Ciência

Aditivo presente em doces e chiclete afeta células digestivas

Atraentes para o paladar, balas, doces, gomas de mascar e outras "gordices" industriais podem conter um aditivo "indigesto"

 (Yanikap/Thinkstock)

(Yanikap/Thinkstock)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 26 de fevereiro de 2017 às 17h19.

São Paulo - Ah, guloseimas…quem resiste a elas? Atraentes para o paladar, balas, doces, gomas de mascar  e outras "gordices" industriais podem conter um aditivo alimentar capaz de afetar a estrutura e funcionamento das células digestivas.

Segundo estudo da Universidade de Binghamton e da Universidade Estadual de Nova York, a capacidade das células do intestino delgado de absorver nutrientes e atuar como uma barreira aos agentes que causam doenças é "significativamente diminuída" após exposição crônica a nanopartículas de dióxido de titânio, um aditivo alimentar comum encontrado em tudo, desde goma de mascar até pão.

Em laboratório, os pesquisadores expuseram um modelo de cultura de células do intestino delgado ao tempo equivalente de sua permanência no corpo de uma pessoa após uma refeição (quatro horas, considerada exposição aguda) ou três refeições em cinco dias (exposição crônica).

Surpreendentemente, as exposições agudas não tiveram muito efeito, mas a exposição crônica diminuiu a capacidade de absorção da superfície das células intestinais chamadas microvilosidades. Com menos microvilosidades, a barreira intestinal foi enfraquecida, o metabolismo diminuiu e alguns nutrientes - ferro, zinco e ácidos graxos, especificamente - foram mais difíceis de absorver.

Segundo o estudo, as funções enzimáticas foram afetadas negativamente, enquanto os sinais de inflamação aumentaram.

"O óxido de titânio é um aditivo alimentar comum que as pessoas têm comido muito por um longo tempo. Não se preocupe, isso não vai matá-lo!. Mas estávamos interessados em alguns dos efeitos sutis, e achamos que as pessoas devem saber sobre eles ", disse Gretchen Mahler, um dos autores do artigo em comunicado.

O dióxido de titânio é geralmente reconhecido como seguro pela Food and Drug Administration dos EUA, e a sua ingestão é quase inevitável. O composto é um material inerte e insolúvel que, além de ser empregado como aditivo alimentar,  é comumente usado para pigmentação branca em tintas, papel e plásticos. É também um ingrediente ativo em protetores solares baseados em minerais para a pigmentação para bloquear a luz ultravioleta.

Ainda de acordo com a pesquisa, publicada na revista científica NanoImpact. Zhongyuan Guo, o óxido também é usado em alguns chocolate para dar uma textura suave; em donuts para fornecer cor; e em leites desnatados para uma aparência mais brilhante, mais opaca que torna o leite mais saboroso.

Para evitar alimentos ricos em nanopartículas de óxido de titânico, os pesquisadores recomendam que as pessoas evitem  alimentos processados, e especialmente doces. "É neles onde você vê um monte de nanopartículas", disse Mahler.

Acompanhe tudo sobre:AlimentosDocesIndústrias de alimentosQuímica (ciência)Saúde

Mais de Ciência

Meteoro 200 vezes maior que o dos dinossauros ajudou a vida na Terra, diz estudo

Plano espacial da China pretende trazer para a Terra uma amostra da atmosfera de Vênus

Reino Unido testa remédios para perda de peso para combater desemprego

Nova variante do vírus da covid-19 é identificada em três estados