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Série da Apple TV+ explora mundo dos podcasts sobre crimes

A plataforma de streaming aproveita o fascínio mórbido dos usuários, mas pode representar um duro impacto

Séries: plataforma de streaming da Apple TV+ explora séries com crimes (Pixabay/Divulgação)

Séries: plataforma de streaming da Apple TV+ explora séries com crimes (Pixabay/Divulgação)

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AFP

Publicado em 4 de dezembro de 2019 às 16h12.

Os podcasts sobre crimes reais se tornaram uma obsessão para uma grande audiência mundial, que não consegue parar de ouvir os episódios. Mas qual o impacto do fenômeno para os protagonistas do evento, as vítimas e suas famílias, obrigadas a reviver os fatos, às vezes décadas depois? Quais as motivações para retomar os casos?

A plataforma de streaming Apple TV+ explora este fascínio mórbido, que muitas vezes apresenta um duro impacto para as famílias e investigadores, com a série de ficção "Truth Be Told", que estreia na sexta-feira. Vencedora do Oscar, Octavia Spencer interpreta a jornalista Poppy Parnell, que reexamina o caso de Warren Cave, um adolescente condenado por assassinato, depois que novas evidências são reveladas após vários anos.

Suas descobertas são relatadas em um popular podcast. Mas a trama rapidamente revela que Parnell fez seu nome como jovem repórter ao ajudar a incriminar Cave, que se une a um grupo neonazista na prisão. "Ela tem muitos pontos fracos, pensa que pode ter cometido um erro e decide investigar", explica Spencer.

Aaron Paul, que interpreta Cave, diz que seu personagem, que tem uma tatuagem de suástica, força os telespectadores a entender que "nem tudo é tão preto e branco quanto parece". Apesar das claras semelhanças com podcasts de crimes da vida real como "Serial", "Truth Be Told" é baseado em um livro de Kathleen Barber, "Are You Sleeping?".

A criadora do programa, Nichelle Tramble Spellman ("The Good Wife", "Justified"), afirmou que pretendia enfatizar o problema de confiar apenas no ponto de vista do podcaster.

"Há uma espécie de perigo do velho oeste para este tipo de jornalistamo", disse, ao destacar que os podcasts caem com frequência em uma área "sem controles e equilíbrios, onde não há chefes".

"O podcast é um tipo de narrador não confiável porque não conhecemos a agenda (os interesses) de Poppy", completa Spellman. "E não sabembos quando e se podemos acreditar nela".

Os criadores da série adicionaram um forte elemento de política racial. Parnell inicialmente esconde de sua família a nova identidade do condenado, a irmandade ariana, por exemplo.

E à medida que este e outros segredos emergem ao longo de oito episódios, as dúvidas aumentam sobre o podcast de Parnell.

"Acho que a verdade pode ser tristemente moldada de acordo com a lente que você vê no mundo ", disse Spencer. "E qualquer que seja a sua verdade, moldará o que você acredita que é a verdade".

Tanto Spencer como Paul admitiram que na vida real apreciam este tipo de podcast, em particular "Serial", um dos mais ouvidos de todos os tempos.

Assim como milhões de ouvintes, eles têm teorias sobre o sucesso, no qual a jornalista americana Sarah Koenig investigou - e parece ter estabelecido uma boa relação - com um condenado que foi preso quando era adolescente por assassinato.

Spencer detecta elementos de narcisismo em Adnan Syed, o agora famoso personagem de "Serial", enquanto Paul pergunta se a jornalista desenvolveu sentimentos românticos pelo condenado.

Mas ambos também reconhecem o dano que pode ser causado por especulações intensas ou por tomar como "fatos" as informações apresentadas nos podcasts policiais.

"Como público, participamos de uma maneira estranha ... você não precisa sofrer nenhuma das ramificações que infelizmente as famílias ou as vítimas suportam", admite Spencer.

"Não gosto de usar a palavra 'fã' porque romantiza, de maneira estranha, um crime real. Mas eu estou profundamente fascinada por estas produções", completa.

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