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Os 5 desfiles mais impactantes das Semanas de Moda de Milão e Paris

A temporada de moda deste ano foi palco de importantes estreias de diretores criativos, com apresentações que podem ajudar a alavancar as maisons em meio à crise no setor

Semana de Moda de Paris: Matthieu Blazy  estreia na Chanel  (Victor VIRGILE/Gamma-Rapho/Getty Images)

Semana de Moda de Paris: Matthieu Blazy estreia na Chanel (Victor VIRGILE/Gamma-Rapho/Getty Images)

Publicado em 7 de outubro de 2025 às 18h12.

Última atualização em 7 de outubro de 2025 às 18h44.

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As Semanas de Moda de Paris e Milão deste ano foram palco de importantes estreias de diretores criativos, com apresentações que pretendem ajudar a alavancar marcas de moda em meio à crise de vendas no setor. Pierpaolo Piccioli, após 25 anos na Valentino, assumiu a direção criativa da Balenciaga, apresentando sua primeira coleção sob o tema “Heartbeat”. A coleção trouxe um equilíbrio entre referências à alta-costura e o legado do streetwear de Demna Gvasalia. Outro grande destaque da temporada foi a estreia de Matthieu Blazy na Chanel, após substituir Virginie Viard. Blazy trouxe uma proposta audaciosa ao transformar o Grand Palais em um sistema solar, mesclando tradição e inovação, com peças que incorporaram a modernidade e liberdade características de Gabrielle Chanel.

Jonathan Anderson, agora à frente da Dior, apresentou sua visão para a maison com uma coleção que revisitou os clássicos da marca, como o Tailleur Bar, adaptando-os com um olhar moderno. Confira cinco estreias positivas e negativas que marcaram a Semana de Moda de Paris e Milão.

Balenciaga

Após 25 anos na Valentino, sendo oito como diretor criativo, Pierpaolo Piccioli apresentou sua primeira coleção para a marca espanhola no dia 4 de outubro durante a Semana de Moda de Paris. Sob a nova gestão, o italiano apresentou uma nova imagem para a marca, marcada pelo streetwear durante a gestão de Demna Gvasalia.

Com o título “Heartbeat” (batimento cardíaco), o convite da marca foi uma fita cassete que tocava o som de um coração batendo.  “Para cada batimento há um nome, um momento, um gesto. Esta coleção vem daquele lugar de amor e conexão. Ela é tanto minha quanto daqueles que a viveram comigo — de todas as formas", escreveu Piccioli em uma carta distribuída no desfile.

O desfile aconteceu na sede da Kering, na Rue de Sèvres. Na passarela, um mix de peças com referências à alta-costura da Balenciaga como a silhueta do “Sack Dress” de 1957 e designs mais modernos, com apliques de penas e franjas. Nos rostos, uma lembrança à assinatura de Gvasalia: óculos escuros grandes, como uma referência à estética mais sombria do estilista georgiano.

Sob a nova gestão, acessórios como bolsas e o mercado de beleza também serão um foco de Piccioli, que alavancou as vendas do segmento na Valentino com peças de sucesso como o modelo Rockstud e a cor Valentino Pink PP, assim como a linha de maquiagens. Com mais de 271 lojas pelo mundo, a Balenciaga está preparando fragrâncias para serem lançadas ainda neste ano.

Chanel

Havia uma grande expectativa sobre o que Mathieu Blazy apresentaria em seu primeiro desfile na Chanel. O designer franco-belga substituiu Virginie Viard, colaboradora próxima de Karl Lagerfeld, que esteve na liderança do cargo desde a morte do estilista em 2019. Ainda que as coleções apresentadas sob a gestão de Viard tenham obtido certo sucesso comercial, não foram vistas como grandes criações inovadoras.

“Podemos seguir dois caminhos. Ou fazemos um desfile limpo, moderno, pelos códigos, pelo livro da Chanel, e é um primeiro passo. Ou fazemos esse desfile como se fosse o nosso último,” disse o estilista ao site Business Of Fashion. “Eu escolhi a última opção. Vamos fazer um desfile como se fosse o último.” De fato. Nas redes sociais foram publicados incontáveis vídeos do desfile que transformou o Grand Palais no sistema solar.

Com inspiração nas criações que evocavam modernidade e liberdade de Gabrielle Chanel, a passarela foi aberta com um terno masculino e camisa. Assim como muitas convidadas da marca se vestiram para o evento: camisa branca estruturada e calça, do jeans à alfaiataria.

