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Wagner Moura: não faltaria assunto para um Tropa de Elite 10

Tropa de Elite 2 vai representar o Brasil na disputa por uma vaga entre os finalistas do Oscar; confira a entrevista com o ator

Wagner Moura em cena do filme Tropa de Elite 2: "Segurança pública é um latifúndio a ser explorado) (Divulgação)

Wagner Moura em cena do filme Tropa de Elite 2: "Segurança pública é um latifúndio a ser explorado) (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 21 de setembro de 2011 às 10h57.

Em Tropa de Elite 2, Wagner Moura interpreta um homem mais maduro, de cabelos grisalhos e cada vez mais consciente do seu lugar no sistema de segurança. Foi um novo desafio para o ator de 34 anos, que engordou oito quilos para fazer um Nascimento quarentão e pai de um adolescente. No novo filme, o policial do Bope está separado da mulher, Rosane (Maria Ribeiro), e tenta conquistar a confiança de Rafael (Pedro Van Held), que se dá bem com seu padrasto, o deputado Diogo Fraga (Irandhir Santos). Tropa de Elite 2 é uma das maiores produções da história do cinema brasileiro, com orçamento total de 16 milhões de reais e grandes perspectivas de faturamento.

Além de interpretar o protagonista da história, Moura deu contribuições para a elaboração do roteiro e é uma das onze pessoas que participam do fundo de investimento que sustentou a produção do filme (do grupo participam também o diretor José Padilha, o produtor Marcos Prado, o roteirista Bráulio Mantovani e o empresário Beto Sicupira, um dos donos da AmBev).

No novo filme, ambientado no Rio entre 2003 e 2010, acontece a redenção de Nascimento e, de certa forma, do próprio Moura, que não vai mais precisar justificar as extrapolações de seu personagem, promovido de capitão a tenente coronel. Ao longo da história, Nascimento sai do Bope e vai para a área de inteligência da polícia, com funções na Secretaria de Segurança Pública.

Para incorporar seu personagem fundamental em Tropa 2, Moura nem precisou atingir um ponto de fúria e quebrar o nariz de um dos policiais que o treinaram, mas teve que trabalhar outras emoções profundas, como as da paternidade, o medo de perder quem se ama ou o medo da morte. O fato é que Nascimento vai mudar a ponto de questionar a violência como recurso contra a criminalidade. E um dos efeitos mais visíveis de sua libertação pessoal é que ele chora. Wagner Moura respondeu por email algumas perguntas feitas pela Revista Alfa.

ALFA: Como explicar o sucesso de um personagem tão controverso como o Capitão Nascimento? Você gosta do Capitão Nascimento? Além da honestidade, você vê outras virtudes no personagem?

Wagner Moura: Nascimento é uma mistura de vários policiais, entre eles o próprio Rodrigo Pimentel. Os homens do Bope que eu conheci são todos pessoas honestas como você diz e a maioria acredita realmente que matando e torturando bandido estará prestando um serviço à sociedade. Todos nós nos esforçamos muito para que o filme tivesse uma proximidade forte com o mundo real. Evidentemente, Tropa de Elite é uma obra de ficção, mas com uma estética quase documental. Acho que essa “verdade” aproximou o espectador, que se viu retratado ali. Além disso, o filme consegue falar de política e ser entretenimento ao mesmo tempo, uma combinação rara.

ALFA: Você pode descrever o trabalho de preparação feito com a Fátima Toledo e as diferenças na preparação no primeiro e no segundo filme? Qual Nascimento foi mais desafiador para você interpretar, o capitão ou o coronel? Porque?

Wagner Moura: No segundo filme houve essa busca pelo tom. Era o mesmo cara, só que 15 anos mais velho. Era e não era a mesma pessoa. A Fátima me ajudou muito nessa transição.


ALFA: A Fátima me disse que um dos seus desafios era apagar o Capitão Nascimento do primeiro filme e erguer um novo personagem. O personagem mudou tanto assim de um filme para outro? Que mudanças são essas? A violência do personagem é atenuada no segundo filme?

Wagner Moura: Desde que começamos a discutir um segundo filme, ficou claro logo de início que Nascimento precisava ser mais consciente do que no primeiro. Ele agora é um personagem que passa a compreender o seu papel no jogo, que ele é só mais uma peça do quebra-cabeça caótico que é o sistema de segurança pública brasileiro.

ALFA: O Nascimento influenciou você? Em um entrevista depois do primeiro Tropa você admitiu que o personagem deixou você mais agressivo, que “ficou uma coisa no ar.” Você pode explicar isso melhor. Grandes personagens influenciam os atores que os interpretam?

Wagner Moura: Não me lembro de ter dito que eu fiquei mais agressivo. O que acontece é que quando se está filmando, às vezes passa-se mais tempo no set do que em casa. Aquela atmosfera, aquelas imagens ficam no imaginário. Nada que um banho quente não resolva.

ALFA: O que mudou na sua vida desde o lançamento de Tropa de Elite, em 2007? Você ganhou mais dinheiro? A fama alterou sua vida? O que a experiência do sucesso está ensinando para você?

Wagner Moura: O Tropa foi um fenômeno de cultura de massa. E na mesma época do lançamento do filme eu protagonizei uma novela do Gilberto Braga. Me tornei um ator popular, o que, de um modo geral, é uma coisa muito boa.

ALFA: Ideologicamente, os assuntos tratados em Tropa de Elite 2 parecem interessar para você. Porque você decidiu participar do segundo filme? Na sua opinião, o novo filme, que explora os vínculos da bandidagem com a política, será tão revelador como o primeiro Tropa de Elite, que tratava da polícia e do tráfico?

Wagner Moura: Eu me interesso muito por política. Tropa de Elite é um filme político, o Zé Padilha é um diretor que tem um trabalho muito atrelado à questões políticas. Segurança Pública é um latifúndio a ser explorado. Poderíamos fazer até Tropa de Elite 10 que não faltaria assunto.

ALFA: Depois de Tropa de Elite, você se engajou em algumas causas sociais. Apoiou o MST, por exemplo, e reforçou as denúncias contra os assassinos de Dorothy Stang. Isso tem alguma coisa ver com Nascimento, é uma forma de neutralizá-lo em sua imagem? Ou esse engajamento em causas sociais é uma característica de sua personalidade e de sua carreira de ator?

Wagner Moura: Você está me perguntando se eu me engajo em causas sociais para neutralizar a imagem de um personagem? É isso mesmo?

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