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White Lotus: conheça a minissérie considerada uma das melhores do ano

Criada por Mike White, série da HBO Max já é considerada uma das melhores do ano de 2021

White Lotus: série é a mais vista da HBO. (HBO/Divulgação)

White Lotus: série é a mais vista da HBO. (HBO/Divulgação)

AO

Agência O Globo

Publicado em 16 de agosto de 2021 às 16h41.

Alguém morre em "The White Lotus", minissérie da HBO Max que terminou no último domingo, mas isso não é um spoiler. Vemos um cadáver sendo carregado em um avião nos primeiros cinco minutos do programa. Mas a série de seis episódios, que se passa em um resort de férias no Havaí e foi escrita e dirigida por Mike White, da "Escola do rock", não é apenas uma história de mistério. É uma exploração cômica e obscuramente intensa de privilégios, riqueza e ansiedade existencial. É também um dos melhores shows que você verá este ano. A segunda temporada, com outros personagens,já foi confirmada pela HBO.

A história começa com Jake Lacy irritado, ator que freqüentemente interpreta um cara branco privilegiado (veja "Alta fidelidade", "Girls"). Aqui não é diferente - ele é um rapaz repugnante chamado Shane, que se gaba de sua riqueza herdada. No primeiro episódio, está determinado a arruinar a própria lua de mel por entrar em conflito com a gerência do hotel. Sua reclamação? Eles o colocaram no quarto errado. Sua mãe, que arranjou a viagem após saber que o hotel era o “mais romântico” da ilha, reserveu a suíte Pineapple, não a suíte Palm.

Ao longo de uma semana, todos os personagens desenvolvem uma microtrama que pode parecer trivial no início, mas diz a você tudo o que precisamos saber sobre suas neuroses mais profundas. A nova esposa de Shane, Rachel (Alexandra Daddario), é uma jornalista freelance que está passando por uma crise de carreira por ter se casado com um cara rico. Mas ela parece igualmente ansiosa e atordoada com pequenas questões também, tipo quando duas adolescentes de férias em família (Sydney Sweeney e Brittany O’Grady) lançam seus olhares cheios de julgamentopara ela à beira da piscina. Há a angustiada e autoritária Tanya (Jennifer Coolidge), que se apega à primeira pessoa que encontra no hotel; o gerente Armand (Murray Bartlett), um alcoólatra em recuperação que está pronto para irritar Shane na batalha da Suíte Pineapple; e o pai de dois filhos Mark (Steve Zahn), que não para de verificar obsessivamente se está com câncer nos testículos Por que todo mundo está tão nervoso? Isso não era uma série sobre férias?

A genialidade de "White Lotus" não reside apenas no cuidado e atenção dada a personagens complicados (que são, esmagadoramente, pessoas horríveis), mas em sua poderosa exploração da riqueza e do privilégio branco. A beleza do cenário perfeito nunca eclipsa totalmente as relações de poder que existem entre turistas brancos e nativos do Havaí; a violenta história colonial da ilha está sempre à espreita. Conversas sobre privilégio vêm à tona repetidas vezes durante o jantar ou na praia, muitas vezes conduzidas pelos personagens mais jovens.

A inclusão de funcionários do hotel no elenco - Armond, a gerente do spa Belinda (Natasha Rothwell) e a nova estrela Lani (Jolene Purdy) - significa que a guerra de classes é uma parte central da história. Armond explica: “Você tem que tratar essas pessoas como crianças sensíveis. Eles só precisam se sentir vistos. Eles querem ser os únicos filhos, o bebê especialmente escolhido pelo hotel. ”

A série é tão bom que é fácil esquecer que foi feita durante a pandemia. Mike White, o criador, levou o elenco para um resort na tentativa de contornar os limites criativos das filmagens - e embora não devamos ignorar a hipocrisia de levar ricos brancos da parte continental de Hollywood a uma ilha para filmar durante uma pandemia (olá, este é um show sobre privilégio e exploração!), ele transforma com sucesso o cenário singular em um microcosmo para o capitalismo colonial. Como resultado, o programa se destaca como algo fascinante, mesmo sem considerar as circunstâncias atenuantes provocadas pela Covid-19.

"White Lotus" é o programa do verão do hemisfério norte, e não apenas porque grande parte da ação acontece em belas praias de areia branca. Tem a apatia politizada adolescente que "Gossip Girl"gostaria de ter de novo, a análise de classe satírica e mordaz que o filme de Sofia Coppola do ano passado, "On the Rocks", não conseguiu ter e atinge a deliciosa claustrofobia que "Malcolm & Marie" queria. Então, com certeza, venha em busca do mistério, mas espere ser arrebatado pelas férias menos relaxantes de sua vida.

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