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Vinhos: A taça importa tanto quanto um bom rótulo

Faz sentido investir em ótimas garrafas e não extrair delas seu máximo potencial? A qualidade do cálice faz muita diferença na hora de apreciar seu vinho

 (Catarina Bessell/Exame)

(Catarina Bessell/Exame)

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Julia Storch

Publicado em 27 de março de 2022 às 09h00.

Pode parecer preciosismo ou mania de enochato. Mas um dos melhores e mais sensatos investimentos que um bebedor de vinho pode fazer é em uma bela taça.

Não estou escrevendo aqui para convencê-lo de que é necessário ter 15 modelos de taça em casa, e que beber no modelo errado seria sacrilégio ou mesmo um desperdício. Estou apenas questionando se faz sentido investir em ótimas garrafas e não extrair delas o máximo de seu potencial.

Beber vinho é, acima de tudo, uma experiência sensorial. E a qualidade da taça — idealmente feita de cristal soprado, com um design inteligente que valorize os atributos do vinho — faz, sim, muita diferença na nossa percepção do líquido dentro dela e no prazer que podemos ter ao bebê-lo.

Existem vários outros rituais que atrelamos ao ato de beber — decantar o vinho, aerá-lo, servir na temperatura certa —, que buscam justamente valorizar essa experiência sensorial e extrair do vinho tudo o que ele pode nos oferecer. O design da taça é importante — afeta como o líquido se mexe e interage com o oxigênio, influencia em quanto da temperatura é preservada e dita a nossa proximidade física com o vinho (pense em como é difícil e estranho aproximar seu nariz de uma flûte, ou taça de espumante, por exemplo).

Mas o grande prazer de uma bela taça começa na experiência tátil. Levantá-la e sentir sua leveza entre os dedos, notar o peso do vinho quando o mexemos de um lado para o outro e a forma contínua como o vinho parece fluir da taça à boca, sem que ela se faça muito presente. A diferença é palpável.

Nos últimos anos, o culto às taças superpremium cresceu consideravelmente entre os bebedores de vinho, com muitos levando-as em viagens e até a restaurantes. Entre outros motivos, a resistência a investir em uma taça excepcional vem da ideia de que seria necessário comprar jogos inteiros. A verdade é que uma ou duas bastam — são instrumentos para curtir com vinhos especiais, em casa, a sós ou em casal. Para receber grupos maiores, use outras.

Mas e o investimento? As taças da Grassl­ Glass, uma das marcas disponíveis no mercado brasileiro, têm design suíço, mas são feitas na Eslováquia, e são necessários cinco artesãos para concluir uma única peça. Tamanho cuidado não sai barato (os preços variam entre 220 e 495 reais por taça, dependendo do modelo), mas, em se tratando de valorizar seu vinho, esse investimento acaba sendo diluído com o uso. Afinal, o vinho vai e a taça fica.

Quanto ela dura, claro, depende do cuidado que temos ao lavá-la e armazená-la. Mas ela é mais resistente do que a delicadeza do cristal parece indicar. 

E a melhor dica? Nunca lave a taça logo depois de beber! Passe uma água para não manchar, mas espere o dia seguinte para lavar, com atenção plena. O risco de quebrar sua preciosa taça diminuirá consideravelmente.  

 

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