Petty é inesperadamente sutil: canta blues quase como se fosse bossa nova e grita pouco (Musicisentropy/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 30 de abril de 2012 às 10h17.
New Orleans - Parecia improvável que Tom Petty fosse sustentar a animação de uma plateia de 50 mil por duas horas sob o impiedoso sol de Louisiana. Ao vivo, seu cancioneiro de heartland rock - vertente patriótica, que retrata o cotidiano do proletariado branco americano - poderia dignamente cair na mesmice após uma hora de show, neste caso, o seu no New Orleans Jazz & Heritage Festival deste ano, festival que acontece na cidade até o domingo que vem.
Mas não foi o que se passou no Fair Grounds Race Course and Slots, o Jockey Club da Big Easy, neste sábado, 28, quando, ao fim do segundo dia de atrações que vão de dixie a indie rock, Petty e os Heartbreakers fizeram o melhor show do festival até o fechamento desta edição.
Isto não foi apenas mérito de todo os hinos de arena na set-list. De sua comprida manga, escondida em um paletó marinho que ressaltava o laranja da Rickenbacker, Petty tirou cartas como Free Fallin, American Girl e I Won't Back Down. Foi também mérito da curiosa maneira com que se impõe em frente a um grande público.
Integrante do panteão de grandes cantores de estrada, fiéis companheiros, autores de rock para o asfalto, de Chicago a L.A. - ou São Paulo a Jundiaí - Petty é inesperadamente sutil. Canta blues quase como se fosse bossa nova, grita pouco, deixa toda a eletricidade para o seu fiel escudeiro, o grande guitarrista Mike Campbell, que tocou o fino em sua Stratocaster.
Assim, sob um sol de castigar o lombo (que deixa claro porque os caipiras americanos são chamados de pescoços vermelhos) fez-se um show hipnótico e refrescante, como um gole dos cobiçados chás gelados que acumulam filas no festival. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.