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Show revelará um Pixinguinha pouco conhecido

Hoje se comemoram os 115 anos de nascimento do maior responsável pela popularização do choro no país e o Dia Nacional do Choro

O Movimento Sincopado, que agrupa 11 bandas de choro, entrará no projeto com violões, acordeon, piano, percussão e cavaquinho (Movimento Sincopado/Reprodução)

O Movimento Sincopado, que agrupa 11 bandas de choro, entrará no projeto com violões, acordeon, piano, percussão e cavaquinho (Movimento Sincopado/Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 23 de abril de 2012 às 09h41.

São Paulo - Um show em homenagem a Pixinguinha tem que ter a música "Carinhoso", um dos seus choros mais famosos. Certo? Não é o que pensam o Movimento Elefantes, que reúne dez big bands, e o Movimento Sincopado, que agrupa 11 bandas de choro. Nesta segunda-feira, 23, dia em que se comemoram os 115 anos de nascimento do maior responsável pela popularização do choro no país e o Dia Nacional do Choro, os dois movimentos se unirão no Teatro da Vila, em São Paulo, para tocar os arranjos originais que Pixinguinha fez para a Orquestra do Pessoal da Velha Guarda, que se apresentava ao vivo no programa "O Pessoal da Velha Guarda", transmitido pela Rádio Tupi entre as décadas de 40 e 50.

"O brasileiro se esqueceu da música do começo do século passado e se esqueceu até que ele (Pixinguinha) escreveu para orquestra. Não vai ter 'Carinhoso', mas vai ter 'Corta-Jaca', da Chiquinha Gonzaga. Vai ser difícil tocar com a linguagem daquela época. Mas vamos fazer o Brasil escutar o Brasil", diz Vinicius Pereira, líder do Movimento Elefantes.

Segundo Pereira, o show será possível porque o Instituto Moreira Salles (IMS) doou ao coletivo a publicação "Pixinguinha na Pauta", lançada em 2010, reunindo 36 partituras originais com os arranjos de Pixinguinha, que era também diretor do programa de rádio. Uma nova publicação, com outras 36 partituras com arranjos do mestre do choro será lançada até o final deste ano, afirma Beatriz Paes Leme, diretora de música do IMS. Em 2000, a família de Pixinguinha cedeu ao instituto todo o seu acervo e, desde então, o material vem sendo catalogado e revisado. Segundo Beatriz, no acervo há um total de 300 arranjos feitos pelo Pixinguinha.

Almirante

O programa era comandado pelo radialista Almirante e tinha como objetivo resgatar a produção musical brasileira do final do século 19 e início do século 20, com ritmos como o maxixe, o tango, a polca, o eschottich e a marcha, dando espaço para a obra de compositores como Chiquinha Gonzaga, Anacleto de Medeiros e Ernesto Nazareth e compositores contemporâneos, como o próprio Pixinguinha.

"Pixinguinha tinha uma técnica especial para escrever arranjo, que é a coisa mais bonita. A essência da música brasileira, da mistura da cultura europeia com os ritmos africanos aqui, está em Pixinguinha. Por isso é importante tocar músicas que o público não conhece", diz o maestro José Roberto Branco, que vai reger no palco cerca de 25 músicos.

De acordo com Beatriz, do IMS, a grande contribuição que Pixinguinha deu ao arranjo foi o de trazer o ritmo da percussão para os instrumentos de sopros, escrevendo música pela primeira vez com a cara do Brasil. "Ele traz nitidamente a marca brasileira. Os outros maestros que trabalhavam no Brasil eram estrangeiros ou descendente de estrangeiros, com outra concepção de arranjo, sem julgamento de qualidade. Mas o Pixinguinha trouxe o ritmo da percussão para o naipe de sopros, essa é a grande contribuição dele. Colocar a levada nos naipes dos instrumentos, a rítmica brasileira estava presente nas notas."


Tromba de elefante e pata sincopada

O Movimento Elefante entrará no projeto com os instrumentos de sopro; o Movimento Sincopado, com violões, acordeon, piano, percussão e cavaquinho. E ainda participarão músicos que tocam violino e violoncelos. "Não terão violinos e violoncelos na mesma quantidade que o arranjo original exige. Não é fácil montar um projeto como esse sem apoio. Mas o resultado sonoro é um negócio fascinante", conta Marcel Martins, integrante do Movimento Sincopado.

Segundo ele, esse repertório exige não apenas muito estudo para ser executado, mas também sentimento. "Eu toquei com o Altamiro Carrilho. E ele chegou para o flautista e disse: 'você está tocando a nota certa no tempo certo, mas não tá certo, porque falta o sentimento'. Essa música carrega a bandeira sentimental que demarcaram a característica do povo brasileiro."

Das 36 partituras que fazem parte da publicação do IMS, foram escolhidas 20 músicas para a apresentação nesta segunda-feira, como, por exemplo, "Água de Vintém" e "Corta-jaca" (Chiquinha Gonzaga), "Cabeça de Porco" (Anacleto de Medeiros), "A mulher do bode" (Cardoso de Meneses), "Conversa Fiada" e "Assim é que é" (ambas do Pixinguinha). No site do IMS é possível ouvir as gravações originais das músicas que fazem parte do "Pixinguinha na Pauta" (www.ims.com.br).

Segundo Beatriz, encontrar as gravações originais, sabendo que o Pixinguinha estava presente naquele momento, foi muito importante para dar uma ideia da música que ele tinha em sua cabeça ao escrever os arranjos. "O fato de ter as gravações onde o Pixinguinha estava presente dá uma referência do som que ele buscava, porque nem sempre a partitura dá conta de tudo. Isso nos aproxima da música que ele tinha na cabeça. É a mesma coisa se fosse possível ter a gravação de Bach tocando cravo. A gravação ajuda até para tocar músicas que não tem gravação, porque ela nos dá um parâmetro."

Aniversário do Pixinguinha!

Teatro da Vila

R. Jericó, 256, Pinheiros, São Paulo

Segunda-feira, 21h

Preço: pague quanto vale

Transmissão ao vivo: http://www.movimentoelefantes.com

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