Casual

Spike Lee refilma "Old Boy" em atmosfera de ultraviolência e arte

Com visual rústico e personagens com moral própria, a produção criava uma atmosfera de ultraviolência

Old Boy (Divulgação)

Old Boy (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de junho de 2014 às 13h56.

Parecia improvável que a versão americana de "Old Boy", do sul-coreano Chan-wook Park, conseguisse superar a violência do filme original. Mas o diretor norte-americano Spike Lee, nesta refilmagem homônima seguida quase à risca, não só aumentou o sangue, como também ampliou o impacto do macabro desfecho, que já era escabroso.

Apesar do teor, o requintado longa asiático foi um sucesso, levando, em 2003, o Grande Prêmio do Júri em Cannes e, mais do que justos elogios da crítica pelo mundo. Com visual rústico e personagens com moral própria, a produção criava uma atmosfera de ultraviolência e arte sem retirar o norte da redenção que o protagonista, no fim, ansiava.

Daí, a difícil tarefa de refilmar a produção ao gosto do cinema americano. O projeto, que em princípio poderia estar mais próximo a Quentin Tarantino (já que dialoga com "Kill Bill"), no entanto, caiu nas mãos de Spike Lee, um dos diretores mais engajados da América. As dúvidas sobre o resultado final, assim, só aumentaram.

Surpreende a forma com que Lee manteve, de forma geral, a estrutura narrativa do original (que é inspirado em um mangá), com diferenças de contexto (algumas desnecessárias, incluídas no roteiro adaptado por Mark Protosevich (de "Eu Sou a Lenda").

Aqui, Joe (Josh Brolin em grande performance) é um alcoólatra, cujos desafetos crescem exponencialmente. Em uma noite de embriaguez, é misteriosamente sequestrado e colocado em um quarto com televisão e banheiro. Preso, sem contato com o mundo exterior, não tem ideia de quem o capturou. Sua comida é passada por uma abertura na porta.

Nesse ambiente desesperador, sabe por um programa de TV que sua ex-mulher foi brutalmente assassinada e sua filha entregue para adoção. Durante os 20 anos que Joe passará nesse quarto, tentando manter sua sanidade, escreve uma série de cartas à filha (que planeja enviar, se sair) e atém-se a um plano de fuga que nunca dá certo.

No entanto, certo dia é libertado sem qualquer explicação. Com a ajuda de uma assistente social (Elizabeth Olsen) e um amigo de infância (Michael Imperioli), busca a verdade sobre sua prisão. Não demora muito para encontrar seu algoz (Sharlto Copley), que lhe faz uma proposta: se descobrir, em cinco dias, porque foi mantido em cativeiro durante duas décadas, receberá 30 milhões de dólares em diamantes e será levado a sua filha.

O rastro de sangue, que deixa pelo caminho do momento em que acorda livre ao grande desfecho, é ainda mais perverso que o original, saturando a tela. Em especial, a cena em que Joe tortura o chefe da "prisão" (Samuel L. Jackson), de um realismo desconcertante.

De fato, é clara a superioridade do original sul-coreano quando comparado a esta nova versão. E o mérito está justamente na inventividade de levar toda a história à tela, equalizando estilo, sensibilidade, brutalidade e arte, como Chan-wook Park o fez.

(Por Rodrigo Zavala, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

10 filmes de destaque que estreiam nos cinemas em junho

Clique para abrir o link no navegador

Acompanhe tudo sobre:ArteCinemaEntretenimentoFilmesINFO

Mais de Casual

Luxo acessível: novo Lexus UX 300h chega ao Brasil para ser seu primeiro carro premium

Marcas de luxo apostam em longas filas para atrair mais público; entenda por quê

O jeito mais fácil de comprar uma bolsa Birkin: conheça leilão de luxo de segunda mão

Capital do vinho brasileiro recebe feira internacional com vinícolas de 20 países