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"Ted Lasso": série sobre futebol que ultrapassa as barreiras das telas chega ao final

Ficção da Apple TV conquista o mundo do esporte e firma parcerias com games e famosa marca de material esportivo

 (Apple TV+/Divulgação)

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Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 31 de maio de 2023 às 15h09.

Última atualização em 1 de junho de 2023 às 08h37.

Com três temporadas de enorme sucesso e muitos prêmios conquistados, Ted Lasso chega ao fim nesta quarta-feira, 31, deixando uma legião de fãs e “torcedores” órfãos da trajetória do AFC Richmond (clube de futebol fictício, pano de fundo da série). O folhetim conta a história de um treinador de futebol americano, que, de forma surpreendente e sem nenhuma experiência com o esporte bretão, assume um time da Premier League, um dos principais campeonatos de futebol do mundo.

A série da Apple TV foi inspirada em alguns comerciais de TV de 2013, criado para promover a transmissão da Premier League nos Estados Unidos, rendendo três temporadas com 34 episódios — sendo o último disponibilizado nesta quarta — e acumulando premiações. Entre as principais conquistas, o seriado faturou o Emmy e o Critics Choice Awards de melhor série de comédia. Jason Sudeikis, que interpreta o protagonista que dá nome ao programa, já levou todos os principais prêmios de melhor ator pelo seu papel na série.

“A atmosfera que o programa cria leva o telespectador para dentro de um clube da Premier League, com um ótimo toque de humor e sátira de personagens comuns dentro do futebol em todos os níveis. Não à toa, figuras importantes como Pep Guardiola e Thierry Henry toparam participar de episódios. Isso trouxe muita força para a marca, que assegurou parcerias importantes no mercado”, analisa Renê Salviano, CEO da Heatmap e especialista em marketing esportivo.

O sucesso da série foi tamanho que não se restringiu à plataforma de streaming. A EA disponibilizou a equipe do Richmond em seu videogame, o "FIFA 23", com todos os jogadores que fazem parte do clube, além do próprio treinador Lasso para serem utilizados em diversos modos, com caracterizações físicas e faciais, uniforme oficial e estádio.

A Nike também aproveitou o sucesso da série e colocou à venda os uniformes do clube londrino fictício. A própria Premier League viu na série uma oportunidade de promover o seu produto e firmou um acordo de licenciamento que envolve o uso de uniformes oficiais e do logotipo da competição na terceira temporada. Por fim, a Airbnb, em parceria com a Warner Bros., disponibilizou na plataforma o bar favorito do personagem principal para estadia, como uma ação de marketing para promover a terceira temporada do seriado.

“A série conquistou rapidamente os fanáticos pelo futebol. Mas foi além. Esse intercâmbio de Ted e o choque de cultura entre Estados Unidos e Inglaterra abriu muitas portas no mercado americano. A série termina agora, mas continua muito forte comercialmente e deverá render outras parcerias”, explica Ivan Martinho, Presidente da WSL na América Latina e professor de marketing esportivo na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

Ficção e realidade dançam ao decorrer das temporadas com menção para livros clássicos e destaque para o futebol holandês, por exemplo. E ainda há quem diga que Roy Kent, um dos personagens mais marcantes, é uma versão de Roy Keane, volante lendário do Manchester United. Jamie Tartt lembra Jack Grealish, contratação caríssima do Manchester City. E Zava é claramente uma referência a Zlatan Ibrahimovic. O City, assim como no futebol real, é referência e concorrente do Richmond pelo título. A equipe de Guardiola, fora das telas, já venceu a Premier League, está na final da Copa da Inglaterra e, segundo algumas casas de apostas, como PlayGreen, Esportes da Sorte, Odds&Scouts e Galera.bet, também é favorito à conquista da Champions League diante da Inter de Milão, no próximo dia 10.

Influência da cultura pop no esporte e comportamento

Não é de hoje que a cultura pop influencia e determina algumas tendências na prática esportiva e no consumo e comportamento em geral. O primeiro grande exemplo desse movimento aconteceu no fim dos anos 1970, com o aumento de praticantes de boxe entre jovens que assistiram filmes como "Rocky" e "Touro Indomável".

Recentemente, a seleção japonesa masculina de vôlei chamou a atenção do mundo pela forma como a equipe evoluiu. Além do incentivo à prática esportiva, que é cultural na sociedade japonesa, um dos principais responsáveis pela criação dessa geração é um mangá/anime sobre o esporte chamado Haikyuu. Muitos apontam a obra como um dos principais elementos para o "resgate" do esporte no país.

O mesmo Japão surpreendeu o planeta ao passar em primeiro lugar em seu grupo e batendo duas campeãs do mundo (Alemanha e Espanha) na última edição da Copa do Mundo de futebol. Obras como os mangás Captain Tsubasa (ou Supercampeões, como é conhecido aqui no Brasil) e o fenômeno de audiência Blue Lock são apontados por muitos como os responsáveis pelo aumento do interesse entre os jovens japoneses a praticarem o esporte.

As relações entre ficção e realidade também influenciam no marketing e consumo. O próprio criador de Blue Lock, Muneyuki Kaneshiro firmou uma parceria com a Adidas e utilizou a capa de um de seus capítulos para apresentar ao mundo o uniforme que os samurais azuis usariam no Qatar.

Assim como "Ted Lasso", outras obras ficcionais de sucesso despertaram o interesse de consumidores do mundo real. A série mexicana da Netflix “Club de Cuervos" aproveitou o sucesso na plataforma de streaming e disponibilizou à venda para o público os uniformes da equipe e bonés feitos pela New Era. No Brasil, as camisas oficiais do Tabajara Futebol Clube, time de futebol criado pelo humorístico "Casseta & Planeta" e do Divino FC, original da novela "Avenida Brasil", foram exemplos de produtos que ultrapassaram o limite de sucesso das telas e despertaram o interesse pelo consumo.

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