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Trens noturnos europeus recuperam a popularidade perdida

Desde o Expresso do Oriente até o Expresso Trans-Europa, poucos meios de viagem proporcionam tanto romance quanto um trem noturno europeu

Trens noturnos: de volta à moda na Europa (Pixabay/Reprodução)

Trens noturnos: de volta à moda na Europa (Pixabay/Reprodução)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 29 de junho de 2019 às 07h00.

Última atualização em 29 de junho de 2019 às 07h00.

Desde o Expresso do Oriente até o Expresso Trans-Europa, poucos meios de viagem proporcionam tanto romance quanto um trem noturno europeu. Infelizmente, essas rotas noturnas estão em declínio há algum tempo, particularmente na Europa Ocidental, graças principalmente à crescente popularidade das companhias aéreas baratas. Em 2016, a operadora ferroviária alemã Deutsche Bahn encerrou todas as suas rotas noturnas, vendendo seus vagões-dormitórios, enquanto que, na França, o último serviço de trem noturno Paris-Nice foi desativado em 2017.

Como resultado, os fãs dessas viagens ferroviárias tentam salvar o serviço. O grupo Back On Track faz lobby com operadoras e governos, ao mesmo tempo que também organiza protestos em estações de trem. As coisas começaram a melhorar, com novas rotas, novos vagões e interesse renovado dos viajantes. A ÖBB, da Áustria, adquiriu os vagões-dormitórios da Deutsche Bahn e, desde então, relatou um número crescente de passageiros durante a noite, chegando até mesmo a encomendar novos carros, que começarão a funcionar até 2023. Em março, o governo sueco anunciou planos para expandir o serviço de trens noturnos para muitos destinos europeus. Em maio, a operadora ferroviária suíça SBB disse que estava considerando a renovação de rotas noturnas, citando a demanda do mercado.

Na França, os ativistas salvaram uma rota entre Paris, Perpignan e a cidade fronteiriça espanhola de Portbou, de acordo com Nicolas Forien, membro do Back On Track e do grupo francês Oui au Train de Nuit (Sim para o Trem Noturno).

"A opinião pública está mudando em comparação com alguns anos atrás, quando os trens noturnos eram considerados antiquados e nostálgicos, coisa do passado. Agora são vistos como uma boa alternativa aos voos, que deve ser retomada", disse Forien.

Esse serviço teve melhor sorte em outras partes do continente – muitas vezes em regiões com menos concorrência das companhias aéreas baratas. A operadora tcheca de trens RegioJet introduziu uma nova linha noturna em 2017, com carros totalmente novos viajando de Praga a Kosice, uma capital regional, cruzando as Montanhas Tatra, na Eslováquia. A rota foi mais tarde estendida para o leste, chegando à cidade de Humenne. No fim de 2018, a ÖBB lançou uma nova versão da rota histórica entre Viena e Berlim, que passa agora por Wroclaw e outras cidades no sudoeste da Polônia. E a operadora sérvia Srbija Voz modernizou recentemente os vagões de seus trens noturnos.

Mas, de longe, o trem noturno de maior destaque é o novo Caledonian Sleeper, que oferece carros-dormitórios luxuosos para viagens entre Londres e vários destinos da Escócia, com recursos atualizados, como suítes e camas de casal, além de melhores opções de jantar.

O mobiliário mais confortável e melhores refeições podem aumentar o fascínio romântico dos trens noturnos, mas a preocupação com o meio ambiente está dando um apoio significativo ao movimento. No início deste ano, a ativista climática Greta Thunberg completou um tour europeu de palestras por trem, o que ajudou a trazer o conceito sueco de flygskam, ou "vergonha de voar", para um público maior. Em um post no Twitter, Thunberg publicou uma selfie sorrindo em um beliche de um trem noturno.

Trens noturnos, antes nostálgicos e "bregas", agora voltam à moda na Europa

Trens noturnos, antes nostálgicos e "bregas", agora voltam à moda na Europa (Lars Leetaru/The New York Times)

"A coisa mais importante para mim hoje é a discussão climática, por isso eles são realmente boas alternativas ao avião para distâncias médias", disse Bernhard Knierim, ativista do Back On Track, sobre os trens. Para ele, a distância ideal para viagens ferroviárias noturnas é "qualquer coisa até mil quilômetros".

No que diz respeito ao impacto ambiental, a diferença entre as viagens ferroviárias e os voos pode ser substancial. Robert Lechner, porta-voz da ÖBB, salienta que os trens noturnos eletrificados da Áustria não necessitam de combustíveis fósseis.

"Na Áustria, por exemplo, a eletricidade para os trens vem 100 por cento de fontes renováveis. Em matéria de geografia, temos muitas vantagens. Temos as usinas de energia no Rio Danúbio e as usinas nas montanhas", disse Lechner.

Os trens noturnos não só permitem que os viajantes evitem a flygskam, mas as viagens também podem ser produtivas, graças ao Wi-Fi a bordo, que muitos oferecem gratuitamente. Porém, para a maioria dos viajantes, o tempo "produtivo" será gasto dormindo. Eles também têm um benefício financeiro: eliminam a necessidade de uma noite de hotel.

Al Mik, de 32 anos, viaja frequentemente pela Europa a trabalho, para uma organização não governamental sediada em Bruxelas, tomando trens noturnos em vez de voar algumas vezes por ano.

As viagens de trem são mais longas que os voos, mas às vezes são mais convenientes, afirmou Mik.

"É muito bom acordar bem no centro do lugar para onde você está viajando, em vez de a 20 ou 30 quilômetros de distância, como acontece com a maioria dos voos. E há o fator ambiental também."

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