Ciência

Academia de Ciências apoia modificação genética de embriões

O relatório causou preocupação de pesquisadores que temem que as ferramentas genéticas possam ser usadas para selecionar características em humanos

Genética: os peritos observaram que ensaios clínicos sobre a edição de genes para certos traços não hereditários já estão em andamento (Daniel Acker/Bloomberg)

Genética: os peritos observaram que ensaios clínicos sobre a edição de genes para certos traços não hereditários já estão em andamento (Daniel Acker/Bloomberg)

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AFP

Publicado em 15 de fevereiro de 2017 às 22h05.

Um influente comitê consultivo científico dos Estados Unidos anunciou nesta semana que a modificação genética de embriões humanos deveria ser permitida no futuro para eliminar doenças.

O relatório da Academia Nacional de Ciências (NAS) causou preocupação entre alguns pesquisadores, que temem que as ferramentas genéticas possam ser usadas para impulsionar a inteligência ou criar pessoas com determinadas características físicas.

"Os ensaios clínicos para a edição do genoma da linha germinal humana - acrescentando, removendo ou substituindo pares de bases de DNA em gametas ou embriões iniciais - poderiam ser permitidos no futuro", disse o relatório, divulgado na terça-feira.

"Mas apenas para condições sérias, sob estrita supervisão", acrescentou.

O surgimento de uma tecnologia de edição de genes barata e precisa, conhecida como CRISPR/Cas9, alimentou "uma explosão de novas oportunidades de pesquisa e potenciais aplicações clínicas, hereditárias e não hereditárias, para abordar uma ampla gama de problemas de saúde humana", destacou o relatório.

O comitê de especialistas internacionais foi convocado para examinar questões científicas, éticas e de governança relativas à edição do genoma humano.

Os peritos observaram que ensaios clínicos sobre a edição de genes para certos traços não hereditários já estão em andamento.

"Essas terapias afetam apenas o paciente, não qualquer descendência, e devem continuar para tratamento e prevenção de doenças e deficiências, usando as normas éticas existentes e um quadro regulamentar para o desenvolvimento da terapia genética", disse.

O grupo disse que usar a ciência para aprimorar traços humanos, como a força física, "não deve ser permitido neste momento".

Em 2015, o Comitê Internacional de Bioética da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) pediu a suspensão da edição da linha germinal humana, devido à preocupação de que a técnica possa levar a tentativas de melhorar a qualidade genética da raça humana.

Mais de 40 países assinaram uma convenção internacional que proíbe o uso da edição genética para modificar a raça humana.

Nos Estados Unidos, os fundos federais não podem ser usados para editar DNA e células reprodutoras humanas.

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