Espaciais da Índia/AFP)
AFP
Publicado em 6 de setembro de 2019 às 21h33.
A Índia perdeu a comunicação com sua sonda não tripulada no sábado, pouco antes do horário em que o aparelho deveria pousar na Lua, um golpe nas ambições lunares do país, à medida que o mundo mostra um interesse renovado no satélite da Terra.
Enquanto o primeiro-ministro Narendra Modi observava na sala de controle da missão na cidade de Bangalore, a Índia esperava se tornar o quarto país - depois dos Estados Unidos, Rússia e China - a pousar com sucesso na Lua.
Mas após vários minutos de tensão, por volta do horário previsto de pouso (1h55 em Nova Délhi, 17h25 em Brasília), o presidente da Organização de Pesquisa Espacial Indiana (ISRO), Kailasavadivoo Sivan, anunciou que a comunicação havia sido perdida com o módulo de pouso.
"A descida do lander Vikram estava em andamento conforme o planejado e foi observado um desempenho normal", até uma altitude de 2,1 quilômetros, disse Sivan.
"Posteriormente, a comunicação da sonda com a estação terrestre foi perdida. Os dados estão sendo analisados", afirmou, cercado por cientistas e observadores na sala de controle.
Modi disse aos cientistas após o anúncio de Sivan que o que eles "fizeram (até agora) não é um pequeno avanço".
"Altos e baixos acontecem na vida. Seu trabalho duro nos ensinou muito e toda a nação tem orgulho de vocês", acrescentou.
"Se a comunicação (com a sonda) retornar... vamos torcer pelo melhor... Nossa jornada continuará. Sejam fortes. Eu estou com vocês", concluiu Modi.
O ISRO havia reconhecido antes do pouso que esta era uma manobra complexa, que Sivan chamou de "15 minutos de terror".
"É como se de repente alguém viesse e desse a você um bebê recém-nascido em suas mãos. Você será capaz de segurar sem o apoio adequado?", disse ao canal de notícias NDTV.
"O bebê se moverá dessa ou daquela maneira, mas devemos segurá-lo", disse Sivan.
O módulo de pouso, batizado em homenagem a Vikram A. Sarabhai, pai do programa espacial da Índia, tinha como objetivo ser o primeiro a chegar à região do polo sul da Lua.
O lander estava carregando o rover Pragyan, que deveria explorar crateras em busca de pistas sobre a origem e evolução da Lua e também sobre evidências de quanta água a região polar contém.
O orbitador permanece em operação e continuará a estudar a Lua de longe por cerca de um ano.
De acordo com Mathieu Weiss, representante na Índia da agência espacial francesa CNES, a análise do polo sul é vital para determinar se os humanos poderiam um dia passar longos períodos na Lua.
E se as pessoas puderem sobreviver na Lua, isso significa que o satélite poderia ser usado como uma parada no caminho para Marte, o próximo objetivo de governos e interesses privados, como a SpaceX de Elon Musk.
A terceira maior economia da Ásia também espera garantir lucrativos acordos comerciais de satélites e órbitas no mercado competitivo.
A missão Chandrayaan-2 também se destacou pelo baixo custo, de cerca de US$ 140 milhões. Os Estados Unidos gastaram o equivalente a mais de US$ 100 bilhões em suas missões Apollo.
A Índia também está preparando Gaganyaan, sua primeira missão espacial tripulada. A força aérea anunciou nesta sexta-feira que o primeiro nível de seleção de possíveis astronautas tinha sido concluído.
Em abril, a tentativa de Israel de pousar na lua falhou no último minuto, quando sua nave sofreu uma falha no motor e, aparentemente, colidiu com a superfície lunar.