(krugli/Getty Images)
Julia Storch
Publicado em 7 de fevereiro de 2023 às 08h13.
Já não é mais novidade que a transformação digital entrou no radar das empresas de todos os tamanhos e segmentos e que a maior parte delas está investindo ou tem planos de apostar nela nos próximos anos.
De acordo com o estudo “Impulsionar a adoção de tecnologias emergentes na América Latina”, realizado pelo Harvard Business Review Analytic Services em parceria com a NTT DATA, 90% das companhias da América Latina gostariam de aumentar seus aportes em novas tecnologias em 2023. Além disso, para 87% dos entrevistados já é possível ver resultados positivos resultantes do investimento em inovação de 2020 para cá.
Essa estratégia focada em desenvolver a digitalização interna se revela ainda mais importante ao observar o contexto atual, no qual o mercado de tecnologia global está passando por um período turbulento e várias organizações e startups estão demitindo e anunciando realinhamento dos negócios, como Amazon, Meta, Spotify, Google e Salesforce.
Isso porque temos historicamente um movimento de desenvolvimento de negócios e inovações em momentos de incertezas e instabilidades: empresas como Spotify, Airbnb e Uber surgiram depois da crise financeira de 2008, e hoje em dia são unicórnios. O mesmo aconteceu com a startup brasileira de planos de saúde Alice, que foi criada em 2020 após a pandemia de covid-19 e está crescendo exponencialmente, e com a gigante Microsoft, que foi fundada em uma época na qual a bolsa de valores americana estava em colapso.
Esses são apenas alguns exemplos de sucesso que mostram como o mercado está cheio de oportunidades, basta que as companhias abram os seus olhos para elas e ressignifiquem os períodos de declínio econômico, entendendo que eles também podem gerar novas ideias e soluções inovadoras.
Nesse sentido, a virada digital tem um enorme potencial de impulsionar o desenvolvimento de produtos e serviços disruptivos, que de fato venham para agregar a vida dos consumidores e ainda elevem os negócios das empresas a outros patamares, ajudando a simplificar cada vez mais o dia a dia das pessoas e atendendo verdadeiramente às necessidades e desejos da sociedade.
Pode parecer contraditório investir em tecnologia nesse momento, ainda mais levando em consideração que esse é justamente o mercado que está protagonizando a crise e esses aportes até o momento não apresentaram seu potencial de resultados. Mas é importante ter em mente que o cenário atual é consequência de uma série de acontecimentos inesperados, como a pandemia e a guerra na Ucrânia, e falta de estruturação interna, como apontam dados do estudo “Mapa da Inovação Corporativa”, produzido pela Aeva em parceria com a Inventta, que mostram que 57% das organizações precisam aperfeiçoar seus processos, desde a geração à implementação de ideias, 71% não fazem uso de ferramentas estruturadas para otimizar a gestão da inovação e 42% não possuem entendimento sobre as competências fundamentais para ela.
Para superar esses problemas, as empresas agora devem focar em identificar os tipos de impactos financeiros que os CEOs querem e priorizar iniciativas digitais que apoiem isso; criar uma hierarquia de métricas visuais para comunicar interdependências entre iniciativas relacionadas; trazer profissionais de TI para os negócios para compor um time que acelere as iniciativas digitais prioritárias, e engajar talentos de lugares não convencionais para ter progresso em projetos de menor prioridade mas que apresentam impactos indiretos nas finanças, como mostram dados do levantamento “CIO Agenda 2023” realizado pela consultoria Gartner.
Passados os efeitos negativos desses eventos, a tendência é que as economias globais voltem a crescer, e só as organizações que estão encarando esse período com calma, resiliência e foco, e investindo em ferramentas e uma gestão que desenvolva sua transformação digital e as coloque no mesmo nível da concorrência, vão ser capazes de aproveitar esse progresso.
*Gustavo Caetano é fundador da Sambatech e Samba Digital