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Sem Neymar, Fred tem chance de ser herói na semifinal

A história mostra que às vezes um goleador desembesta a fazer gols e se torna decisivo depois de um período de jejum


	Fred: ele marcou apenas uma vez em cinco jogos
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Fred: ele marcou apenas uma vez em cinco jogos (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 8 de julho de 2014 às 07h17.

Belo Horizonte - A má fase e as críticas que tem recebido - e também as piadinhas de que tem sido vítima - estão mexendo com os nervos de Fred. Nesta segunda-feira o centroavante se irritou por ter sido substituído por Jô no finalzinho do treino, atirou o colete dos reservas no chão e se afastou do campo. Foi a segunda vez em uma semana que ele reagiu mal ao ser sacado do time num treinamento (na primeira Felipão colocou o zagueiro Henrique em seu lugar).

Os números estão contra Fred, afinal ele marcou apenas uma vez em cinco jogos - o pior desempenho de um centroavante brasileiro num Mundial (Serginho, que fez dois em cinco partidas em 1982, tinha a média mais baixa com esse número de partidas). Mas a história mostra que às vezes um goleador desembesta a fazer gols e se torna decisivo depois de um período de jejum.

Um exemplo disso - bem doloroso, para o futebol brasileiro, por sinal - é o italiano Paolo Rossi. Em 1982 ele passou em branco nos quatro primeiros jogos, mas fez três na seleção de Telê Santana, dois na semifinal contra a Polônia e um na final diante da Alemanha - e foi para casa como campeão e artilheiro do torneio.

O próprio Fred passou por isso ano passado, na Copa das Confederações. Foi mal nos dois primeiros jogos, e em ambos viu Jô entrar no segundo tempo e marcar.

Havia rumores de que poderia perder a posição, mas Felipão o bancou - como vem bancando agora - e na terceira partida, contra a Itália em Salvador, fez dois gols na vitória por 4 a 2. Depois voltou a balançar a rede na semifinal contra o Uruguai e na final contra a Espanha (duas vezes).

Com base em exemplos como esses, e com a autoridade de ser o maior artilheiro da história do Mineirão (152 gols) e um dos centroavantes mais brilhantes que o futebol brasileiro já teve, o ex-atleticano Reinaldo considera injustas as críticas (e também as piadinhas) feitas a Fred por seu desempenho na Copa do Mundo. Para ele, qualquer centroavante teria dificuldade para fazer gols nesta seleção brasileira.

"O camisa nove é muito importante para o time, mas também é muito dependente do time. Se não for acionado e não forem criadas jogadas para ele, não tem como fazer gol."

Reinaldo diz que quem conhece futebol não pode ter dúvida sobre a capacidade goleadora de Fred nem sobre suas qualidades técnicas. E deve levar em conta que o Brasil quase não faz jogadas de linha de fundo ou tabelas que possam colocar o centroavante em condição de definir o lance.

"O Fred sabe finalizar de direita, de esquerda e de cabeça. Até deitado ele faz gol (risos). Também faz bem a parede e pode tabelar. Só acho que ele se oferece pouco para receber uma bola longa, mas não é por isso que não vem fazendo gols. Se for mais acionado não tenho dúvida de que vai guardar na rede e ajudar a seleção."

FANTASIA - Com sinceridade, ele afirma ficar surpreso com as críticas à falta de jogo coletivo do Brasil. Em sua opinião, o forte do nosso futebol nunca foi esse e sim o talento individual dos jogadores.

"A seleção sempre apoiou o seu jogo na individualidade, na capacidade que os jogadores têm de driblar dois e fazer o gol. Jogo coletivo sempre foi mais necessário para quem não tinha o nosso talento e nossa facilidade para improvisar."

Para ele, a conversa de valorizar mais o jogo coletivo do que a fantasia surgiu depois "que o futebol brasileiro começou a querer imitar o europeu". E acha que isso já foi longe demais, porque hoje os zagueiros são mais admirados do que os atacantes.

"É uma inversão total de valores. Como é que pode o maior salário do time ser o do beque? O brasileiro é único, dá caneta, dá elástico, pedala... Vejam o Messi: é craque, mas não tem fantasia, não inventa um drible. O Cristiano Ronaldo até tenta pedalar, mas é uma pedalada feia que dói, dura toda a vida, típica de quem não tem ginga nem cintura. Pedalada bonita é coisa de brasileiro."

E, por confiar no talento e no improviso do brasileiro, Reinaldo acredita na vitória sobre a Alemanha no jogo desta terça-feira em seu palco preferido.

"O nosso jogador é imprevisível, pode acordar de uma hora para a outra. E quando acorda faz da vida do adversário um inferno." A torcida espera que o Rei do Mineirão esteja certo. E que Fred desperte para infernizar os alemães e balançar a rede.

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