Como se esperava, Blazy trouxe referências de seu trabalho artesanal incorporado na Bottega Veneta, marca que foi diretor criativo por três anos. As tradicionais jaquetas de tweed ganharam barras desfiadas, vestidos ganharam apliques de flores e acabamentos de penas, como a peça usada pela modelo Awar Odhiang, que encerrou o desfile ao som de Rhythm is a Dancer de Snap. Ao seu lado, o orgulhoso e feliz Blazy. “Eu só queria me divertir. Algo bonito e agradável — [isso é] o que temos a oferecer na moda”, disse nos bastidores ao site WWD.

Dior

Outro nome marcado por expectativas é o de Jonathan Anderson, que após 11 anos de sucesso na Loewe assumiu a direção criativa das coleções feminina, masculina e de alta-costura da Dior. Na linha feminina e de alta-costura da Dior, Anderson sucede Maria Grazia Chiuri.

A mudança é carregada de expectativas estéticas e financeiras, já que promete uma virada de chave para a LVMH, que espera uma injeção de novidades para a segunda maior em tamanho em seu portfólio de moda e artigos de couro.

“Ousar entrar na casa da Dior exige empatia com sua história, a disposição para decodificar sua linguagem, que faz parte do imaginário coletivo, e a determinação de colocar tudo isso em uma caixa. Não para apagar, mas para armazenar, olhando para frente, voltando a pedaços, rastros ou silhuetas inteiras de vez em quando, como revisitando memórias”, disse Anderson através das notas da coleção.

O resultado: uma coleção impactante, com o olhar criativo do estilista sobre cortes tradicionais da marca. A exemplo, o Tailleur Bar, casaco de cintura ajustada que originou o “new look” de Christian Dior, que ganhou uma versão mais curta, com uma minissaia. Saias, vestidos, camisas e capas ganharam laços nos mais diferentes tamanhos e formatos.

Loewe

Uma das poucas marcas a dividir a assinatura das coleções é a espanhola Loewe. Após a saída de Jonathan Anderson para a Dior, Jack McCollough e Lazaro Hernandez, fundadores da Proenza Schouler assumiram a direção criativa. A dupla americana terá o desafio de seguir o saldo positivo da Loewe sob o comando de Anderson, que elevou os lucros da grife de € 230 milhões em 2014 para € 1,07 bilhão em 2024, segundo estimativas do Morgan Stanley.

Para o desenvolvimento da coleção, a dupla teve como inspiração a obra Yellow Panel with Red Curve (1989), de Ellsworth Kelly, em destaque no espaço do desfile. Na passarela, muitas camadas, com sobreposições em camisas, jaquetas e vestidos. Cores vibrantes e visuais futuristas também ganharam destaque com peças com texturas emborrachadas em jaquetas, vestidos e sapatos.

O trabalho artesanal também apareceu nos assentos feitos em vidro soprado em Murano.

Versace

O peso da entrada de Dario Vitale na Versace é grande, já que o diretor criativo italiano é o primeiro designer sem o sobrenome Versace a assumir o comando da grife italiana, liderada por Donatella Versace desde 1997. A nomeação de Vitale aconteceu poucas semanas antes da grife ser adquirida pela Prada por € 1,25 bilhão.

Antes da apresentação na semana de moda de Milão, o designer apresentou algumas criações durante o Festival de Cinema de Veneza ao vestir Julia Roberts e Amanda Seyfried no tapete vermelho com um paletó azul de alfaiataria com camisa listrada e jeans.

O desfile de Vitale dividiu opiniões. Por um lado, houve quem defendesse a visão do designer, argumentando que a coleção apresentada durante a semana parisiense conversava com a geração Z, um público que a Versace busca conquistar. Por outro, alguns o acusaram de não honrar o estilo femme fatale eternizado por Donatella ao longo dos últimos 28 anos. Ambos os pontos de vista têm mérito. A Versace de Vitale traz nas cores e nos cortes uma marca que remete aos primórdios da grife, nos anos 1980, quando Gianni Versace fundou a companhia.

A Versace sempre foi conhecida por seu estilo sensual e exuberante, com cores vibrantes, estampas marcantes e uma abordagem ousada que mescla glamour e irreverência. No entanto, para alguns críticos, a coleção de Vitale não parecia seguir essa linha, deixando a impressão de que o designer estava se afastando demais da fórmula vencedora de Donatella. Isso gerou um descompasso entre as peças apresentadas e as expectativas do público em relação a uma marca tão icônica.

O tempo — e as decisões estratégicas da Versace para 2026 — dirão quem estava certo, no final das contas.

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