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Surfe ao vivo na Netflix? O streaming aposta nas transmissões esportivas

Plataforma teria interesse em direitos de transmissão de competições da WSL, circuitos de ciclismo e tênis masculino

Gabriel Medina em etapa de Pipe Masters: surfe é categoria de interesse para a Netflix (Sloane/WSL/Divulgação)

Gabriel Medina em etapa de Pipe Masters: surfe é categoria de interesse para a Netflix (Sloane/WSL/Divulgação)

Ivan Padilla

Ivan Padilla

Publicado em 13 de novembro de 2022 às 10h35.

Já consolidada como uma das principais plataformas de streaming em séries e documentários esportivos, a Netflix deve sacudir o mercado e pensa em investir em transmissões de esportes ao vivo para 2023. De acordo com informações do Wall Street Journal, inclusive, algumas propostas pelos direitos televisivos já foram feitos.

O futebol ainda não foi cogitado pela plataforma, mas o WSL (surfe), circuitos de ciclismo e até mesmo alguns eventos de tênis masculino da ATP estariam entre as prioridades iniciais.

A razão por procurar competições de menor porte tem a ver com os cuidados da empresa com investimentos exorbitantes, visto que o número de assinantes não cresceu neste último ano. Por outro lado, a Netflix não quer se ver atrás na concorrência com outros players do setor, casos da Apple TV+, que passou a transmitir MLB e MLS, da Amazon Prime Video, que detém os direitos da NFL e NBA, e também da Paramount+, que passou a exibir a Copa Libertadores e a Copa Sul-Americana no Brasil.

Os movimentos de concorrentes também explica o novo posicionamento da empresa.  Apple TV+ (MLB e MLS) e  são alguns dos exemplos de plataformas que investiram recentemente em direitos de transmissão.

Em seu catálogo, a Netflix possui uma extensa lista de séries, como Cristiano Ronaldo, Neymar: O Caos Perfeito, The English Game, Club de Cuervos, Apache: A Vida de Carlos Tevez, Sunderland Até Morrer, Juventus: Prima Squadra, Brasil 2002: Os Bastidores do Penta, Contigo, Guerrero, Naomi Osaka: Estrela do Tênis, além de filmes e documentários como Diego Maradona, Pelé, Santo Time, O Divino Baggio, O Time da Redenção e o O Caso Figo.

A de grande sucesso, também da Netflix, é F1, com Drive to Survive. Ela foi assistida mais de 50 milhões de vezes, e a audiência da F1 cresceu mais de 58% após surgimento da série.

Crescimento do streaming no Brasil e no mundo

"É um tipo de conteúdo que já existia, mas não desta maneira, com hora marcada para assistir. Agora, a pessoa escolhe o que quer e quando quer ver. Estamos falando da customização do consumo, com um leque de opções infinito, e consequentemente a mudança de comportamento daquele que assiste", explica Bruno Maia. Ele é especialista em inovação e novas tecnologias do esporte e entretenimento e sócio da Feel The Match, desenvolvedora de propriedades intelectuais para Web3 e Streaming. Autor do livro 'Inovação é o Novo Marketing', em 2020, e produtor e diretor de séries audiovisuais na Globoplay, como 'Nos Armários do Vestiários', e do filme 'Romário - O Cara' para HBO MAX (previsão de lançamento para 2023).

No Brasil, o consumo pelo streaming veio para ficar. De acordo com último levantamento feito pela consultoria Kantar Media, em meados deste ano, 22% dos brasileiros consomem serviços de streaming. Os números podem parecem baixos, mas entre as plataformas online, fica atrás apenas da Globo.

"Não existe dúvida que não é mais tendência, e sim realidade. Basta ver a enormidade de grupos de mídia e comunicação de todo o planeta lançando plataformas próprias no mercado, aumentando a competitividade e a demanda por conteúdo original. Estamos falando para uma geração de consumidores que consomem conteúdos na hora e local em que quiserem, e o interesse por produções que contem histórias e bastidores é cada vez maior. O lançamento de filmes e documentários envolvendo grandes atletas como marcas maiores do que seus próprios times mudam o cenário do mercado", complementa Bruno Maia.

Fora do país, o cenário é ainda maior. De acordo com números da Nielsen, divulgados no final de agosto deste ano, 34,8% dos cidadãos americanos utilizaram as plataformas de streaming, com 191 bilhões de minutos consumidos. Isso é 22,6% maior se comparado com julho de 2021. Neste mesmo período de julho deste ano, a TV a cabo registrou 34,4% de participação, enquanto a TV aberta ficou com 21,6%.

Além de séries e filmes, o aumento do número de plataformas e de serviços com conteúdos esportivos tem contribuído para isso. Se até outros tempos o telespectador tinha a disponibilidade apenas dos canais fechados, basicamente com SporTV e ESPN, e posteriormente o surgimento da FOX Sports e do Esporte Interativo, hoje o leque é bem maior. São ao menos sete canais que se dividem entre programações distintas e jogos exclusivos: Premiere Futebol Clube/Globoplay, DAZN, STAR+, HBO Max, EI Plus, Conmebol TV e NSports.

"Comparando o perfil da audiência das nossas transmissões esportivas ao vivo no streaming e na TV a cabo, é possível perceber que, apesar de existir uma interesecção, o público do digital é mais jovem, mais conectado e early adopter de novas tecnologias", diz Guilherme Figueiredo, CEO da NSports.

Com isso, é natural que com o passar do tempo essa migração também ocorra no Brasil, especialmente após a intensificação da digitalização durante a pandemia", complementa o executivo da empresa que possui 18 canais dos mais variados esportes e conta com oito confederações desportivas, cinco federações e associações, quatro ligas e três clubes do futebol nacional, entre elas uma parceria com o Comitê Olímpico Brasileiro (COB).

"Essa curva do consumo do streaming deve continuar aumentando. Especialmente aqui no Brasil, nós temos algumas novidades importantes como a chegada do 5G, que deve amplificar o acesso, a velocidade e cada vez mais o consumo de informação através do que recebemos via dados, ao invés do que recebemos via antena de TV ou via cabo", observa Maia.

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