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São Paulo recebe segunda edição do The Union

Evento de computação gráfica com artistas internacionais reúne 4 mil pessoas em dois dias em São Paulo

Entre os participantes do evento estavam Neville Page e Neil Huxley, que trabalharam no filme Avatar (Divulgação)

Entre os participantes do evento estavam Neville Page e Neil Huxley, que trabalharam no filme Avatar (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 13 de março de 2012 às 12h14.

São Paulo - Avatar mudou a vida de muita gente. James Cameron, o diretor, quebrou o próprio recorde com o filme de maior bilheteria da história afundando Jack, Rose e o Titanic, com o qual ele havia conseguido 1,843 bilhão de dólares, para a segunda posição. Milhões de geeks e fãs de ficção científica espalhados pelo planeta ganharam personagens novos para sair vestidos em convenções e gastar boa parte do salário com quinquilharias.

O concept designer Neville Page, principal responsável pelas criaturas azuis que vimos no filme, era professor no Art Center College of Design quando surgiu a chance de embarcar no projeto multimilionário. A pergunta sobre como foi trabalhar no filme já foi ouvida por ele diversas vezes antes, mas o brilho no olho durante a resposta chama a atenção. “Aquilo tudo foi fantástico”.

Coturno sobre a calça apertada, os braços cobertos por tatuagens e cara de mau. Assim é o inglês Neil Huxley, diretor de arte que ostenta porte de fazer inveja para hooligan, mas é outro que viu sua vida mudar de uma vez por todas após o filme ecologicamente correto chegar às telas. “Trabalhei um ano e meio naquilo. Consegui colaborar com um dos meus ídolos”. O ídolo em questão é, claro, Cameron.

Entre um café e outro, Page conta que o amigo diretor, habituado a se mostrar preocupado com o destino das florestas sempre que tem espaço em sua agenda, agora decidiu ir até o fundo do oceano. Teria aí alguma pista sobre as sequências já previstas do maior vendedor de ingressos da história do cinema? “Não sei te dizer isso. Cameron é apaixonado por isso tudo. Ele está estudando, compreendendo melhor como as coisas funcionam”.

Ambos estiveram em São Paulo para a segunda edição do The Union, maior evento de computação gráfica da América Latina que ocorreu durante o último final de semana. Nove artistas renomados vieram até aqui para relatar aos fãs e interessados em geral sobre suas experiências profissionais e ensinar como dar vida às espécies mais estranhas que Hollywood é capaz de levar às telas.


O preço desse privilégio variava entre R$ 150 e R$ 600, mas segundo a organização as 4 mil entradas foram vendidas. “Os brasileiros amam os filmes como nenhum outro povo”, diz Page. Difícil discordar quando se fica sabendo que a presença do artista americano em um workshop na sexta-feira, 9, chegou a impactar um jovem ao ponto de leva-lo às lágrimas.

Sentado num dos sofás da sala de imprensa, Huxley deixa passar a impressão de estar no momento de querer se desvencilhar do ponto alto da carreira. Ele enumera novos planos muito bem definidos e diz que quer ser diretor. O objetivo parece estar dando certo: ele assina a abertura do UFC (Ultimate Fighting Championship) da Fox e atualmente também está tocando o documentário independente Portrait of an Assassin, que conta a história do boxeador londrino Jimmy Flint. Mas e as sequências de Avatar? Vai estar no time? “Eles ainda estão escrevendo o segundo, nada foi filmado. Até que eu entre na coisa ou seja ao menos convidado ainda vai algum tempo. E não tenho a menor ideia de onde estarei daqui a dois anos”.

Já o designer Page parece apreciar o reconhecimento obtido com os seres de Pandora e uma carreira bem consolidada no ramo. Sorri ao ser reconhecido nos corredores e não demonstra se incomodar ao ser visto como um deus pelos estudantes de artes visuais. No momento, ele trabalha no novo episódio da franquia Star Trek, prevista para 2013.

Dizer que vai dirigir os próprios projetos é mais complicado para o americano, mesmo que não descarte nada nesse sentido. “Não dá para dizer que você vai para Las Vegas e vai voltar cheio de dinheiro. Você pode voltar vestindo apenas sua cueca também”. É preciso estar preparado, ensina ele.

Os momentos distintos na carreira não impedem que concordem sobre alguns assuntos pontuais. Um desses é o território que os brasileiros podem conquistar nas artes visuais daqui em diante. Um afago e tanto para quem investiu seu dinheiro para acompanhar as palestras no Anhembi. Para o “professor” Page, o treinamento e a chegada de profissionais de fora do País é necessário para auxiliar o aprendizado por aqui. “Vocês têm as sementes, mas precisam da forma correta para cuidar delas e de boa água para que dê certo. E isso é irônico…vocês têm a Amazônia”. Não surpreende que as palavras escolhidas sejam essas. É o modo Avatar de espalhar Hollywood.

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