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Turistas fazem fila para tirar foto com 'Ecce Homo' em Borja

Moradores da cidade manifestaram seu apoio à autora da 'restauração', Cecilia Giménez, uma idosa de 81 anos que todos têm como 'pessoa muito boa'

Antes e depois: mesmo bem intencionada a restauradora Cecília Giménez não fez um bom trabalho (Wikimedia Commons)

Antes e depois: mesmo bem intencionada a restauradora Cecília Giménez não fez um bom trabalho (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2012 às 16h12.

Borja - Milhares de pessoas participaram neste sábado da romaria ao santuário espanhol de Nossa Senhora da Misericórdia em Borja (Espanha) e dezenas precisaram fazer fila em sua igreja para fotografar a pintura do 'Ecce Homo' 'restaurado', que já deu a volta ao mundo pela internet.

No santuário havia uma expectativa geral sem dúvida maior que a de outros anos, pela presença de inúmeros veículos de comunicação, alguns estrangeiros, mas também de muitos curiosos que quiseram imortalizar sua imagem com a que já é conhecida como 'a pior restauração da história'.

Os moradores da cidade de Borja manifestaram seu 'mais absoluto apoio' à autora da 'restauração', Cecilia Giménez, uma idosa de 81 anos que todos têm como 'pessoa muito boa' que fez a intervenção na pintura 'com a melhor intenção do mundo'.

De fato, algumas mulheres deixaram claro que, para elas, o que menos importa é o que vai ser feito com o 'Ecce Homo' pintado em um dos muros da igreja no início do século XIX pelo artista Elías García Martínez, porque o importante é o estado de Cecilia, uma mulher de vida difícil e que nos últimos dias se viu atormentada pela repercussão de seu erro involuntário, que deu margem a todo tipo de piada.

A expectativa provocada foi tanta, que a prefeitura de Borja contratou hoje um guarda especialmente para vigiar a pintura e colocou uma corda a um metro e meio da obra, para proteger seu estado e evitar que os curiosos se aproximem demais, como se se tratasse da 'Mona Lisa', de Da Vinci, ou de 'A Maja Nua', de Goya.

O prefeito de Borja, Francisco Miguel Arilla, explicou à imprensa que desde quinta-feira muita gente está visitando o santuário, inclusive estrangeiros que vão até a cidade para ver o que uma idosa fez 'com todo o carinho do mundo' em 'uma obra pequena e sem valor, que não está nem catalogada'.


'Não chegamos a entender o que pode ter acontecido', reconheceu Arilla. 'Trata-se de um acidente que ocorreu com uma obra' da igreja, insistiu o prefeito, que quis manifestar que na prefeitura são 'muito escrupulosos' com o patrimônio municipal e inclusive têm uma equipe de restauradores que os assessora.

Esse grupo é o que na próxima segunda-feira estudará o estado no qual se encontra o 'Ecce Homo' e as possíveis soluções, uma reunião que já gerou interesse entre dezenas de veículos da imprensa, nacionais e internacionais, que informaram ao prefeito sua intenção de ir até o santuário para cobrir a história.

Em meio a toda a confusão que se formou, com Borja na mira do mundo, os moradores viveram hoje um dia de festa, com a dança tradicional como protagonista e comidas típicas que os grupos de amigos preparam.

Sem dúvida, a restauração da pintura e Cecilia foram os principais assuntos, e embora em alguns casos jornalistas criticassem a proporção que o incidente ganhou, em outros se comentava sobre a publicidade que a cidade ganhou de forma gratuita.

Cecilia conseguiu algo inédito, que nem o turismo, nem os encontros dos melhores corais do mundo em novembro, nem a restauração da Colegiata, um famoso conjunto arquitetônico histórico, conseguiu. 'Ninguém jamais fez com que a cidade de Borja fosse capa nos jornais de todo o mundo', lembrou uma vizinha.

Por isso, os moradores dedicaram um caloroso aplauso a Cecilia, uma pintora apaixonada que, sem dúvida, 'se dá melhor com paisagens', reconheceu uma de suas amigas. EFE

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