O BMW 330e M Sport: modelo híbrido plug-in mais vendido da montadora (BMW/Divulgação)
Ivan Padilla
Publicado em 30 de julho de 2020 às 08h51.
Última atualização em 30 de julho de 2020 às 21h04.
Respondendo ao título acima: sim, eu estava com muita saudade de acelerar um carro de primeira linha por uma boa estrada. O último veículo que eu havia testado foi o Taycan, o primeiro elétrico da Porsche, pelas autobahn de Berlim a Stuttgart, em novembro do ano passado. Com a pandemia do novo coronavírus, as marcas automotivas praticamente suspenderam seus lançamentos – e, com isso, os chamados test drives para jornalistas.
Agora, neste momento em que lentamente a vida volta ao normal, apesar dos números ainda alarmantes de contágios e mortes, as montadoras retomam a agenda. Nesta semana, pude novamente cair na estrada ao volante de um carro, no caso o 330e M Sport, híbrido da BMW importado que chegou em maio às concessionárias brasileiras.
Antes de começar a contar minhas impressões deste sedã esportivo eletrificado, cabe aqui uma digressão. Um dos trabalhos de um jornalista que cobre estilo de vida acaba sendo testar lançamentos automotivos e depois contar suas impressões. Ajuda o fato de as viagens organizadas pelos escritórios globais das montadoras acontecerem em paisagens deslumbrantes: Algarve, Catalunha, Montenegro, Trieste, Toscana, e por aí vai. Os relatos acabam misturando avaliação do carro e turismo.
A pandemia mudou essa dinâmica, assim como tantas outras coisas. Em um primeiro momento, com a imposição da quarentena, a maior parte dos lançamentos foi suspensa, e as vendas, obviamente, caíram. O cenário, que parecia trágico para o setor, porém, está dando sinais de dinamismo. O carro não morreu, como mostramos em reportagem da edição impressa. As viagens de turismo devem depender mais das estradas, shows e filmes estão sendo vistos em sistemas de drive thru.
Pouco antes da pandemia, que chacoalhou tantas certezas, já estávamos um pouco inquietos com a natureza da cobertura automotiva. Seria nosso papel de jornalistas de estilo de vida incentivar o consumo em um setor ainda dependente do combustível fóssil, tão danoso ao ambiente? Se ao mesmo tempo questionamos o papel de governos e empresas em relação ao ambiente, cabe a nós fazer uma apologia do ato de dirigir?
Esses são temas constantes de conversas que costumo ter com Chico Barbosa, nosso principal editor contribuinte do setor automotivo, um apreciador dos belos carros e um bom entendedor dos dilemas da nossa área.
As contrapartidas são evidentes. Do lado das empresas, existe todo um investimento em alternativas renováveis. Ainda mais lento do que o recomendado, é verdade, mas é bom lembrar que estamos falando de uma indústria centenária, em que as inovações demoram a repercutir no bolso do consumidor final. Muitos mercados já colocaram um prazo, dentro de cinco a dez anos, para ter parte ou toda sua nova frota eletrificada.
O setor automotivo é, também, central para a economia de muitos países, como o Brasil. Somando-se carros de passeio, ônibus, caminhões e veículos comerciais leves, foram vendidos 2,7 milhões de zero quilômetros em 2019. Para este ano previa-se um crescimento de 9,4%. Com a quarentena, que obrigou as concessionárias a fechar as portas por mais de dois meses, freando a produção das montadoras, a expectativa para 2020 passou a ser de 1,6 milhão de vendas. Ainda assim, estima-se que o setor responda por 4,5% do PIB e mais de 300 mil empregos diretos.
E há, claro, o lado casual, do consumidor final. Dominar um carro no asfalto ou na terra, afinal, é uma fonte de prazer enorme e inegável. Está aí o apelo dos esportivos, dos sedãs, dos SUVs, em diferentes situações, para diferentes públicos.
Ia pensando em tudo isso enquanto dirigia o novo BMW 330e M Sport pelas estradas do interior de São Paulo. Esta semana saí da capital em direção ao Hotel Fazenda Dona Carolina, em Itatiba, a 80 quilômetros. De lá, vim para o litoral norte do estado, em um percurso de mais 230 quilômetros. Dentro do novo cenário das empresas, essas são algumas vantagens do home office.
O 330e M Sport tem uma peculiaridade, além de suas qualidades técnicas, como veremos adiante. Trata-se do primeiro veículo que a BMW do Brasil começou a vender pelo Instagram, como ação para mitigar os efeitos da quarentena. A estratégia é comum entre marcas de fast fashion, por exemplo. Mas aqui não estamos falando de camisetas de 80 reais, e sim de um carro premium que custa 297.950 reais. Foi a primeira vez que a BMW lança um produto por meio de redes sociais no Brasil.
Produzido na fábrica do BMW Group em Munique, na Alemanha, o modelo híbrido plug-in do automóvel mais vendido da história da fabricante alemã chega para ampliar a gama disponível no País, que já conta com as versões 320i Sport, 320i Sport GP, 320i M Sport e 330i M Sport.
A primeira sensação é a de estar praticamente dentro de um gagdet. A BMW tem procurado se posicionar como uma marca de tecnologia, mais do que mobilidade. A começar pelo sistema plug-in híbrido, que desenvolve potência combinada de 292 cavalos. Para iniciados nos números e siglas de torque, vale dizer que aqui o alcance é de 420 Nm.
