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Verde e amarelo volta a colorir 'looks' da torcida brasileira

A expectativa de conquistar o hexacampeonato suscitou a volta do "Brazilcore", que exalta a "essência brasileira" verde e amarela, à margem da política

Chinelos com as cores do Brasil na vitrine de uma loja em São Paulo. (AFP/AFP)

Chinelos com as cores do Brasil na vitrine de uma loja em São Paulo. (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 30 de novembro de 2022 às 14h37.

Top amarelo com detalhes em verde, calças largas e tênis combinando, sombras nos olhos e unhas nas cores da bandeira para completar o "look". Júlia Barbosa não deixou nem um detalhe de fora ao se arrumar para torcer pela Seleção em um bar de São Paulo.

Assim como a indumentária desta estudante de "marketing" de 24 anos, o verde e amarelo colore as ruas e as vitrines do Brasil para assistir aos jogos da Seleção na Copa do Mundo do Catar.

"Vou ter um look diferente pra cada jogo", diz Júlia, enquanto posa para fotos com o conjunto que comprou para a estreia do Brasil contra a Sérvia (2-0). Para o jogo seguinte contra a Suíça, ela adiantou que vestiria "short, biquíni, tudo temático".

É que a expectativa de conquistar o hexacampeonato suscitou a volta do "Brazilcore", que exalta a "essência brasileira" verde e amarela, à margem da política.

Influenciadores e estrelas como a cantora Anitta voltaram a impulsionar o uso das cores pátrias, depois que foram apropriados pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e por seus apoiadores como símbolos da extrema direita.

Essa corrente "visa resgatar o orgulho das cores nacionais como sensação de pertencimento a todos os brasileiros, independente de crenças político-partidárias", explica Kátia Lamarca, coordenadora do curso de Design de Moda no Istituto Europeo di Design (IED), em São Paulo.

Para muitos torcedores, a Copa representa a volta do uso do verde e amarelo, que evitaram vestir durante anos para não serem identificados com o bolsonarismo. O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também pediu aos brasileiros para virarem essa página.

Lucas Belami, influenciador de 20 anos, segue a recomendação vestido com camiseta amarela e bandeira cintilante à frente, levantada para mostrar seu abdômen definido.

"Ia vir de azul, mas graças à Copa, a gente está recuperando nossa bandeira, que não representa mais um político, representa a nós, brasileiros. E eu vim bem estampado, de amarelo com a bandeira do Brasil, porque tenho muito orgulho do nosso país", diz, sorridente, em um bar de São Paulo.

Com as mãos na cintura, Vivianny Sales, uma engenheira de 31 anos, mostra seu top de lantejoulas azuis justo ao corpo, comprado antes da primeira vitória do Brasil.

"A ideia era chamar a atenção. A gente quer brilhar e que a seleção brilhe também", diz à AFP.

Chinelos com o "10"

"No país do futebol, é importante que a moda esteja atenta aos acontecimentos e aos desejos dos consumidores, sobretudo, os aficionados desta modalidade de esporte, que durante a Copa do Mundo, além de clientes, tornam-se também torcedores", diz Paula Acioli, pesquisadora e analista de moda.

"As coleções lançadas especificamente para a Copa do Mundo precisam ter timing, ser atrativas e assertivas, pois possuem curto prazo para consumo", explica.

A tradicional Havaianas aproveitou a ocasião para destacar a "brasilidade" em produtos fiéis a seu estilo descontraído, com um modelo de chinelos com o "10" dos craques, estampado em faixas verdes e amarelas.

"As marcas de moda sabem da potência emocional que existe em um evento desta magnitude", diz Kátia Lamarca.

Esses sentimentos, acrescenta ela, "se traduzem em compras, e as marcas se aproveitam deste momento especial para aumentar sua lucratividade".

Já a marca de moda carioca Farm, do Grupo Soma, lançou uma cápsula que inclui camisetas sem mangas com ombreiras, com expressões típicas como "Caraca", ou "Pra jogo", assim como blusas listradas com a inscrição "Brasil" e um abacaxi gigante nas costas.

Embora a moda feminina seja mais variada, há modelos masculinos à venda para além da camisa oficial da Seleção, que os torcedores têm usado estes dias, inclusive para ir ao trabalho.

De fato, a Seleção esbanjou estilo ao desembarcar em Doha, vestida em cores claras e com assinatura do respeitado estilista brasileiro Ricardo Almeida: ternos leves, feitos totalmente com lã fria, sob medida para o calor do Catar, camisa de linho com gola mao e echarpe de algodão.

Nas vitrines e nos sites são infinitas as propostas de marcas masculinas, inclusive as mais sofisticadas, como a camisa polo nas cores da bandeira e detalhes bordados.

Almeida avalia que a tendência pode durar mais tempo. "Principalmente se o Brasil", que é um dos favoritos, "ganhar a Copa do Mundo", destaca.

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