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Weinstein pagou US$ 1 mi para modelo não denunciar assédio sexual

Segundo reportagem, Weinstein fez acordos semelhantes com funcionários, parceiros corporativos e mulheres que o acusavam de assédio por ao menos 20 anos

Weinstein: o acordo fez parte de um caso que acabou desprezado pela Promotoria do Distrito de Manhattan em 2015 (Andrew Kelly/Reuters)

Weinstein: o acordo fez parte de um caso que acabou desprezado pela Promotoria do Distrito de Manhattan em 2015 (Andrew Kelly/Reuters)

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EFE

Publicado em 21 de novembro de 2017 às 22h18.

Nova York - O produtor Harvey Weinstein pagou US$ 1 milhão à modelo Ambra Gutierrez para que ela assinasse um acordo de confidencialidade sobre um assédio sexual denunciado por ela à polícia e que fez parte de um caso que acabou desprezado pela Promotoria do Distrito de Manhattan em 2015.

Uma reportagem divulgada nesta terça-feira pela revista "The New Yorker", que revelou os abusos do produtor no início de outubro, expõe que Weinstein fez acordos semelhantes com funcionários, parceiros corporativos e mulheres que o acusavam de condutas inapropriadas por pelo menos duas décadas.

Gutierrez e Zelda Perkins, uma ex-assistente de Weinsten na Inglaterra que há 20 anos fez um acordo para ficar em silêncio, explicam à "The New Yorker" que foram pressionadas pelos advogados de ambas as partes a assinar a confidencialidade. Ambas alegam que não estavam bem informadas sobre o que estavam assinando.

"Nem sequer entendia o que estava fazendo com todos esses papéis", disse a modelo, que usou uma escuta, com o conhecimento da polícia, e conseguiu uma gravação de Weinstein admitindo sua conduta inadequada com ela.

De acordo com a "The New Yorker", Weistein usou uma rede de importantes advogados, ex-funcionários do governo e investigadores particulares após a modelo ter entrado em contato com a polícia.

Além disso, ele contratou a empresa de espionagem K2, segundo a revista, para garantir que o promotor do distrito de Manhatann, Cyrus Vance, não apresentaria acusações contra ele.

A K2 contratou investigadores italianos para levantar a história sexual do modelo e produziu um dossiê no qual a acusava de se prostituir. O relatório revelava que ela participou de uma festa "bunga bunga" do ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi.

Ela, inclusive, chegou a ser testemunha de um julgamento contra o político italiano por abuso de poder e por ter mantido relações sexuais com uma menor de idade.

O artigo ainda critica o interrogatório "inusualmente hostil" da Promotoria de Manhattan contra a modelo. Outro ponto questionado é o foco na questão Berlusconi e na história sexual da Gutierrez em vez das provas contra Weinstein obtidas por ela.

Além disso, segundo a "The New Yorker", vários advogados de Weinstein doaram para a campanha do promotor Cyrus Vance, entre eles David Boies, que contribuiu com US$ 10 mil depois de ele desistir de apresentar acusações contra o famoso promotor de Hollywood.

Já Zilda Perkins revelou que tinha decidido falar de forma "simbólica" para questionar a legitimidade do acordo assinado por ela e contou à "The New Yorker" que ela e outra assiste, agredida sexualmente pelo produtor, se viram limitadas a essa opção legal.

Quando Perkins sugeriu informar o caso ao executivo-chefe da Disney, matriz do estúdio Miramax, de Weinstein, seus advogados foram firmemente contrários a qualquer denúncia.

"A Disney a destroçará. O Miramax também. Vão te arrastar na lama, junto com sua família, amigos e mostrarão que você está instável, louca. Farão o necessário para silenciá-las", revelou.

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