"Somos um dos menores países da Copa junto com o Uruguai. Não tínhamos, há três meses, um estádio adequado para receber nossas partidas pela Liga das Nações", disse Dalic (Antonio Bronic/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de julho de 2018 às 16h03.
Última atualização em 12 de julho de 2018 às 16h05.
Moscou - Zlatko Dalic é um daqueles treinadores que fala o que pensa. Um dia depois de colocar a Croácia na final da Copa do Mundo da Rússia, o técnico disse que considera um "milagre" sua seleção estar entre as duas melhores do torneio, criticou parte da imprensa, afirmou que Modric é o melhor jogador do Mundial, que Cristiano Ronaldo, Neymar e Messi "já foram para casa e estão na praia", e ainda que não tem ideia do time que vai mandar a campo no domingo, contra a França. "Os jogadores estão exaustos. Mas isso não é desculpa. Vamos com tudo."
"Ontem (quarta) nós pegamos o caminho mais difícil. Somos o único time da Copa que vai jogar oito jogos. Isso é muito difícil. Mas me parece que quanto mais difícil as circunstâncias, melhor nos jogamos futebol. Claro que a França tem um dia a mais, mas nós vamos descansar e nos recuperar a tempo. Não há desculpas, isso é uma final de Copa do Mundo. Temos que dar tudo, estar prontos, estar preparados. É uma chance de uma vida. Tem sido difícil para nós, mas vamos achar a força e a motivação", afirmou.
O treinador contou que ele e seus jogadores encararam como falta de respeito a forma como a imprensa e parte do elenco da Inglaterra se comportou antes da semifinal desta quarta-feira. "Nós respeitamos os rivais e esperamos isso de volta. Talvez não tiveram o respeito conosco que nós merecemos, o time inglês e a mídia. Mas isso é futebol, isso é o esporte. Talvez esse elemento tenha existido. Mas nós estávamos motivados para além disso. Nós queríamos ir para a final e jogar por nossos torcedores."
Durante sua entrevista, mais uma vez o técnico valorizou demais o trabalho de seus jogadores e aproveitou para falar sobre a falta de condições de trabalho no futebol da Croácia. "Somos um dos menores países da Copa junto com o Uruguai. Não tínhamos, há três meses, um estádio adequado para receber nossas partidas pela Liga das Nações (torneio europeu que acontecerá em outubro), contra Inglaterra e Espanha. Não temos infraestrutura para torneios deste porte. É um grande problema que eu gostaria de destacar. Nas condições em que trabalhamos, nos traz grande alívio o que alcançamos. Algo precisa ser transformado. Se não for agora, quando será?", criticou.
O técnico foi perguntado se considerava que Modric era o melhor jogador da Copa do Mundo, já que os principais candidatos que eram apontados antes do início do torneio não estão mais na competição. "Modric vive seu grande momento. Há anos é um dos melhores do mundo, ganhou tudo pelo Real Madrid e agora pode coroar sua carreira vencendo também com a seleção neste que deve ser seu último Mundial. Isso tudo na melhor fase de sua carreira. Ele sabe o valor que tem e se doa pela seleção como poucos de seu nível fazem. Ele é capaz de dar uma esticada para ganhar a bola no fim de uma prorrogação, mostrou seu caráter e desejo."
O treinador comparou o craque de seu time com outros que disputaram a Copa. "Cristiano Ronaldo, Neymar, Messi, era normal falar deles antes da Copa. Eles foram para casa, estão na praia. E outros ficaram no campeonato, especialmente Luka Modric. Ele dá piques no minuto 115, ele volta para a defesa, ele lidera a defesa. Ele é o homem do torneio, não importa quem fique com o troféu."