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Volta da aposentadoria de Wallace expõe dificuldade de renovação no vôlei

Time embarca para últimos ajustes antes do Mundial; jogador aceitou proposta diante de lesões e falta de opções para substituição

Wallace, de 35 anos, teve 45 dias de aposentadoria e foi metralhado por mensagens e telefonemas de companheiros e de Renan (Angela Weiss/Getty Images)

Wallace, de 35 anos, teve 45 dias de aposentadoria e foi metralhado por mensagens e telefonemas de companheiros e de Renan (Angela Weiss/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 15 de agosto de 2022 às 12h10.

Com o oposto Wallace, recém-integrado após aposentadoria relâmpago, a seleção brasileira de vôlei embarca hoje para a França. O time de Renan dal Zotto fará dois amistosos contra a seleção local, atual campeã olímpica e da Liga das Nações, conhecerá a base do Time Brasil nos Jogos de Paris-2024, em Saint Ouen, nos arredores da capital francesa, e depois seguirá para Eslovênia para a disputa do Campeonato Mundial. O torneio será realizado também na Polônia, entre o dia 26 de agosto e 11 de setembro.

"Mandei assim: 'Você tem de voltar!'. Antes, escrevi um palavrão", conta, aos risos, o ponteiro Leal .

Durante a Liga das Nações, o Brasil ficou sem reserva de oposto. Alan, substituto de Wallace, MVP na conquista da Copa do Mundo de 2019, rompeu o tendão de Aquiles e precisou operar. Foi substituído pelo irmão, Darlan. Na reta final da Liga das Nações, o Brasil jogou apenas com ele, que nunca havia disputado partida oficial no adulto.

"Mudávamos a estrutura toda do treino porque só tínhamos um na posição. Lucão, Adriano e Leal viravam oposto", lamenta Renan, que nem esperou a Liga das Nações terminar e ligou para Wallace.

"Perguntei: 'e aí, como você está? E a família?' (risos). Ele já sabia (do que se tratava) e ficou contente com o contato. Disse apenas que se não se sentisse bem fisicamente, não voltaria. A verdade é que ele nunca fugiu dos nossos planos. Até estava inscrito na Liga das Nações. Estávamos preocupados com este setor por causa das contusões. Do próprio Alan, lesionado no pé quando estava no clube, na Rússia, do Franco e do Felipe Roque", diz o treinador.

Ciclo até Paris

Renan elogiou Darlan (“brilhante e corajoso”), diz que será um dos grandes opostos do mundo, mas precisava de mais um atleta bem fisicamente no grupo.

"A contribuição de Wallace será fundamental, mesmo que o Brasil não viva de um salvador de pátria", diz Renan, que sofreu ainda com os ponteiros na fase inicial da Liga das Nações, sem Leal e Lucarelli, que se apresentaram depois.

Desde 2015, quando foi quinto, o Brasil não ia tão mal na Liga das Nações (ex-Liga Mundial). Eliminado nas quartas de final pelos Estados Unidos, Renan e alguns atletas foram questionados por fãs da modalidade. Por causa desta campanha e do quarto lugar na Olimpíada de Tóquio, o Brasil perdeu a liderança do ranking mundial, após cerca de 20 anos, e agora está em terceiro (a Polônia é líder, e França, vice-líder).

"Bruninho e Lucão, experientes e em ótima forma física, têm muito ainda a contribuir com a seleção até Paris. Dentro da quadra ou no banco. A disputa no time titular está aberta em todas as posições", fala o treinador, questionado sobre ambos atletas e sobre o próprio futuro.

"Esporte é resultado. Em princípio o plano é esse, até Paris. Mas isso é algo que a CBV tem de decidir. Queríamos mais, mas o resultado, a meu ver, foi circunstancial. Fica uma dorzinha e não vemos a hora de jogar de novo. Queremos que o Mundial comece logo", afirma Renan dal Zotto.

Bruninho também comentou sobre a renovação e pediu a volta da seleção de novos. "Temos de ter equilíbrio e não desesperar e achar que está tudo errado. Vamos continuar o trabalho e o processo. É preciso fazer estes jovens como o Darlan jogarem cada vez mais em alto nível. A gente sabe que a Superliga caiu um pouco (o nível)", diz.

A fase instável ganhou ainda mais repercussão, uma vez que a seleção feminina, que também passa por renovação, foi prata nos Jogos de Tóquio e na Liga das Nações.

"Os Estados Unidos foram décimo em Tóquio e prata na Liga das Nações. A França, campeã olímpica, caiu nas oitavas do Europeu. E o Brasil, em 2012, foi sexto na Liga Mundial e depois prata em Londres-2012. O masculino está assim, qualquer seleção que chegue com cobertor curto, paga a conta", pondera o treinador.

Tempo para retorno

Para Wallace, o “brasileiro tem de aceitar que altos e baixo acontecem”. Ele diz que se sente bem fisicamente, mas precisa de ritmo de jogo.

O oposto contou que durante a aposentadoria não fez nada, queria distância da bola e da musculação. E que desde 1º de julho voltou ao batente, de forma antecipada, no Cruzeiro. Lembrou dos pedidos para voltar à seleção, de amigos e de Renan, e assegurou que não viraria as costas.

"Estava totalmente descansado e não tinha motivo para me ausentar nesse momento delicado", diz o jogador, que não tirava férias há 11 anos. "Precisava de espaço com a família, cabeça tranquila, descanso físico. E tive tudo. Se fosse sempre assim... Mas não me pergunta quantos anos mais serviria à seleção. Tenho de priorizar o clube também".

Wallace disse que negociar em casa foi o mais fácil nesta volta: a esposa Mariana e os filhos Max, de 5 anos, e Mia, de 3, estão felizes.

"Não gostaram quando me aposentei, mesmo com mais tempo para eles. Ficaram divididos, perguntavam se eu tinha certeza, se sentiria falta. Eles estão felizes. A questão é minha mesmo. A saudade que sentirei durante a viagem para o Mundial", afirma o oposto.

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