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Venda de vinhos premium no Brasil escapa de crises e deve crescer

Vinhos caros e de qualidade de regiões consagradas, como Borgonha e Champanhe, devem seguir ganhando espaço

Vinhedo em Champanhe: demanda por vinhos caros continua em alta. (Matteo Colombo/Getty Images)

Vinhedo em Champanhe: demanda por vinhos caros continua em alta. (Matteo Colombo/Getty Images)

Gilson Garrett Jr.
Gilson Garrett Jr.

Repórter de Lifestyle

Publicado em 31 de março de 2024 às 07h01.

Última atualização em 5 de abril de 2024 às 16h16.

Em setembro de 2023, um único comprador arrematou 466 lotes contendo osvinhos mais caros e raros do mundo por 9,3 milhões de dólares, em um leilão nos Estados Unidos. Nas caixas estavam preciosidades como o lendário francês Romanée Conti 1999 Domaine de la Romanée-Conti, avaliado em cerca de 275.000 dólares a garrafa. Esse evento ressalta a resiliência do mercado de luxo, que pouco sofre com as oscilações econômicas. Essa máxima também se aplica às bebidas premium (aqui incluído não só vinho), cujas vendas devem ter um crescimento de 50% nas Américas até 2026, segundo a consultoria IWSR, especializada em análise de mercado de bebidas. Apenas o segmento vinífero premium deverá crescer cerca de 16% na região.

Esses números mostram a realidade enfrentada pelos importadores no Brasil. Além dos vinhos caros, os consumidores buscam rótulos exclusivos, como explica Julia Frischtak Valente, da Cellar Vinhos, especializada em rótulos premium. “Temos uma demanda alta por produtos de vinícolas menores, onde o consumidor busca exclusividade”, afirma.

Paulo Brammer, diretor da importadora Berkmann Brasil, observa que, apesar da queda no consumo de vinhos na França, as garrafas premium provenientes de lá continuam com alta demanda. “Bordeaux, Borgonha, Champanhe. Todas essas regiões estão bem estabelecidas no mercado consumidor. Para aumentar a margem de rentabilidade, muitas vinícolas europeias estão direcionando esforços para a produção de vinhos mais caros”, diz.

Além do Velho Mundo, o mercado brasileiro tem mostrado espaço para rótulos premium de países vizinhos. Em 2018, o grupo de vinhos de luxo Baron Philippe de Rothschild lançou o Baronesa P, produzido no Chile e importado pela World Wine. “Em torno de 10% da produção tem o Brasil como destino”, diz Remi Coubronne, diretor comercial para as Américas.


Borbulhas da Espanha

Se o mercado global de vinhos deve ficar estacionado nos próximos dois anos, a situação é bem diferente para os espumantes. A expectativa é de um aumento anual de 7,5%, e de 24% quando considerados apenas os números dos champanhes, segundo a consultoria IWSR. Com uma produção de 5 milhões de garrafas por ano, a vinícola butique Segura ­Viudas, do grupo Henkell Freixenet, um dos maiores do segmento de espumantes do mundo, escolheu três rótulos para trabalhar no Brasil: o icônico Reserva Heredad, um dos primeiros cavas de prestígio do mundo; o frutado Brut Rosé; e o clássico Brut Reserva.

“Temos um perfil mais, digamos, afrancesado, já que nossos dois primeiros enólogos vieram de Champanhe. Nossos vinhos têm um pouco mais de acidez e de cremosidade”, explica Glória Collell, no comando da vinícola. Com essas características que se adequam melhor ao paladar brasileiro, a enóloga acredita que uma tem especial destaque na escolha do consumidor: sustentabilidade.

Utilizamos o mínimo de produtos químicos e estamos sempre estudando a natureza, como atrair a fauna local, como reduzir o consumo de água”, explica Collell. As terras onde as uvas são cultivadas são certificadas pelo Wineries for Climate Protection (WFCP), o único selo de sustentabilidade ambiental para o setor vitivinícola. 

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