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Trauma tirou Emerson Fittipaldi de Le Mans

"Um brasileiro que era um dos melhores pilotos da época foi correr Le Mans com o Alpine e morreu. Aquilo ficou na minha cabeça", diz


	Bicampeão da Fórmula 1 disse que nunca disputou as 24 horas de Le Mans, na França, por causa do acidente com o piloto Christian “Bino” Heinz
 (David Ashdown/Getty Images)

Bicampeão da Fórmula 1 disse que nunca disputou as 24 horas de Le Mans, na França, por causa do acidente com o piloto Christian “Bino” Heinz (David Ashdown/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2012 às 10h32.

São Paulo - O bicampeão da Fórmula 1 Emerson Fittipaldi, que acaba de trazer para o Brasil uma das oito etapas do campeonato mundial de resistência (FIA World Endurance Championship), nunca disputou as 24 horas de Le Mans, na França, prova emblemática da modalidade, por causa de um trauma: o acidente com o piloto Christian “Bino” Heinz, primeiro brasileiro a morrer em uma prova internacional de automobilismo na Europa.

Heinz morreu em 1963, depois que seu Alpine M63, um protótipo baseado no modelo da Willys que no Brasil levava o nome de Interlagos e estava decorado com faixas longitudinais verdes e amarelas, derrapou a 230 quilômetros por hora em uma grande mancha de óleo na pista, capotou várias vezes e se espatifou de encontro a um poste. Heinz bateu a cabeça e morreu na hora. Desde aquele dia, Fittipaldi, com 17 anos na época, passou a temer a prova de Le Mans e, apesar dos dois convites que teve de disputá-la, preferiu não arriscar.

“Eu era moleque, jovem, e tinha trauma por causa do Heinz que morreu lá”, lembra. “Um brasileiro que era um dos melhores pilotos da época foi correr Le Mans com o Alpine e morreu. Aquilo ficou na minha cabeça. O carro virou no óleo e explodiu na hora. Falei que nunca correria em Le Mans”.

A má experiência não tirou a admiração de Fittipaldi pela prova. Ele sempre a considerou uma das corridas mais desafiadoras e emocionantes do automobilismo mundial e acredita que um brasileiro ainda vai se sobressair na modalidade de resistência, como já acontece na F-1 e na Indy. “É a prova que falta para nossos pilotos, é nosso desafio”, diz. “E não faltarão chances nos próximos anos, inclusive em Le Mans”.

Agora, com a inclusão de São Paulo no calendário mundial e o aumento da presença de brasileiros no circuito, crescem as chances de uma vitória na categoria. A classificação em terceiro lugar de Lucas di Grassi, que integrou o time da Audi ao lado de Tom Kristensen e Allan McNish na corrida de Interlagos, foi comemorada por Fittipaldi, que tinha esperanças, inclusive, de um primeiro lugar. Grassi correu em um Audi R-18 ultra.


“Ele foi o mais rápido entre os pilotos da equipe. Eu não esperava a supremacia da Toyota, que acabou levando. Mas a Audi esteve sempre bastante perto”, afirma. A vitória ficou com Alexander Wurz e Nicolas Lapierre, no comando de um Toyota TS-030 híbrido.

Fittipaldi explica que um piloto de provas de resistência tem qualidades específicas, diferente de um corredor de F-1, por exemplo. A primeira qualidade, segundo ele, é a capacidade de adaptação com o carro, independente de como esteja regulado. O problema é que o piloto não consegue regular o carro só do seu jeito porque há outros dois pilotos na equipe. O segundo atributo é saber andar bem no meio do tráfego com alta velocidade e conseguir sair ileso, sem bater. E a terceira é ser muito estratégico, muito mais do que em uma corrida curta de uma hora.

“Tenho certeza que essa prova abre um novo caminho para o automobilismo brasileiro. Quem veio assistir gostou, o público saiu contente e vai convidar os amigos no ano que vem”, afirma. “O espírito é o de Le Mans, que é trazer a família para um dia de automobilismo e diversão. Achei o público muito bom, dentro da expectativa”.

Embora sem imprevistos, Fittipaldi considerou difícil a montagem da infraestrutura e a organização do primeiro evento em São Paulo e lamentou a falta de uma janela maior de tempo para a visitação dos boxes. “São os carros de Le Mans. Não contava que teria tanta gente para visitar os boxes na hora que abriu. No ano que vem haverá mais tempo para todo mundo que quiser ver os carros de perto”, garante.

Além das 6 horas de São Paulo, as outras etapas do circuíto mundial de resistência são as 24 horas de Le Mans, as 12 horas de Sebring (EUA) e as 6 horas de Spa Francorchamps (Bélgica), Silverstone (Inglaterra), Sakhir (Bahrein), Shangai (China) e Fuji (Japão). O circuito começou dia 17 de março no autódromo de Sebring e termina em 28 de outubro, em Shangai.

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