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Da Redação
Publicado em 22 de novembro de 2011 às 16h29.
Londres - A monarquia é a forma mais cara de governo, mas os ingleses já aprenderam que ela pode ser uma ótima fonte de lucros. Turistas gastam cerca de 500 milhões de libras (1,3 bilhão de reais) por ano no Reino Unido visitando locais ligados à família real. E um dos principais destinos para quem deseja se sentir mais perto do dia a dia da realeza é o Palácio de Buckingham, que todos os anos nessa época abre suas portas ao público.
Desta vez, porém, o centro do Salão de Baile traz um item inédito com as curvas da roupa que deu novo sopro de vida à coroa: o vestido com o qual Catherine Middleton - antes plebeia, agora duquesa de Cambridge - brilhou em seu casamento com o príncipe William, em abril. VEJA teve acesso antecipado à mostra na última quinta-feira e conta detalhes do que os visitantes poderão ter acesso a partir deste sábado:
Simples, de corpete estreito e fechado com 58 botões, o vestido tem uma cauda relativamente modesta, de 2,7 metros - bem menos da metade dos exagerados 7,5 metros da que Diana usou, 30 anos antes - e representa o charme discreto que se espera da nobreza no século XXI (e em época de vacas magras no país).
Muito mais do que qualquer peça do sempre comentado figurino de Catherine, o vestido avaliado em 250.000 libras (mais de 633.500 reais) causou furor, por motivos óbvios quando se trata de um enlace real, mas também por todo o mistério no qual foi envolto até o último momento: a identidade da estilista, Sarah Burton, diretora de criação da Alexander McQueen, só foi revelada no dia do casamento.
Bem acinturado, justo e moderno, como tudo o que a duquesa costuma vestir, faz uma leve referência ao modelo que outra princesa, Grace de Mônaco, usou há 55 anos. "Nós queríamos olhar para o passado, mas para o futuro também", explicou a estilista, que aparece em um pequeno vídeo explicando o processo de criação da peça.
Parte dos mais de 2 bilhões de pessoas que acompanharam à distância a impecável cerimônia agora podem ver de perto a renda bordada pela Escola Real de Costura, com motivos de rosas, cardos, narcisos e trevos, além do véu de tule. Outro grande destaque é a tiara Halo, da Cartier, criada em 1936 e ornamentada com mais de mil pontos de diamantes.
A joia, emprestada a Catherine pela rainha Elizabeth II para a cerimônia, foi um presente do rei George VI a Elizabeth, a rainha-mãe, que a repassou à filha no aniversário de 18 anos. Os sapatos de cetim e renda bordados à mão, de tamanho 35 e meio e nos quais ninguém reparou na cerimônia, ganham um lugar especial desta vez. Os brincos de diamantes Robinson Pelham, dados à noiva pelos pais dela, também estão à mostra.
Já o noivo, segundo na linha de sucessão e que terá de aprender com o pai Charles como viver à espera do trono, fica relegado a um papel secundário também na exposição The Royal Wedding Dress: A Story of Great British Design - menção a ele, somente nas iniciais que decoram o quarto andar do bolo de casamento (de chocolate, o seu preferido), que ainda exibe a marca deixada pela espada com a qual o cortou. E o doce feito pela confeiteira inglesa Fiona Cairns também tem sua particularidade: os três últimos andares são réplicas, o quarto, foi servido aos convidados, e os dois últimos, como manda a tradição, é guardado pelo novo casal para ser servido no batizado de seu primeiro filho. Ciente de seu papel de coadjuvante, príncipe William não acompanhou as protagonistas da história à exposição: a rainha e a duquesa, que foram conferir o resultado da mostra na sexta-feira.
O palácio - Os visitantes podem sentir, ainda que brevemente, a atmosfera de outros tempos, evocados pelos quartos, paredes e janelas de Buckingham. Além dos turistas, o local recebe mais de 50.000 convidados por ano para recepções e cerimônias oficiais. As festas mais cobiçadas pelos cidadãos ingleses que não portam títulos ou cargos políticos são as três garden parties promovidas anualmente para 8.000 convidados. Tradicionalmente, os homens usam fraque ou terno e mulheres usam vestidos e chapéus, mas como as regras de vestuário são apenas "informais", sandálias, jeans e até camisetas já foram vistas circulando pelos jardins.
O palácio abre suas portas à visitação anualmente, entre os meses de agosto e setembro, quando a Rainha Elizabeth II se muda para o Castelo de Balmoral, na Escócia, para as férias de verão da família. Trata-se de uma tradição recente - e um exemplo de adaptação da monarquia inglesa aos tempos modernos. Em 1992, um incêndio destruiu 100 quartos do Castelo de Windsor, com prejuízo estimado em 40 milhões de libras (100 milhões de reais). Como o prédio pertencia ao governo, e não à realeza, a conta deveria ser paga pelo contribuinte britânico, que protestou. A rainha resolveu, então, abrir o local à visitação para angariar fundos para a restauração. E a iniciativa, que era para durar apenas cinco anos, deu tão certo - 380.000 visitantes só em 1993 - que foi estendida por tempo indeterminado.
O impacto nas contas foi profundo: além de criar receitas próprias equivalentes a 34 milhões de libras (86 milhões de reais) para a coroa, Elizabeth II cortou mordomias. Hoje, a família real gasta metade do que gastava há 19 anos e custa apenas 1,57 real por ano para cada contribuinte. "Eles fizeram um ótimo trabalho em desarmar os críticos que reclamavam dos excessivos gastos públicos com a corte", disse a VEJA o historiador americano Frank Prochaska, da Universidade de Oxford, na Inglaterra. Neste sentido, o vestido de Catherine será uma bela ajuda: as vendas antecipadas de ingressos aumentaram 93% em relação ao ano passado e já somam 600.000 visitantes - um recorde, que supera com folga a marca histórica anterior, de 1994, que registrou 420.000 entradas.
The Royal Wedding Dress: A Story of Great British Design. Palácio de Buckingham. Buckingham Palace Road, SW1W, Londres. Ingressos: 17,50 libras (45 reais). Das 9h45 às 18 horas (última entrada às 15h45). Em cartaz até 3 de outubro. http://www.royalcollection.org.uk
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