(Justin Sullivan/Getty Images)
Daniela Barbosa
Publicado em 3 de abril de 2017 às 15h40.
Última atualização em 3 de abril de 2017 às 17h19.
São Paulo – Cada vez mais apreciados, os vinhos orgânicos e biodinâmicos têm ganhado o paladar dos apaixonados por vinhos em todo mundo. E, não à toa, vinícolas têm investido cada vez mais na produção desses tipos de bebidas – produzidas a partir de técnicas que respeitam o meio ambiente.
Mas o que diferencia um tipo de vinho do outro? EXAME.com conversou com o sommelier Andre Zangerolamo, da World Wine, para entender o processo de produção de cada um e algumas características comuns entre eles. Veja a seguir:
O que é vinho orgânico?
De acordo com Zangerolamo, a viticultura orgânica é um sistema de plantio que se baseia não só na videira, mas também na interação com a fauna e a flora do ambiente em que a videira cresce. Esse cultivo não utiliza defensivos químicos, e utiliza a própria natureza e sua biodiversidade no controle de pragas.
“Basicamente não se usa nesse tipo de cultivo defensivos químicos, como inseticidas e fungicidas. Em substituição a eles, se necessário, os produtores orgânicos utilizam a biodiversidade, o que garante o equilíbrio do vinhedo”, afirma o sommelier.
Resumindo, o processo de produção (vinificação) de um vinho orgânico é idêntico ao de um vinho comum, o que os diferencia um do outro é a pureza da matéria prima.
O que é vinho biodinâmico?
Todo vinho biodinâmico é orgânico, mas nem todo orgânico é biodinâmico. Isso porque a biodinâmica parte do cultivo orgânico dos vinhedos, mas vai além disso. De acordo com o especialista, a viticultura biodinâmica trabalha a cultura orgânica somada ao cosmo e a astrologia.
Pode parecer inusitado, mas Zangerolamo explica: “nesse tipo de cultivo a proposta é o retorno às técnicas ancestrais de agricultura. O cultivo da videira leva em conta as fases da lua, as estações do ano e os ritmos da natureza para determinar os momentos mais adequados para o plantio, poda e colheita”.
Ainda segundo o especialista, os produtores biodinâmicos utilizam uma espécie de homeopatia nos vinhedos, o que equilibra as plantações e gera uvas de melhor qualidade.
Do plantio à taça
Embora tenham técnicas diferentes de plantio, existem algumas semelhanças entre essas duas modalidades de vinho. É possível, por exemplo, produzir vinhos orgânicos e biodinâmicos com todos os tipos de uvas. O que não é sempre possível é produzi-los em qualquer ambiente. Locais com alto nível de pluviosidade podem dificultar esses tipos de cultivos por ocasionarem um número maior de aparições fúngicas.
Já o tempo de guarda desses vinhos é muito parecido com o do vinho comum. Segundo Zangerolamo, em alguns casos, por contar com uvas mais sadias, os vinhos orgânicos e biodinâmicos podem ser guardados por um período diversas vezes maior, inclusive.
Para reconhecer se um vinho é orgânico ou biodinâmico, o sommelier aconselha ficar de olho em algumas certificações. No Brasil, a certificação mais famosa é a Orgânico Brasil, que diversas vinícolas já possuem. Já internacionalmente, as mais famosas são IMO, para os vinhos orgânicos, e Demeter, para os biodinâmicos.
“Existem, no entanto, produtores pequenos que fazem seus vinhos seguindo esses métodos de cultivo e são capazes de produzir vinhos espetaculares mesmo sem ter nenhuma certificação. Mas acredito que o mais importante é tentar buscar referências de cada produtor”, afirma o especialista.