Beetle: após 74 anos, um dos carros mais famosos de todos os tempos se despede (Divulgação/Divulgação)
Guilherme Dearo
Publicado em 11 de julho de 2019 às 15h18.
Última atualização em 11 de julho de 2019 às 15h30.
São Paulo - O fim de uma era. Ontem (10), a Volkswagen produziu o seu último Beetle, que saiu de uma fábrica em Puebla, no México. Em sua terceira geração, o Beetle foi um dos carros mais icônicos a rodar por ruas e estradas em seus 74 anos de vida. Nessa semana, ele se despediu para sempre ao som de mariachis e aplausos dos trabalhadores da fábrica.
De 1945, quando começou a ser produzido na Alemanha logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, até 2019 foram 21 milhões de unidades vendidas. No Brasil, o Beetle virou Fusca e só vendeu menos que na Alemanha, onde contava com a força da VW em terras natais, e nos Estados Unidos, onde a força do consumo do "American way of life" impulsionou as vendas nos anos 50 e 60 - além disso, o filme "The Love Bug", de 1968 ("Se Meu Fusca Falasse", no Brasil), popularizou o modelo com o carismático personagem Herbie, marcando a cultura pop.
A história do Beetle começou em 1932, na Alemanha às vésperas da ascensão de Adolf Hitler, quando o projetista Ferdinand Porsche desenhou o NSU Type 32, que seria a base para o Beetle. Em 1934, com Porsche desejando criar um "carro do povo alemão" (o nome Volkswagen significa "veículo do povo" em alemão), um contrato foi assinado com o governo nazista. Hitler, já no poder, participou da criação do carro. Ele exigia que o veículo fosse robusto e barato para dominar as ruas. A ideia era que o carro fosse tanto militar quanto civil. O designer austríaco Erwin Komenda cuidou do desenho da carroceria.
Os primeiros protótipos datam de 1936. Em 1938, chegava às ruas o KDF-Wagen. Os trabalhadores alemães conseguiam adquirir o carro através de um tipo de consórcio. A produção, contudo, parou com o início da Segunda Guerra Mundial.
Em 1945, com o fim do conflito, os ingleses decidiram retomar a produção do modelo, dessa vez com o nome VW Tipo 1, depois Beetle (besouro), como forma distanciar o carro de Hitler. A palavra, tão popular, acabaria influenciando o nome da banda mais famosa de todos os tempos, The Beatles, que chegaram a se chamar Silver Beetles em suas primeiras formações.
Em 1949, com a fábrica da VW de volta às mãos alemãs, as primeiras unidades chegaram aos EUA. Na Alemanha, o sucesso da indústria automotiva ajudou o país a se reerguer da destruição da guerra.
No Brasil, o Beetle virou Sedan 1200 e, posteriormente, Fusca. Chegou ao País em 1950, em um lote importado. Até 1952, o carro começou a ser montado no Brasil, mas com peças vindas da Alemanha. A partir de 1953, a Volkswagen iniciou a produção local do carro em um galpão no bairro do Ipiranga, em São Paulo. Só em 1959 a montadora criaria a fábrica de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. O Fusca reinou no Brasil até 1986, quando a produção foi interrompida. Voltou no governo Itamar Franco, sendo fabricado entre 1993 e 1996.
A retomada do Beetle, batizado de New Beetle, veio em 1998, com grande sucesso. Nascia de um conceito apresentado em Detroit, em 1994, quando a VW testou novas linhas do antigo Beetle na base de um modelo Golf. Nos EUA, foram 80 mil unidades vendidas só em 1999. Com formas arredondadas menos exageradas e ar retrô, o modelo foi obra do designer J. Mays. Foi um grande sucesso, vendendo 380 mil unidades nos EUA e 500 mil globalmente. Enquanto isso, no México, a fabricação do Fusca se manteve a todo vapor até 2003, quando foi encerrada. Na Alemanha a produção já cessara desde os anos 1970.
Na esteira da nova febre Beetle, mais um filme em Hollywood, continuação do original: "Herbie Fully Loaded", de 2005, com Lindsay Lohan, em alta à época. Não virou referência cult como o primeiro.
Em uma segunda geração, quando voltou a se chamar apenas Beetle, o carro não fez o sucesso esperado, pouco competindo com os SUVs que dominavam o mercado. Em 2018, em Los Angeles, a Volkswagen avisou que ele não seria mais fabricado a partir de 2019.
O fim pode não ser definitivo, no entanto: já há rumores que ele poderia ser ressuscitado, com novo desenho e, dessa vez, totalmente elétrico. Outra possibilidade nostálgica, dessa vez para 2022, é o relançamento do VW Bus (a famosa perua, no Brasil), em um modelo elétrico. Já um conceito da montadora, o I.D. Buzz.
As 65 últimas unidades fabricadas podem ser encontradas a partir de US$ 20.895 e também vêm na versão conversível. Só é possível comprá-las online.