Estilista Tom Ford: ele vai cuidar das roupas usadas por Daniel Craig no filme próximo filme do 007, o Skyfall (Harold Cunningham/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 5 de outubro de 2012 às 11h23.
São Paulo - O sucesso de James Bond, o agente secreto 007, ultrapassa em muito sua capacidade de combater o mal graças a esperteza e licença especial para matar. Bond é um dos personagens mais elegantes do cinema. Impecável, aparece sempre com smokings e costumes bem cortados, seja na hora de pedir seu clássico vodka-martini ou para sair na mão com um inimigo.
O responsável por tal alinhamento desde o último filme da série, Quantum Of Solace, de 2008, é o estilista americano Tom Ford. Ele cuidou das roupas usadas por Daniel Craig no filme passado e assinará também o figurino de Skyfall, novo 007 com previsão de estreia para novembro nos Estados Unidos.
Thomas Carlyle Ford nasceu em Austin, no Texas, em 1961, e passou a maior parte da sua infância na cidade de Santa Fé, no Novo México. Na adolescência, mudou-se para Nova York para estudar arquitetura na Parsons School of Design e tentar a carreira de ator. Acabou que nem arquitetura, nem artes dramáticas estavam previstas em seu futuro. Ele só conseguiu atuar em um ou outro comercial de TV e abandonou a carreira ao quase ser obrigado a raspar o cabelo para um papel.
Quanto ao diploma de arquiteto, bem, Ford costumava omitir esse detalhe ao procurar empregos como designer. A questão é que, após voltar de uma temporada de pouco mais de um ano em Paris como assistente de relações públicas da marca Chloé, decidiu que queria mesmo era trabalhar com moda.
Seu sonho era servir as grandes e tradicionais casas europeias e, em 1990, ele entrou para a equipe de criação da Gucci. Chegou em um período crítico, com a marca quase falida, precisando reverter urgentemente a situação. Pois o duplo “G” (símbolo da Gucci) encontrou a pessoa certa. Em alguns anos, Tom Ford assumiu a direção criativa geral da marca. Desfiles, coleções comerciais, acessórios, perfumes e campanhas ficaram sob sua responsabilidade.
A partir de então, imagens impactantes e muito sensuais se tornariam a marca registrada de Mr. Ford, tanto nas roupas quanto, principalmente, em polêmicas campanhas. Com isso, a Gucci ressuscitou. Dez anos após sua chegada, as vendas haviam crescido quase 90%.
As polêmicas e a sua inclinação para a ousadia mudaram para sempre o mercado de moda. Em 2000, Ford lançou dois perfumes para a marca Yves Saint-Laurent. Na campanha, os modelos apareciam totalmente nus. Parece uma banalidade nos dias de hoje, mas os anúncios soft porn geraram grande controvérsia e foram responsáveis por um novo patamar criativo nas campanhas de perfumaria.
Visionário, Tom Ford sempre soube antecipar o que homens e mulheres desejariam consumir. “Admiro pessoas que realmente vivem uma imagem”, disse a seu respeito a atriz Keira Knightley, uma de suas consumidoras.
Em 2005, ele deixou a Gucci para criar sua própria marca, e se destacou pela linha de roupas para o público masculino. Apoiado em sua imagem elegante, sempre vestindo smokings, summers e ternos alinhadíssimos, Ford era o nome certo para vestir homens que topavam desembolsar cinco dígitos para frequentar festas trajando o melhor costume do mundo. Brad Pitt e Ashton Kutcher fazem parte do grupinho que prestigia a marca.
Apesar de todo o requinte e preciosismo de sua criação, Ford é considerado um homem rústico pelos companheiros de trabalho. Já disse que gosta de ficar até três dias sem banho em seu rancho em Santa Fé, ao lado do companheiro há mais de 25 anos, Richard Buckley. Quando se pensa nele, a imagem que salta à mente é de blazer com camisa aberta até o terceiro botão, exibindo o peito cabeludo, com ar de galã latino e olhar levemente estrábico.
Ainda assim, Ford é considerado ícone de estilo não somente pelas roupas que veste ou cria, mas também por ensinar como ser um gentleman moderno, como fez ao listar os tópicos essenciais do homem ideal para a revista AnOther Man em 2010. Suas lições incluíam desde básicos como “seja educado, abra a porta do carro” ou “não seja pretensioso, racista ou sexista” até um radical “nunca use shorts na cidade”. Mas a dica mais importante era sua autodefinição: “um gentleman vai além do simples vestir, é um homem que possui sofisticação genuína e elegância interior”.