Esses números desconhecidos para leigos como eu garantem uma performance invejável: aceleração de 0 a 100 km/h em 5,9 segundos e velocidade máxima de 230 km/h. Como? Graças a uma combinação entre o combustível e a eletricidade, o presente e o futuro, o normal e o novo normal. O propulsor BMW TwinPower Turbo 2.0 litros de quatro cilindros, a combustão, proporciona 184 cavalos de potência e 300 Nm de torque. Já o motor elétrico e uma bateria de íon-lítio de alta voltagem de 12 kWh entregam uma potência equivalente a 113 cavalos e 256 Nm de torque.
A autonomia do motor elétrico é baixa, de 66 quilômetros. Por isso o conceito de um híbrido é que esse motor auxilie na economia da gasolina. É um meio do caminho, uma solução realista dentro do nosso contexto, em que o preço final de um carro elétrico é bastante alto e não há postos de recarga em toda esquina.
Há diferentes modos de condução em que o veículo pode usar apenas eletricidade até uma determinada velocidade. No modo hybrid, a velocidade máxima é de 110 km/h apenas com eletricidade. Já no modo electric, a velocidade máxima sobe para 140 km/h livre de emissões.
Já o modo battery control, que pode ser ativado em conjunto com outros modos de condução como híbrido e sport, mantém ou mesmo recarrega a bateria para um nível definido pelo cliente. Essa função é especialmente útil para aqueles que desejam andar no modo 100% elétrico.
Um ponto forte do 330e M Sport é o sistema de condução semiautônoma. O modelo é capaz de seguir distância e velocidade do automóvel na sua frente, de reconhecer e permanecer nas faixas de rodagem e até refaz percursos em marcha ré de forma automática. Percebi isso logos nos primeiros quilômetros, ao tentar mudar de faixa antes de acionar o pisca. Fui puxado imediatamente para minha pista.
O carro é silencioso como um puro-sangue elétrico, mas o novo Série 3 oferece o que se chama de proteção acústica para pedestres. Um sistema de alto-falantes externos emite um sinal sonoro para alertar os transeuntes da presença do veículo, sem cm isso afetar o conforto acústico da cabine.
O novo motor elétrico do BMW 330e Sedan vem com transmissão Steptronic de oito velocidades. O sistema de regeneração de energia por frenagem, onde o propulsor elétrico desempenha o papel de gerador, atua bastante bem.
Li no descritivo do carro que existe um sistema chamado XtraBoost, ativado por meio do modo Sport, que libera 40 cavalos adicionais aos 252 cavalos de potência combinada dos motores elétrico e a combustão. Essa potência máxima dura dez segundos e entrega uma aceleração incrivelmente vigorosa, esportiva e precisa. Deve ser uma delícia acionar o comando em uma autobahn. Na Fernão Dias, porém, resolvi não arriscar.
As atualizações de software podem ser feitas de qualquer lugar. Basta ter acesso à internet. Algo parecido com o iOS do seu iPhone. Essa atualização remota também pode ser feita por intermédio do BMW Connected APP ou diretamente no display do veículo.
Quer conhecer outros recursos?
O BMW Inteligent Personal Assistant permite o controle de diversas funções do veículo por meio de comandos de voz e inteligência artificial. A tecnologia também identifica hábitos do motorista e adapta suas funções como, por exemplo, ajustar a temperatura do veículo automaticamente.
O Driving Assistant Professional permite a direção inteligente em situações como congestionamentos, trânsito lento ou viagens longas. O sistema inclui funções como alerta de mudança de faixa, alerta de tráfego em cruzamento dianteiro e traseiro e assistente de mudança de faixa com sistema ativo de proteção lateral e alerta de evasão.
O Parking Assistant Plus agrega câmera de ré e sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, que medem os espaços para estacionar automaticamente.
O Surround View possui três funções de visualização de manobras em tempo real: o Top View, o Panorama View e o 3D View. As câmeras de visão geral permitem a visualização do entorno do veículo, facilitando as manobras de estacionamento e evitando colisões.
O BMW ConnectedDrive oferece serviços diversos, como chamada de emergência inteligente; BMW Teleservices; serviços Connected Drive (BMW Online, englobando portal de notícias, clima e aplicativos); serviços remotos (permite a utilização de algumas funcionalidades do veículo por meio de smartphones Android e iOS).
O BMW Comfort Access 2.0 permite o acendimento automático das luzes de boas-vindas quando o motorista se aproxima a três metros do veículo com a chave. A um metro e meio de distância, as portas se destrancam e, afastando-se dois metros, o veículo se tranca novamente.
Por meio do BMW Connected App, o BMW ‘Remote 3D View’ permite que você tenha uma visão 360° do veículo na tela do smartphone em qualquer ângulo, em qualquer lugar.
O BMW Head-Up Display funciona bastante bem, projetando na frente do motorista informações como velocidade do carro e rotas do sistema de navegação.
Tudo isso vem empacotado em um moderno design de sedã esportivo, com a ampla grade característica da BMW e a dupla saída de escape na traseira, com lanternas finas, tridimensionais e luzes de LED.
De mais a mais, o 330e M Sport é um excelente motivo, ainda que aspiracional para a grande maioria dos condutores, para repensarmos nossa relação com o automóvel, o ambiente, a mobilidade, a tecnologia. Sobre prazer e responsabilidade. E para nós, jornalistas do setor, refletirmos sobre nosso papel dentro dessa cadeia.